A diretoria de um clube de futebol exerce papel direto e influencia em tudo, do extra-campo até o desempenho do time nos gramados. São os populares cartolas os responsáveis pelas contratações da comissão técnica e dos atletas, além de buscar os recursos para pagar salários e estruturar o clube.

No Brusque passaram presidentes e dirigentes históricos, e muitos deles são lembrados até hoje. Foram exatas 16 gestões diferentes que deixaram suas contribuições e legados no quadricolor. Grande parte destes dirigentes tinham ou ainda têm vida ativa na sociedade, como empresários conhecidos ou homens da vida pública, mas que em comum compartilham a paixão pelo futebol.

Caloca, dirigente campeão
Euzébio Pereira Neto, o Caloca, é um dos ex-diretores de futebol mais lembrados da história do clube. Bem articulado e dono de um agenda de contatos bastante cobiçada na década de 90, ele foi um dos responsáveis por formar o elenco do título de 1992 e, posteriormente, o time vencedor do período de 1997 a 1998.

Nascido em Brusque, mas morador de Itajaí há mais de três décadas, Caloca começou seu trabalho em 1991. “Cheguei na época do presidente Rubens Fachini, em um ano em que o clube ficou nas últimas posições no Catarinense. Foi uma situação ruim e decidimos dar um basta, solicitando apoio do prefeito da época, o Ciro Roza”.

No ano seguinte, a diretoria partiu para uma obstinação pelo título estadual. Mesmo sendo um clube novo e de uma cidade até então considerada de pequeno porte, a diretoria estava ambiciosa. “Todo o atleta que chegava a gente dizia: você vai vir para ser campeão. Não temos outro objetivo. Uns quatro jogadores chegaram a ir embora porque não acreditavam no projeto”, completa.

Caloca, inclusive, foi o motorista de Claudio Freitas, autor do gol do título do Brusque, na vinda do atleta para a cidade. “Nós conseguimos o empréstimo dele com o Passo Fundo, peguei meu carro e fui lá. Trouxe ele, a mulher e a filha no meu carro, do Rio Grande do Sul até aqui”.

Ricardo, o presidente do recomeço

Glorioso esquadrão de 1997 e 1998 foi formado sob a presidência de Ricardo Hoffmann. Foto: Arquivo Pessoal

Desacreditado, endividado e enfiado na segunda divisão estadual, o Brusque passou por maus bocados nos idos de 1996. Até que, partido de um grupo de jovens e animados conselheiros, o advogado e professor acadêmico Ricardo Hoffmann assumiu a presidência e, pouco a pouco, realizou um recomeço no clube.

A empreitada foi árdua, como explica o ex-presidente. “Era um grupo novo e empolgado, mas nós recebemos o clube com mais de R$ 1 milhão em dívidas. Começamos um trabalho de recuperação das finanças, pagando dívidas e montando um elenco dentro da nossa realidade”.

A seriedade com a qual o clube passou a ser administrado chamou a atenção dos empresários da cidade. Foi neste período que a Havan patrocinou o Brusque pela primeira vez, uma parceria que dura até os dias atuais. A repercussão dentro de campo também impressionou. “Conseguimos o acesso para a primeira divisão em 97 e, em 98, ficamos em terceiro lugar no estadual”.

A gestão de Hoffmann foi reconhecida também pelo respeito com os jogadores e o tratamento de igual para igual. “Foi uma atitude que a nossa diretoria passou a ter, nós éramos muito próximos dos jogadores, estávamos todos os dias acompanhando treinos e jogos. Também demos um basta naqueles ‘boleiros’, passamos a exigir atletas profissionais no nosso clube. Foram momentos difíceis, mas foi extremamente gratificante”, explica.

Danilo, o mais longevo presidente

Danilo Rezini se aproxima dos dez anos como presidente quadricolor. Foto: Arquivo O Município

Até a chegada de Danilo Rezini ao cargo máximo da diretoria executiva em 2008, o Brusque conviveu com presidentes sazonais. Foram pessoas com grande influência na história do clube, mas que dedicaram apenas um ou dois anos ao quadricolor. Prestes a completar nove temporadas à frente do posto – interrompidas apenas em 2012 -, Rezini também tem uma reconhecida contribuição com a memória do Brusque.

Apaixonado por futebol, o empresário participou direta e ativamente do nascimento do novo clube brusquense. “Eu era diretor de futebol do Paysandú antes de o Brusque surgir. Participei da fusão, minha assinatura inclusive está no livro de ata da fundação do Brusque, e desde aquela época sempre estive direta ou indiretamente com o time”.

Antes do período em que assumiu o clube, Rezini rodou em cargos no clube, desde a direção esportiva até a presidência do conselho deliberativo. Até que, em 2008, o então presidente Inácio Schwartz decidiu deixar seu cargo. Era mais um capítulo ruim na história quadricolor. “Não tinha mais ninguém para pegar. O clube ia mal estruturalmente, financeiramente e administrativamente. Estava praticamente com as portas fechadas, faltava só passar o cadeado”, explica.

Mas pelo incentivo de amigos, Rezini chegou ao posto. “Aceitei esse desafio. O time estava na segunda divisão. Montamos uma diretoria, fomos ao trabalho conversar com empresários. Aos poucos fomos buscando parcerias para formatar uma equipe e disputar títulos”.

Com Rezini, o Brusque conquistou dois títulos da Copa Santa Catarina, a inédita Recopa Sul-Brasileira e também duas taças do Catarinense Série B. “Não sou um profissional da área, tampouco os diretores que estão comigo, mas somos pessoas apaixonadas e dedicadas ao clube. Sou grato a muitos colegas que doaram seu tempo, o divertimento com a família e os amigos para estar à disposição do Brusque”.

Os presidentes do Brusque
1º Ciro Roza 1987 – 1989
2º Ivan Jose Walendowsky 1990
3º Rubens José Fachini 1991
4º Amílcar A. Wehmuth 1992
5º José Orlando Battistoti 1993
6º Nivaldo Carvalho 1993-1994
7º Darci Pruner 1995
8º Valter Teixeira 1996
9º Ricardo Viana Hoffmann 1997 – 2000
10º André Karnikowski 2001
11º Maurino Cazagrande 2001 – 2002
12º João Roberto Beuting 2002 – 2005
13º Inácio Schwartz 2005 – 2008
14º Danilo José Rezini 2008 – 2011
15º Mauricy Pereira de Souza 2012
16º Danilo José Rezini 2013 – Presente