É de Florianópolis uma das referências da Indústria 4.0 no Brasil. Criada nos anos 1990 por Claudio Grando e Ricardo Cunha, a Audaces, empresa de software e equipamentos, proporciona às indústrias de confecção a entrada nesta nova revolução.

Com cerca de 200 colaboradores, a Audaces está presente em 70 países, com a exportação de equipamentos com tecnologia 4.0, proporcionando às empresas do ramo de confecção mais agilidade e competitividade em um mercado cada vez mais disputado.

O co-fundador e Diretor de Produto da Audaces, Ricardo Cunha, destaca que a história da empresa com a Indústria 4.0 começou por volta de 2010, quando o conceito ainda nem levava esse nome.

“Em 2010, 2011 já estávamos preocupados em fazer algo integrando as diversas tecnologias para poder ter informações dos nossos equipamentos. Mais recentemente, há uns dois, três anos, vimos o conceito da Indústria 4.0, que é justamente o que já fazíamos: pegar as informações do equipamento, colocar na nuvem e com isso passar as informações com o objetivo de melhorar a performance do equipamento ou a produção do cliente”.

Claudio Grando e Ricardo Cunha, fundadores da Audaces | Foto: Audaces/Divulgação

Mais recentemente, a empresa conseguiu evoluir ainda mais no conceito da Indústria 4.0, com a criação de programas dedicados especialmente para a área de corte das confecções, levando a automação para o setor de produção das empresas.

O co-fundador explica que os sistemas de gestão das fábricas não eram integrados com a área de produção, o que ocasionava muitas falhas ao longo do processo.

“Vimos isso como uma oportunidade. Como estamos em todos os processos da produção, desde o molde, a produção de encaixes, enfestadeira, na máquina que corta os moldes em si, chegamos à conclusão de que era preciso integrar tudo isso, de forma que a circulação da informação fosse a mais correta e eficiente possível”.

Foi na empresa brusquense RC Conti que a Audaces conseguiu tornar esse modelo de integração dos processos da confecção realidade, e se transformar em uma das referências do país quando se fala no modelo de Indústria 4.0.

“A RC Conti é uma das empresas mais 4.0 na sala de corte que existe no país. Foi uma das pioneiras que a gente colocou essa tecnologia. Lá, todos os colaboradores sabem o que tem que ser feito e como deve ser feito, de uma forma bem eficiente, com a ajuda das tecnologias integradas”.

Evolução obrigatória

Com equipamentos presentes em mais de 70 países e uma sede recém-inaugurada em Trento, na Itália, o diretor de produto da Audaces avalia que o velho modelo de produção, de forma manual, já não cabe mais dentro do mercado. 

“A Indústria 4.0 está focando em redução de custos, otimização de tempo, de recursos, melhoria de performance. Essas coisas começam a aparecer no detalhe e aquele cliente que ainda está pensando na forma 3.0, com corte manual, por exemplo, vai ficar para trás”.

Empresa tem sede em Florianópolis e Trento, na Itália, e está presente em 70 países | Foto: Audaces/Divulgação

De acordo com ele, o Brasil ainda está bastante atrasado em relação aos demais países quando o assunto é a nova revolução industrial. “Os americanos e os europeus estão muito focados nisso. Na Itália, por exemplo, existe um incentivo às Indústrias 4.0 porque é um diferencial. É um caminho sem volta e vem muito do planejamento das empresas”, destaca.

Para ele, a Indústria 4.0 surge da necessidade de melhoria nos processos de fabricação. “Não surgiu porque alguém achou que seria bacana. Esse automatismo, essa dinâmica de conectividade, decisões com base em informações, em dados, são necessidades que a indústria apontava e a tecnologia veio para suprir”.

Do laboratório da UFSC para o mundo

A Audaces surgiu após Ricardo e Claudio Grando estagiarem no laboratório de engenharia mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde tiveram contato com diversas indústrias.

Após se formarem em Ciências da Computação, eles decidiram colocar em prática os conhecimentos adquiridos durante a graduação. Foi então que em 1990 eles fundaram a Audaces. Nos primeiros anos, a empresa atuou com software de cálculo para indústria moveleira, depois também incorporaram a produção de softwares para o setor de metalmecânico. Foi só no fim dos anos 1990 que a empresa teve contato com o setor de vestuário e decidiu. Após vencerem uma licitação que buscava soluções para a indústria do vestuário, decidiram focar apenas neste segmento. 

A escolha deu certo e hoje a empresa de tecnologia é destaque em todo o mundo, principalmente agora, com a chamada quarta revolução industrial.

“A Audaces é a única empresa na América Latina que tem o domínio destas tecnologias para equipamentos 4.0 e uma das poucas no mundo. Além do sucesso alcançado no Brasil, estamos colaborando positivamente com a balança comercial, exportando estes equipamentos para muitos países”, destaca o CEO da Audaces, Claudio Grando.


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