Diz-se
que o primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Sousa, chegou aqui em 1539,
chefiando uma expedição de mil homens. O detalhe é que, além da esposa do
governador, não veio nenhuma outra mulher na expedição. Como se pode colonizar
uma nação sem mulheres? O que de bom poderia fazer esse bando de homens soltos
numa terra estranha?

Diferente
foi a colonização da América do Norte, ou a colonização do Vale do Itajaí pelos
imigrantes no final do século XIX. Quem leu o maravilhoso “Verde Vale”, de Urda
Alice Klueger tem uma noção de como foi essa colonização e de como a presença
de mulheres fortes foi essencial para esse processo.

Bom,
fatos históricos à parte, o que quero dizer é que um homem precisa de uma
referência feminina positiva para poder desenvolver o melhor de si. Mesmo que
não venha a ter uma esposa, a influência da mãe ou de alguma mulher que lhe
sirva de referência é sempre fundamental. Homens isolados podem até ter
sucesso, mas o custo é alto. A energia masculina, sem o elemento feminino,
tende a se desintegrar.

Nas
proximidades do Dia das Mães, homenageio hoje uma dessas mulheres, que foi
importante na minha vida de um modo como talvez ela mesma sequer imaginou.
Quando deixei o seminário, em 1989, e voltei a Brusque em 1990 para concluir o
curso de filosofia, pensava inicialmente em morar com alguns amigos numa
república, mas não deu certo à época, porque não havia vaga na casa. Rodei
pelos hotéis baratos da cidade, mas também não estava dentro do que pensava e
com o que podia arcar. Por fim, já desolado, fui visitar um amigo que morava na
casa de uma família na Rua Riachuelo. Lá soube que ele se mudara recentemente
para Joinville e, para minha surpresa e alegria, sua vaga na casa estava à
minha disposição. Foi assim que a Dona Amélia, “seu” Jorge e sua família entraram
na minha vida. Minha mãe ficou muito feliz quando soube que eu morava com uma
família, e me lembro ainda hoje do sorriso dela quando finalmente conheceu a
Dona Amélia e pode lhe abraçar e agradecer por cuidar de seu filho. Dona Amélia
talvez pensasse que apenas me alugava um quarto, mas fazia muito mais que isso.
Ela foi minha referência materna num tempo difícil, financeira e
emocionalmente. Sempre me senti um membro da família, porque assim fui acolhido
desde o início. Eu teria sobrevivido na república, com meus amigos, o que
acabei fazendo mais tarde, mas teria perdido a experiência de conviver com uma
família simples e acolhedora, por quem guardo grande carinho. Não reluto em
afirmar que essa experiência contribuiu de modo muito positivo para meu
equilíbrio e para o sucesso que comecei a construir. Dona Amélia e “seu” Jorge
já se foram para a eternidade. Para mim ela será sempre uma segunda mãe, muito
especial, como o foi para alguns outros que também desfrutaram de sua
hospitalidade.

Na
pessoa dela, homenageio todas as mulheres, mães ou não, que ensinam a nós
homens a sermos melhores do que pensamos que somos. O mundo sem vocês seria
intragável!