Saúde e Educação precisam ser prioridades.

Então, por que o Ministério da Educação apresentou um corte de 30% do orçamento para a educação?

Primeiro, o corte seria para algumas universidades públicas que apresentaram “balburdias” em seus campus, segundo o ministro do MEC. Entende-se por balburdia: desordem, tumulto, bagunça. Pois as tais universidades: Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) mantém altos índices de avaliações e produção científica. Os melhores do país. Depois de muitas críticas, o ministro declarou que os cortes seriam para todas as universidades e institutos federais. O argumento dado era que o aluno do ensino superior custava mais para o país, em relação ao aluno da educação básica. O que por si só já demonstra a falta de conhecimento do ministro na área de educação, considerando que não se resolve o problema fatiando e priorizando estágios do desenvolvimento. Todos os níveis do ensino são importantes para o crescimento do país. Precisa-se de bons professores formados em ensino superior para oferecer educação básica de qualidade. As duas precisam andar lado a lado.

Porém, na prática, os bloqueios irão atingir a educação básica também. O MEC bloqueou R$ 2,4 bilhões que seriam destinados a programas do ensino infantil ao médio
Talvez para um economista, ex-banqueiro, cortar de um lado para fechar as contas do outro, seja o raciocínio mais correto, considerando a lógica binária.  Mas, na educação, a conta não funciona assim.

Já houve cortes no ensino superior em anos anteriores. É verdade. Entre 2014 e 2018, o investimento em educação caiu 56% no país (de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões). Ainda assim funcionavam com ensino, pesquisa e extensão, oferecendo acesso, especialmente à população de baixa renda, negros e índios, por meio das cotas. Com os novos cortes, as universidades e institutos federais alertam sobre a deficiência e até paralisação no funcionamento.

Em um país de tamanha complexidade como o Brasil, é lamentável que o Ministério da Educação não tenha um educador em sua liderança, para dar o valor que ela realmente representa para uma nação. Como se o país não tivesse educadores competentes para exercer tal papel. O que o MEC está fazendo com os cortes na educação é tentar resolver problemas complexos com soluções simplistas. Por décadas, essa forma de pensar não traz soluções, apenas amplia o problema a longo prazo.

Infelizmente, a verdade é que educação neste país está sendo penalizada por interesses ideológicos e partidários. E uma nação que não é estimulada a pensar, torna-se massa de manipulação. Perdemos todos, menos os políticos da velha guarda que continuam a garantir seus altos salários e privilégios.


Clicia Helena Zimmermann
– professora