Diretor financeiro do Brusque: “Entramos em 2020 com condições muito melhores”

Rogério Lana explica o que aconteceu no ano anterior e as perspectivas das contas do clube

Diretor financeiro do Brusque: “Entramos em 2020 com condições muito melhores”

Rogério Lana explica o que aconteceu no ano anterior e as perspectivas das contas do clube

O Brusque inicia 2020 com perspectivas bem melhores do que 2019, com balanço quase zerado no melhor ano da história do clube, aumento de 84,5% na receita proveniente de patrocínio e dívidas estabilizadas. O diretor financeiro do clube, Rogério Lana, explica as finanças do clube e a mudança de perspectiva: 2019 começou com preocupação e terminou com alívio e até recusa por patrocinador.

Balanço

“Quando chegamos na metade de 2019, nós sabíamos que iríamos chegar a um déficit de R$ 865 mil ao fechar o ano. As despesas seriam mantidas, com poucos cortes, porque já havia sido feita uma limpa. Mas teríamos que buscar este dinheiro”, relata.

Duas frentes foram fundamentais: a conquista da Copa Santa Catarina, que deu a participação à Copa do Brasil garantindo verba de cerca de R$ 400 mil na primeira fase; e o adiantamento da última parcela a que o Brusque tem direito pela venda de Jorginho da Napoli para o Chelsea, em 2018. Parte dos valores já foi adiantada, e o clube aguarda o restante.

Assim, Lana considera o balanço de 2019 próximo a zero. Referente ao último ano, foi contraída uma dívida projetada com valor aproximado de R$ 196 mil. De acordo com o dirigente, trata-se de valores referentes a fornecedores ainda não pagos, como hotel, serviços de alimentação e transporte.

“Não tínhamos assumido, temos que pagar. Não tínhamos obrigação de pagar naquele momento, podemos rolar para 2020. A preocupação com aquela projeção de quase R$ 800 mil de déficit ficou bem menor, e praticamente zeramos o ano. A gente entra em 2020 em uma condição muito, muito melhor do que na qual entramos em 2019.”

O Brusque ainda prevê que precise fazer investimentos em torno de R$ 20 mil para cumprir exigências de infraestrutura para o Augusto Bauer. Ainda não foram realizados investimentos em iluminação, mas a ideia é que esta parte fique a cargo do Carlos Renaux.

Patrocinadores

A Havan, patrocinadora master do clube, paga cerca de R$ 220 mil mensais ao clube. A empresa de Luciano Hang também dá R$ 25 mil mensais ao Carlos Renaux para a manutenção do Augusto Bauer, isentando o Brusque de quaisquer pagamentos para utilizar o estádio. Na prática, o quadricolor é beneficiado com aproximadamente R$ 2,94 milhões por ano. “Pagávamos em 2018 e 2019 aluguéis de R$ 3 mil por mês pelo vestiário e de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil por jogo no Augusto Bauer”, comenta Lana.

Em 2019, o valor recebido com patrocínio foi de cerca de R$ 2,016 milhões. Em 2020, esta receita deve chegar a R$ 3,72 milhões, com cerca de R$ 310 mil mensais. A diretoria buscava um orçamento mensal de R$ 428 mil, mas o objetivo não foi alcançado. Assim, o orçamento foi reduzido a R$ 360 mil mensais.

Lana revela que o clube chegou a recusar uma proposta de patrocínio com exposição de marca na camisa. A proposta era de cerca de R$ 20 mil mensais. A decisão foi tomada para valorizar os parceiros de longa data que já têm espaço e evitar uma poluição visual nos uniformes do Marreco. “Na história do Brusque, foi a primeira vez que eu vi o clube não querer um patrocínio na camisa.”

Dado o orçamento e a verba proveniente de patrocínio, o dirigente reconhece: “esta conta não bate, se você pensar. Mas temos também as verbas de transmissão do Campeonato Catarinense, que vêm da federação.”

Lana acredita que o município poderia ter papel mais ativo, e comenta sobre se há uma dificuldade excessiva na captação de patrocínios em uma cidade com o potencial de Brusque.

“Brusque é uma cidade ainda fria para isto. Nós temos aqueles 1 mil, 1,5 mil torcedores fanáticos que vão sempre ao estádio, o restante costuma ir de acordo com o andamento com o time. E os empresários são assim. Alguns gostam de futebol, outros não, preferem não se relacionar, e poderiam ajudar. Mas, pessoalmente, digo que não existe, para Brusque, marca mais forte que o Brusque.”

 Sócio-torcedor

Os primeiros planos de sócio-torcedor de 2019 têm sido pagos diretamente à empresa do gerente de Comunicação e Marketing do Brusque, Sandro Ortiz. Rogério Lana explica que a oportunidade foi trazida por Ortiz, e que até então o mais próximo de um programa de sócio-torcedor que o clube tinha era um convênio com o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), com 30 sócios.

“Queríamos fomentar um novo projeto de sócio-torcedor, e a empresa do Sandro resolveu colocar a ideia em prática. Na ocasião, não tínhamos condições de oficializar cobrança por boleto. Poderia haver um bloqueio em função das nossas dívidas trabalhistas. O Brusque fez a concessão à empresa para poder fazer os boletos e poder repassar todo mês. Parece estranho no primeiro momento, mas foi por isso.”

Nesta modalidade de boleto, Lana estima que hajam 80 sócios, que no processo de renovação do plano já não fazem o pagamento por boleto, mas sim por cartão. Parte do valor arrecadado também já era utilizado para pagar os serviços da empresa de Ortiz.

Desde junho, existe uma outra forma de pagamento, paga com cartão de crédito em 12 parcelas. Quem ainda paga com boleto será procurado pelo clube para migrar à modalidade de pagamento por cartão.

Entre receita de planos de sócio-torcedor e produtos, Lana revela que foram arrecadados cerca de R$ 150 mil em 2019.

Dívidas trabalhistas

Atualmente, o Brusque paga R$ 25 mil por mês ao Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul (TRT-RS) e a o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC), que é destinado às causas trabalhistas já transitadas em julgado, com as instâncias esgotadas. Os tribunais redistribuem a verba para determinadas causas. As dívidas trabalhistas, ao todo, giram em torno de R$ 2 milhões. Não são dívidas ativas e parte delas está prescrita.

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