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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Emprestando deputados

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Emprestando deputados

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Na terça feira publicamos a matéria “Apoio a candidatos locais”. Nela falamos do movimento de entidades da cidade em incentivar o voto local e regional. A ideia é lançar uma campanha que chame a atenção para este tema sensível.

A iniciativa é imprescindível para que Brusque tenha chances de eleger um deputado, pois neste momento, depois de 131 anos, não temos no Legislativo nenhum representante.

Este vácuo de poder contrasta com outras épocas em que Brusque era bem mais representativa. Em todas as legislaturas sempre tivemos ao menos um deputado. Em quatro eleições tivemos dois eleitos: 1947 (Braz Joaquim Alves e Raul Schaefer), 1954 (Braz Joaquim Alves e Mário Olinger), 1958 (Braz Joaquim Alves e Mario Olinger) e 2010 (Ciro Roza e Serafim Venzon). Chegamos a ter três deputados eleitos na eleição de 1962: Francisco Dall’igna, Nilo Bianchini e Mario Olinger.

Também já chegamos a ter um representante na Câmara Federal com a eleição de Serafim Venzon em três mandatos consecutivos. 

Hoje Brusque é uma das 10 maiores economias de Santa Catarina, tem mais de 140.000 habitantes. Segundo o TRE-SC, até maio deste ano contabilizávamos 94.951 eleitores. Podemos também contar com os votos das cidades vizinhas de Guabiruba com 16.034 eleitores e Botuverá com 4.318 eleitores. Juntos, estes três municípios totalizam mais de 115 mil votos, número suficiente para eleger no mínimo um deputado se utilizarmos o cálculo da legenda.  

E com todos estes números e esta força como é que não conseguimos eleger ninguém?

São três os fatores básicos que contribuíram para esta triste realidade. A primeira é a dispersão dos votos. Na última eleição, em 2018, a região teve dez candidatos à vaga, um recorde, que dividiu os votos e não elegeu ninguém.

Outro fato relevante foi o apoio de líderes políticos locais para candidatos de outras cidades, que tinham mais chances de vitória, o que diminuiu ainda mais os votos para candidatos locais. 

Com a dispersão, a exportação dos votos e o desinteresse ficamos desamparados, sem eleger ninguém

E por fim, a questão das abstenções, votos brancos e nulos tem traduzido o desinteresse de uma parte significativa dos eleitores no Brasil e também em Brusque.

Assim, com a dispersão, a exportação dos votos e o desinteresse ficamos desamparados, sem eleger ninguém. Este cenário impacta muito na sociedade tanto na questão financeira como social.

No âmbito financeiro, como calculou seu Danilo Moritz na matéria de terça-feira, um deputado federal governista pode trazer R$ 40 milhões por ano em emendas parlamentares. Na mesma linha um deputado estadual pode trazer parte disso. São recursos robustos que deixam de vir para cá.

Na questão social, a falta de alguém que possa propor leis e defender os interesses da região nos deixa alijados das grandes decisões. Também nos deixa sem uma ponte, sem um acesso aos gabinetes de poder. 

Essa é uma das principais questões que leva as entidades a buscarem o voto regional, pois cada vez que precisam fazer alguma reivindicação para nossa região precisam pegar um deputado emprestado de outra cidade.

Brusque não precisa disso, precisa sim de um entendimento político que reduza o número de candidatos. Precisa que os líderes políticos e empresarias se engajem no voto local. E precisa despertar o interesse na participação política. Só assim teremos chances de termos de novo um representante na Assembleia, no Congresso.  Um deputado que seja nosso e possa trazer de novo um pouco de protagonismo político para cidade. 

 

 

 

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