João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Denúncia contra Michel Temer Lulia

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Denúncia contra Michel Temer Lulia

João José Leal

A semana começou com mais uma bomba política de grande impacto junto à classe política e à opinião pública. Enfim, o Procurador Geral apresentou a aguardada denúncia contra o presidente da República que, agora se sabe, tem o extenso nome de Michel Miguel Elias Temer. E, coincidência ou não, ainda tem, ao final, o sobrenome de Lulia. Rodrigo Janot foi duro na extensa peça que acusa o presidente de crime de corrupção. Começa dizendo que Michel Temer valeu-se de sua “condição de Chefe do Poder Executivo e de liderança nacional para receber a indevida vantagem de 500 mil reais”.

Quanto à origem da grave acusação, todos viram aquela despudorada cena do ex-deputado Rodrigo Loures, preso em flagrante com a enorme quantidade de dinheiro numa mala, coisa de filme da máfia, lamentavelmente, comum nos bastidores do cenário da classe política brasileira. O fato parece incontestável e fala por si só. Para a acusação, o dinheiro seria entregue a Michel Temer, por conta do acerto feito com o acusado e colaborador da Lava Jato, Joesley Batista.

A acusação também afirma que o presidente Michel Temer aceitou a promessa de receber a quantia de mais 38 milhões reais, importância que seria entregue como propina, em troca de vantagens do governo federal para favorecer empresas de Joesley. Há sérias evidências do envolvimento do presidente na ação delituosa. Afinal, Rodrigo Loures foi assessor de confiança de Michel Temer e a conversa gravada pelo mafioso empresário do grupo JBS indica, no mínimo, uma conduta incompatível com a presidência da República.

Reagindo como outros acusados de atos de improbidade, Temer se mostrou indignado com a acusação. Diz que vai resistir. Sabe que a acusação precisa ser aceita pela maioria qualificada de 342 votos. Confia na lealdade de seus aliados, boa parte integrada por deputados com contas a pagar na justiça criminal, para salvar-lhe o mandato, a exemplo do voto do ministro Gilmar Mendes, sutilmente, chamado por um colega de “coveiro das provas vivas”.

Assim, Temer confia em mais um velório brasiliense, com o sepultamento de uma investigação sobre sua grave conduta de corrupção. Seu afastamento, certamente, não resolverá a grave crise política. Mas, também é certo que sua permanência no poder parece uma alternativa ainda pior. Será um mandatário sem legitimidade e sem autoridade para governar.

Ontem à tarde, Michel Temer falou de vingança de Rodrigo Janot. Disse que a denúncia é um ataque “injurioso, indigno e infame contra a sua pessoa”. Seria muito bom para a nação brasileira que fosse verdade!

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