Disputa pela presidência da Câmara de Vereadores de Brusque gera polêmica

Grupos trocam acusações e acordo selado em 2016 está ameaçado

Disputa pela presidência da Câmara de Vereadores de Brusque gera polêmica

Grupos trocam acusações e acordo selado em 2016 está ameaçado

A concorrência à presidência da Câmara de Brusque gera atritos entre governo e oposição. Já se fala abertamente na possibilidade de rompimento do acordo fechado em 2016 e no lançamento de um nome governista para o cargo. A eleição será no dia 18.

A disputa provocou confusão e debates acalorados na última sessão, de terça-feira, 11. Os debates públicos expuseram a disputa que ocorre nos corredores do parlamento municipal.

O acordo selado em 2016 entre os vereadores previa que, em 2019, Paulo Sestrem (PRP) seria o presidente. Sebastião Lima (PSDB) ocuparia o cargo no último ano de mandato, 2020.

No entanto, desde então, a composição da Câmara alterou significativamente o que é governo e oposição. Jean Pirola (PP), por exemplo, passou para o bloco da situação, assim como Cleiton Bittelbrunn (PRP).

As mudanças puseram o tratado de 2016 em risco. O que antes era apenas uma hipótese hoje é uma possibilidade real.

O grupo de oposição que apoia Sestrem é formado por Ana Helena Boos (PP), Claudemir Duarte, o Tuta (PT), Lima e Marcos Deichmann (Patriota).

O entendimento da oposição é que o acordo deve ser mantido. Sestrem diz que não existe motivo para o rompimento e mantém um tom ameno.

“Acreditamos que a palavra dada deve ser cumprida”, afirma Sestrem. O vereador diz que o grupo que ele integra não tem se comportado de forma intransigente como oposição e sempre apoia projetos em prol de Brusque.

Ele afirma que continua a acreditar que os vereadores honrarão o acordo de 2016, apesar dos ânimos exaltados.

Rompimento
Pirola volta a afirmar que a quebra do acordo ocorre porque alguns vereadores não cumpriram com sua parte. Ele diz que aceitou a presidência em 2017 porque acreditou que seria o único candidato a deputado estadual entre os presentes.

Depois, alguns parlamentares concorreram neste ano. Nenhum se elegeu, o que, para Pirola, deve-se, também, a este comportamento dos outros vereadores.

Ele defende que este fato lhe dá razão para não seguir o acordo de 2016. Em tom crítico, Pirola diz que muitos vereadores não praticam a nova política que tanto pregam.

Pirola declara que pode até apoiar Sestrem, mas tudo depende do governo e do PP. “O partido resolveu ajudar o governo. Não foi uma decisão única, foi em reunião, registrada em ata”.

O pepista afirma que seguirá a diretriz partidária, como tem feito desde o início da vida na Câmara. “Eu vou seguir o partido”.

Pirola declara que votará no candidato do governo, caso ele exista. Se não houver, a ata da reunião do partido dá liberdade de voto. Neste cenário, ele votaria em Sestrem.

O descontentamento de Pirola é contestado pelo grupo oposicionista. Eles dizem que tal conversa sobre candidaturas a deputado nunca ocorreu.

O tucano Sebastião Lima critica a postura do pepista. “É um absurdo dar sustentação à candidatura para deputado em cima de acordo no mandato de vereador”.

Lima afirma que abriu mão de ser presidente em 2017 em favor de Pirola por entender que o pepista era mais experiente nos trâmites do Legislativo. Sobre a disputa, ele acrescenta que “não há mais espaço para a velha política”.

Candidato do governo teria de articular por fora

O governo mantém, oficialmente, uma posição distante em relação à eleição para presidente da Câmara de Vereadores. O vice-prefeito Ari Vequi (MDB) diz que o Executivo não tomará partido.

O líder do governo na Câmara, Alessandro Simas (PSD), mantém o mesmo discurso. O bloco não apoiará um nome de antemão para ser oposição a Sestrem.

O governo joga parado, sem se meter diretamente. De longe, apenas avisa que, se alguém chegar com oito votos para ser eleito presidente, terá apoio.

Há duas semanas, o nome mais forte para bater de frente com Sestrem era Ivan Martins (PSD). Entretanto, ele informa que retirou sua candidatura.

Agora, quem desponta como o nome do governo é José Zancanaro (PSB). A candidatura chega a causar estranheza a quem acompanha mais atentamente o cotidiano da Câmara porque ele rompeu com a prefeitura no início do ano.

Zancanaro foi secretário de Educação do município em 2017 e depois acabou exonerado. Depois, passou a ser independente e por vezes criticou ferozmente o governo.

“Houve rompimento, mas o Zancanaro sempre se manteve conversando”, pondera o vice-prefeito. Zancanaro confirma a intenção, mas, experiente, diz que eleição só se decide no momento do voto.

“Somos pré-candidatos, mas quatro ou cinco ali têm interesse”, diz Zancanaro. Ele afirma que até a hora da votação muita água pode passar por debaixo da ponte.

Zancanaro diz que a governabilidade do município passa pelo Legislativo. “O governo jamais ia querer a oposição na mesa-diretora, por exemplo, entra projeto do Orçamento, como entrou ontem, já votamos. Em regime de urgência, são 30 dias. Pode fazer desandar a administração”.

“Acredito que o governo tenha interesse, se não tiverem, faz igual a Pôncio Pilatos: lavo as mãos”, declara o pessebista. Zancanaro confirma que é pré-candidato pela base governista, apesar do seu posicionamento independente.

Zancanaro é do mesmo partido do prefeito Jonas Paegle e do ex-prefeito Ciro Roza. O vereador tem laços estreitos com Ciro há anos.

Questionado sobre se a indicação de Zancanaro para a presidência teria influência de Ciro, Ari Vequi somente confirma que tanto ele quanto Ivan Martins têm ligação com o ex-prefeito.

No entanto, Vequi afirma que “há anos não fala com Ciro”. A reportagem tentou contato com Ciro Roza, mas não obteve sucesso.

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