Dia dos Pais: Matheus Rheine é inspiração para seu pai, José Rheine

Conheça a história de superação da família do medalhista no Mundial Paralímpico de Natação

Dia dos Pais: Matheus Rheine é inspiração para seu pai, José Rheine

Conheça a história de superação da família do medalhista no Mundial Paralímpico de Natação

José Luís Rheine viu o início difícil e hoje celebra a ascensão meteórica da carreira de seu filho Matheus, ídolo brusquense e medalhista no último Mundial Paralímpico de Natação, disputado em Glasgow, na Escócia. Matheus, aos 22 anos e cego desde o nascimento, hoje serve de inspiração para o pai, que é o seu principal incentivador.

“O Matheus não surgiu do nada, não é nenhum fenômeno, é sim um cara determinado, focado, que sabe o que quer”, diz o pai, orgulhoso, “ele passou por momento em que fica na dúvida, fez faculdade e largou para ficar só no esporte”.

Neste Dia dos Pais, José Luís não estará na presença do filho, mas é por um bom motivo: Matheus está em Toronto, no Canadá, onde disputa dos Jogos Parapan-Americanos. Hoje, competições não faltam, mas nem sempre foi assim.

“Em 2007 ele foi convidado para o Parajasc e ganhou tudo, aí foi para o nacional e ganhou tudo, e só treinava três vezes por semana. Quando voltou, começamos a treinar todo dia, e eu disparei e-mails perguntando para todo mundo onde havia competição, porque eu não aceitava que o Matheus treinasse o ano inteiro para competir só uma vez”, relata José Luís.

O pai conta que inscreveu o filho até em competições para quem não era cego, mesmo com a disparidade de nível, só para que ele não parasse de competir. “Porque era importante competir, não só treinar, eu sou desportista e sei a diferença”, diz José Luís, que já foi jogador de futebol.

Além de pai, um misto de técnico e motivador. Todos os passos de Matheus Rheine foram guiados por José Luís, incansável na busca de competições e patrocínio para manter boas condições de treinamento ao filho.

“Certa vez um amigo me orientou que ele precisava de nutricionista, e o investimento já era alto, achei absurdo, e não sabia da importância, mas hoje vejo como fundamental. Nunca consegui saldar todo o investimento com os patrocínios, mas ajudaram muito, e ele foi dando esse salto”, afirma.
Rotina de cobranças e metas

“Ensinar o cego é totalmente diferenciado, e não sou nenhum maluco de falar as coisas para o Matheus pelo que eu acho, até porque gosto de ter certeza”, diz o pai, ao afirmar que procurou se cercar de especialistas para lidar com a carreira do filho.

“Quem conhece o pai do Matheus sabe que é o cara mais exigente que pode existir. Eu sou muito pai, mas na hora do comprometimento, estou acima de tudo isso, entendo que já cobrei de uma forma errada, e hoje tenho muito mais cuidados, ele é um jovem que teve pouca fase de adolescência e passou por cima de tudo isso”, explica José Luís.

Ele diz que o que mais lhe impressiona no filho medalhista é o foco na rotina de treinamentos, e conta histórias diversas para justificar. Uma delas diz respeito a uma das paixões de Matheus, o rock.
“Ele era louco por rock, e na época em que o Chorão morreu, íamos no show do O Rappa. Ele estava voltando da primeira etapa de treinamento em São Paulo, chegava no sábado, perguntei se ele queria que comprasse o ingresso, ele disse não”, relata o pai, “disse que estava começando o ano e, se saísse, no sábado, na segunda-feira estaria cansado. O foco dele é inacreditável. Ele chegou onde chegou por causa dessas coisas”.

Para José Luís, as expectativas para o futuro são as melhores. “Existe um ciclo, e o dele está prestes a chegar. Se não for no Rio em 2016, em que ele tem total condição de disputar medalha, certamente será na próxima, e aí não só uma medalha”.

Instigado a resumir o que o filho representa em uma frase, José Luís se emociona, e tem dificuldades para falar, mas discursa “O Matheus é tudo, mas tudo seria pouco, ainda. Porque ele ensinou e ensina muita gente, eu choro de alegria, e sei que ele tem muito a ensinar”, afirma.

“Muitos pais olham para os filhos com pena, mas que olhem sim como um pouco daquilo que vi. Nunca ter pena, mostrar a realidade da vida, com pé no chão, sem passar por cima de ninguém, sem ter vergonha, sem ter medo. Buscando sempre, sem dúvida vai alcançar, pode não ser hoje, não ser amanhã, mas vai alcançar”, conclui.

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