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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O preço da inexperiência

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: O preço da inexperiência

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O governador Carlos Moisés tentou explicar, na coletiva de imprensa de segunda feira, o valor de R$ 76 milhões para a construção de 100 leitos do primeiro hospital de campanha do estado, que deve ser instalado em Itajaí, conforme noticiamos aqui no jornal.

O valor foi questionado após a comparação com o hospital de campanha em Goiás, que teve investimento de R$ 10 milhões do governo federal para 200 leitos de UTI. Segundo o governador o valor não é apenas para a construção da estrutura, mas os custos para mantê-la durante seis meses. 

O chefe da defesa Civil, João Batista Cordeiro Junior, que estava na coletiva, dividiu o valor da seguinte forma: serão R$ 18 milhões para equipamentos, R$ 33,6 milhões com insumos, R$ 22,2 milhões com pessoal e ainda R$ 3 milhões de custos indiretos. 

Todas estas justificativas, porém, não foram suficientes para conter as críticas ao governo. Primeiro porque o próprio processo licitatório gerou polêmica. O Hospital Mahatma Gandhi, vencedor do processo, já trabalha para Prefeitura de Florianópolis e tem no seu quadro jurídico advogados residentes na cidade de Biguaçu, onde o secretário da Casa Civil, Douglas Borba (PSL) é vereador e tem muita influência política. 

Borba é amigo de Anísio Petry Junior, que é um dos advogados do Hospital vencedor, mas já representou o governo como membro titular da Junta Comercial do Estado, indicado justamente pela Casa Civil, pasta de Douglas Borba.

Na terça-feira a vice-governadora, Daniela Reinehr, entrou na briga contra o governador e divulgou uma nota em que concorda com a tese do favorecimento na contratação do hospital e propõe que o estado adote o padrão do governo federal, para deixar o processo mais transparente.

Além da governadora, parlamentares e segmentos da sociedade organizada se manifestaram contra a instalação deste hospital, seja pela forma como foi contratado seja pelo valor astronômico que vai ser aplicado.

O governador continua a com seu estilo unilateral de governar, criando a cada dia um distanciamento das expectativas da sociedade

Uma das teses é que este recurso seja distribuído aos hospitais já existentes, que precisam de recurso e tem capacidade de ampliar o número de leitos imediatamente a um preço muito menor.

Como referência, podemos utilizar o caso da compra do Hospital Imigrantes, há três anos, aqui em Brusque. Na ocasião os equipamentos que foram adquiridos para 40 leitos e mais a UTI foram avaliados em R$ 1,6 milhão, muito abaixo dos R$ 18 milhões do estado para 100 leitos.

Os investimentos em hospitais seria óbvio, pois já tem profissionais, estrutura, confiança para atender. Além disso, os equipamentos adquiridos já estariam incorporados ao seu patrimônio e à disposição da população, em vez de “ficar como legado à Secretaria de Saúde para ser usado posteriormente”, como defende o chefe da Defesa Civil. 

O próprio prazo de contratação de seis meses é inoportuno, pois não se sabe a intensidade e duração da epidemia. O governo economizaria se contratasse direto com os hospitais por um prazo menor com possibilidade de renovação caso fosse necessário.

Com mais este triste episódio, o governador continua a com seu estilo unilateral de governar, criando a cada dia um isolamento maior e um distanciamento das expectativas da sociedade. Governa do gabinete desconhecendo as reais necessidades de investimentos em saúde.

A grande frustração é que Moisés foi eleito com mais de 80% dos votos em nossa região, embalado pela ideia de mudança, de ser um nome novo na política, mas sua conduta tem mostrado que este “novo” e inexperiente estilo de governar está custando caro aos catarinenses, principalmente nesta hora de maior necessidade.

 

 

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