Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Dinheiro e vida

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Dinheiro e vida

Pe. Adilson José Colombi

Este binômio, vida e dinheiro, formam uma realidade, que na sociedade e na cultura contemporâneas, dá a impressão de se constituir, como sinônimo, de vida plena e felicidade. Todos os apelos ao consumismo tanto de bens como de prazeres tentam corroborar continuamente essa “certeza”. Também a busca de poder, sucesso e fama se associam nessa tarefa de sedimentar sempre mais essa via de conquista de mais satisfação de vida. E, nesse cenário, a grande maioria das pessoas já assimilou essa mensagem permanentemente anunciada e proposta pela sociedade e cultura atuais. Basta ter presente o dito popular: “o dinheiro compra tudo” ou “o dinheiro abre todas as portas” ou ainda “se tivesse dinheiro não estaria nessa … desta vida!”

Será, porém, bem assim?! Será mesmo que a proposta da Boa Nova de Cristo que afirma que ninguém pode servir a dois senhores: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24), não tem mais serventia hoje?

Esta fala de Jesus nos faz refletir sobre nossas escolhas, nossas opções de vida. E é sempre bom recordar que nossa vida é um contínuo escolher, optar. São essas escolhas, opções que direcionam, dão sentido, razões, fundamento, conteúdo para nosso viver.
A fala de Jesus propõe-nos uma reflexão a respeito das nossas prioridades de vida.

Recomenda-nos que estejamos atentos ao que verdadeiramente é importante e mais ainda necessário para a construção de uma vida plena. Atentos a tudo que possa prender-nos externa e internamente, sobretudo, à tirania dos bens materiais. E, partir dessa atitude buscar aprofundar uma confiança num Deus que é pai que cuida de seus filhos e filhas com solicitude de um amor gratuito e incondicional de uma mãe.

Em outras palavras, Jesus com sua proposta convida-nos a buscar o essencial (o que não deteriora) no conjunto de enorme quantidade de coisas secundárias, supérfluas que se apresentam aos nossos interesses, desejos e vontades. Claro que escolher o essencial não é negligenciar o que cabe a cada um na construção de sua própria vida.

A referência de Jesus à incompatibilidade entre Deus e o dinheiro nos faz refletir, neste âmbito de nossa vida diária. Hoje, o dinheiro foi guindado a centro de poder no mundo. Ele compra poder, bem-estar, consciências, sucesso, fama e glória, projeção social, reconhecimento, prazeres, até certo tipo de amor… Também, por ele se mata, se assalta, se vende a dignidade, a liberdade, passa-se por cima dos valores mais fundamentais, conturba-se os ambientes, vendem-se irmãos (ãs) como escravos… O “ter mais” torna-se o tirano e liquida pouco a pouco o “ser mais”. Instala-se gradativamente a cultura do vazio, da solidão, da ganância, da violência, da morte.

Como se nota, o dinheiro compra “quase” tudo. Mas, não compra o “essencial”, a felicidade, o amor de verdade, a vida plena, aqui e na eternidade. Não compra a saúde (o “ter” não garante a saúde. Os que têm abundância de bens materiais também ficam doentes e morrem); Não compra a paz, a serenidade e tranquilidade interiores; não compra o amor autêntico e fiel nem de Deus, nem dos irmãos (ãs); não compra a alegria de viver e a certeza de sentir-se amado por Deus que é Pai-Mãe que ama com solicitude inexprimível que não há termo de comparação porque é única.

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