O talento na costura pode ser considerado a marca da família Giembra. Quando Janete Eccher Giembra, de 42 anos, se casou com Antônio Giembra, 49, levou na mala a profissão de costureira que aprendeu com a mãe quando criança.

Em casa, a mãe de Janete fazia pequenos reparos nas roupas dos filhos. Ao ver o belo trabalho que ela fazia, Janete ingressou na profissão e com 12 anos já tinha carteira assinada na área.

Aos 13 anos e com experiência adquirida, a menina abriu uma facção em casa e recebeu ajuda da mãe. Quando casou, o marido começou a ajudar a esposa em casa, também como costureiro.

No início eu conciliava o trabalho, pois era costureira dos meus pais. Mas os pedidos aumentaram muito e tive que sair e trabalhar como autônoma.

Mablli Aline

Anos depois, nasceu a primeira filha do casal, Mablli Aline, hoje com 23 anos. Desde pequena, era no meio dos tecidos da facção dos pais que a menina brincava. Com 4 anos, ela começou a montar roupinhas para as bonecas. “Ela sempre teve uma cabeça muito boa. Ela não perguntava e ninguém ensinava. Quando via, a Barbie já estava com roupas estilosas”, lembra Janete.

Na época, a menina talhava o tecido e amarrava, sem ter a costura. Entretanto, aos 9 anos ela sentou na cadeira e pisou no pedal da máquina para costurar as primeiras peças para as bonecas. Logo em seguida, a menina já estava expert no assunto e se tornou funcionária dos pais.

Em pouco tempo, Mablli despertou para a criação de roupas próprias e então inventava peças para ela mesma. “Percebia que era difícil encontrar roupas bonitas nas lojas, pois as que eram do jeito que eu queria eram mais caras”, conta a jovem.

Com os looks próprios, Mablli fazia sucesso nas festas e várias pessoas a questionavam onde havia comprado as roupas. “No começo eu tinha vergonha de dizer que eu tinha feito, que eu era costureira. Depois as minhas amigas começaram a dizer que eu tinha feito”.

Foi com 15 anos que ela vendeu a primeira peça de roupa. Desde então, não parou mais de costurar para as clientes. “No início eu conciliava o trabalho, pois era costureira dos meus pais. Mas os pedidos aumentaram muito e tive que sair e trabalhar como autônoma”.

Há um ano, Mablli se formou em Design de Moda, curso que buscou para se aperfeiçoar. “Queria fazer Arquitetura e Urbanismo, mas pensei que iria pagar uma faculdade trabalhando com moda”, diz.

Atualmente, ela confecciona apenas vestidos de festa e possui seu atelier próprio, o Clothes Mag. Agora, a mãe se tornou funcionária dela, devido à demanda de pedidos e, há seis meses, a irmã Maria Eduarda, 17, se inspirou na família e começou a trabalhar com Mablli. “Agora meu desejo é também fazer faculdade de Design de Moda por motivação de minha família”, conta a caçula.

O irmão delas, Antônio Giembra Junior, 21, também chegou a trabalhar como costureiro na família, mas preferiu seguir outro rumo e hoje cursa Engenharia Civil. “Anda assim, ele ainda trabalha no ramo têxtil, com venda de tecidos”, conta Mablli.


Espelho da mãe

Aos 12 anos, Juciani Correa do Nascimento Schaadt, decidiu parar de estudar. Com isso, a mãe Maria Correa do Nascimento, 71, determinou que a filha teria que trabalhar. O primeiro emprego foi como doméstica. Aos sábados, a mãe a colocava na bicicleta e a levava para o trabalho ainda de madrugada. “Ia do Steffen a Santa Rita com ela no bagageiro. Passava por cima de uma ponte de arame que dava medo”, lembra Maria Correa.

A mãe era costureira e foi assim até os 50 anos. Na confecção em que a Maria trabalhava, Juciani ajudava para passar o tempo. Aos poucos, foi vendo a mãe desenvolver o trabalho na máquina de costura e se espelhou nela. “Pegava retalhos para costurar, depois começaram a me dar uma ou outra peça para costurar, até que fui me aperfeiçoando”, conta.

Juciani Correa do Nascimento Schaadt seguiu profissão da mãe ao acompanhá-la quando pequena / Foto: Miriany Farias

Hoje com 46 anos, a profissão para Juciani é diversão, afinal, faz o que gosta. O legado da mãe foi passado também para a irmã e, tempos mais tarde, para uma das filhas de Juciani, que atuou por um ano e meio na costura. “Com 12 anos, minha filha já queria ter o próprio dinheiro, então disse para ir na facção em que eu trabalhava. Lá ela começou a trabalhar no manual e depois foi para a costura também”, conta.

Agora, na família, permanecem como costureira Juciani e a irmã Jussara da Cunha, 48. Além de costurar, Juciani mantém outro trabalho em casa como manicure. “Mas, se fosse para eu escolher entre as duas, escolheria a costura, até porque depois de 13 anos como manicure, já penso em deixar essa profissão”.

Já na costura, Juciani afirma que não tem pretensão de deixar tão cedo a profissão. “Estou há oito anos trabalhando na RC Conti e só sairei de lá se me aposentar ou me mandarem embora”, diz.

Fico muito feliz de saber que minhas filhas e neta também seguiram esse caminho. Para mim é muito orgulho ver elas costurarem e poder usar as roupas que elas fizeram.

Maria Correa

Mesmo com toda a experiência que tem na profissão, Juciani acredita que tem muito a aprender. “Não dá para dizer que sou a melhor, mas estou sempre em busca do aperfeiçoamento, por isso, sinto grande orgulho da minha profissão”.

A melhor sensação para Juciani é passar em frente às lojas e ver os pijamas que ela produziu à venda. “Dá um orgulho e uma satisfação enorme em ver as pessoas comprando. Dá vontade de dizer que fui eu que fiz. É muito gostoso costurar”, afirma.

Para Maria Correa, ver as filhas seguir a profissão dela é motivo de orgulho. “Fico muito feliz de saber que minhas filhas e neta também seguiram esse caminho. Para mim é muito orgulho ver elas costurarem e poder usar as roupas que elas fizeram”.