Detentos da UPA de Brusque produzem cerca de 700 churrasqueiras por dia

Empresa Irmãos Fischer reativou unidade produtiva neste ano

Detentos da UPA de Brusque produzem cerca de 700 churrasqueiras por dia

Empresa Irmãos Fischer reativou unidade produtiva neste ano

Desde janeiro, 14 detentos da Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque trabalham na produção de churrasqueiras elétricas, na fábrica montada no local pela empresa Irmãos Fischer. Diariamente, os internos produzem 700 churrasqueiras que saem prontas para serem comercializadas. A meta de produção é de uma por minuto.

O trabalho na unidade voltou a funcionar apenas este ano, após ficar cerca de oito meses parado. O diretor Elison Ivan Soares explica que para a montagem da nova empresa, foi feito toda uma modificação na estrutura. Antes, os detentos trabalhavam em três containers que ficavam em frente à unidade. Hoje, os containers foram adaptados e se tornaram um espaço de 75 metros quadrados, anexos à lateral da UPA.

“Agora temos maior segurança no deslocamento desses internos, pois antes precisavam ser algemados para irem até o container. Hoje saem da cela e por dentro da unidade chegam ao local de trabalho”, explica o diretor. Com o trabalho, os detentos recebem um salário mínimo de R$ 880, em que 25% é destinado ao fundo rotativo do estado e os 75% fica para o interno. De três dias trabalhados, o detento ainda ganha um de remissão.

Para o diretor Soares, com a capacitação dos detentos ao trabalho, é uma nova chance de ressocialização. Pois assim, quando saírem da unidade poderão ingressar no mercado de trabalho. “É muito importante que as empresas se sensibilizem e deem essa oportunidade a essas pessoas. Pois, na maioria dos casos, eu acredito sim no desejo de mudança de vida”, afirma.

Os 14 trabalhadores são divididos em dois turnos de 6 horas diárias, de segunda a sexta-feira. A rotina deles dentro da unidade não foi prejudicada pelo emprego. Aos que trabalham no período matutino, o direito de pátio e de visita ocorre no período vespertino e vice-versa. Os detentos que recebem a oportunidade de emprego dentro da UPA são os condenados em regime fechado e semiaberto.

Após o início da implantação da empresa e do trabalho dos internos, Soares afirma que é natural a mudança do comportamento dos internos, até mesmo por não quererem perder a oportunidade.

O detento Venerino de Col, 28 anos, preso por assalto, está há três anos na UPA. Ele deverá cumprir ainda mais um ano de detenção e, recebeu a oportunidade de trabalhar para regredir pena. “Só tenho a agradecer a oportunidade. O valor que recebo é muito bom, porque quando eu sair, terei dinheiro para recomeçar e estarei ressocializado, com espírito para trabalhar”, diz. Ele garante que ao sair da unidade, a primeira atitude será procurar o mercado de trabalho para poder mostrar para a família e esposa que realmente mudou.

Para Silva Stolze, 41, preso por tráfico de drogas, o benefício de trabalhar dentro da unidade é ter uma garantia para ajudar a família e também, para voltar para casa, pois não é de Santa Catarina. “Devo ficar mais um ano e meio aqui, e essa foi a melhor oportunidade que já nos apareceu, porque essa é a certeza e a prova de que sairei daqui outra pessoa”, diz.

Rodrigues, 35, condenado por assalto e tráfico, está no regime semiaberto, e está na unidade há seis anos. Para ele, entre os benefícios de trabalhar está o de não ficar com a cabeça vazia e pensar besteiras. “Quero sair daqui e trabalhar. Não quero mais essa vida do crime para mim. Vou sair daqui com uma profissão e procurar a empresa para que possam me dar a oportunidade de continuar trabalhando”, promete. O detento ressalta que após a mudança na direção da unidade, houve grande melhora para os internos e na estrutura do local.

Convênio para novas empresas

O diretor Elison Ivan Soares revela que há projeção de um convênio em andamento com a empresa Porto Franco Têxtil, que oferecerá mais 15 vagas de emprego. A empresa qualificará os internos e tornarão aptos a desenvolver o trabalho.

Ele ressalta que a unidade prisional está de portas abertas para novas empresas, para que possam conhecer o convênio da Secretaria de Justiça e Cidadania para ofertar emprego aos internos. Para a empresa poder ser implantada na unidade, é necessário apenas fazer o investimento inicial, com a montagem da estrutura. “Depois, tem a obrigação apenas de fazer o pagamento dos salários sem impostos”, explica.

Nova estrutura foi montada pela empresa Irmãos Fischer e trouxe maior segurança para internos e agentes penitenciários / Foto: Felipe Cavichioli/Especial
Nova estrutura foi montada pela empresa Irmãos Fischer e trouxe maior segurança para internos e agentes penitenciários / Foto: Felipe Cavichioli/Especial
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