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ilustração: Alexas_Fotos – pixabay

 

É comum ver opiniões divididas quanto à importância de abordagem desta data. Muitas mulheres se perguntam: “por que uma data em homenagem à mulher, se em direitos ela é igual ao homem?”; “não me sinto oprimida, não preciso desta data”; “não somos minoria na população, já conquistamos nosso espaço, então por que precisamos desta data?”

O tema é, no mínimo, delicado e extenso, não cabendo aqui todas as análises e reflexões que o mesmo requer. No entanto, algumas considerações poderão nos fazer refletir sobre assuntos importantes neste dia da Mulher.

Quanto mais primitiva uma sociedade, maior o uso de força física em prol do poder. Tal fato justifica grandemente a dominância masculina na História da humanidade. Na medida em que o intelecto passou a superar a brutalidade, as mulheres, aos poucos, foram conquistando espaço e a igualdade merecidos. Logo, em sociedades saudáveis e evoluídas, não deverá haver diferenças entre o prestígio intelectual e político entre homens e mulheres.

No entanto, ainda não vivemos em sociedades igualmente evoluídas. Exemplifico o Brasil, país das dicotomizacões: se por um lado as mulheres já são maioria nas universidades brasileiras, por outro lado o dia a dia de tantas é abalado e guiado por diferentes formas de opressão masculina. Nos próprios lares, na rua, no trabalho, nas universidades, nos relacionamentos pessoais – o abuso, a violência e o assédio ainda se fazem presentes, basta estar atenta para perceber (e às vezes nem precisa prestar tanta atenção!). Há diferenças na incidência e na forma de desigualde de gênero entre as diferentes classes sociais. Mas o fato existe e deve ser encarado com seriedade, pois sofrimentos, desrespeitos e medos com relação ao gênero feminino ainda estão presentes ou já se fizeram presentes em algum momento na vida de tantas mulheres.

Programas de governo foram criados para tentar combater e inibir a violência contra a mulher; programas de saúde buscam abordagem mais humanizada a mulheres vítimas de abuso sexual; a saúde da mulher vem sendo cada vez mais discutida, incluindo temas polêmicos e complexos, como o aborto.

E é pensando nestas lacunas de nossa sociedade, naquelas que sofrem diariamente, nas que sofrem ocasionalmente e nas que alguma vez já tenham sofrido qualquer abuso físico, mental ou psíquico, que saúdo o Dia da Mulher. Não como forma de exaltá-las em relação aos homens, mas como forma de utilizar esta data para refletirmos sobre o quanto evoluímos como sociedade em relação à igualdade de gêneros e o quanto ainda temos que caminhar. Que a data nos traga reflexões sobre nossas atitudes em relação à  luta contra  opressões arcaicas que ainda estão presentes na vida e no dia a dia de tantas e tantas mulheres, em diversas formas, a fim de evoluirmos em uma sociedade saudável e humana.

Maiara Dalcegio Favretto – médica oftalmologista