O pedreiro Vanderli Maffezzoli, de 54 anos, começou a trabalhar a partir dos 14 anos, na agricultura. Aos 19, recebeu uma oportunidade como servente de pedreiro, por meio de colega que trabalhava na construção civil. Como servente, trabalhou por três anos na fábrica da Renaux, em Brusque.

Depois desse período, Vanderli começou a atuar como pedreiro em uma obra na empresa Buettner, no bairro Bateas, onde ficou por dois anos.

Indústria da Buettner, no bairro Bateas, Brusque. Foto: Brusque Memória/Especial

Ele começou a trabalhar com Joaquim Marchiori no final de 1988. Em 1990, casou com Sueli Aparecida Dossi Maffezzoli, com quem, no ano seguinte, teve um filho. Clederson Maffezzoli nasceu em 11 de abril de 1991, e neste dia, Vanderli estava construindo uma escola de ensino fundamental no bairro Paquetá, em Brusque.

O primogênito nasceu às 7h30, e Vanderli soube do nascimento às 13h30, pelo Joaquim, que avisou que era um menino e tinha dado tudo certo com o parto e iria levá-lo para conhecer o filho.

Na volta para Nova Trento, o pneu da caminhonete furou em São João Batista. Sem socorro no local, ele esperou em torno de meia hora até que um padeiro parou e deu carona.

Maffezzoli continuou trabalhando com Marchiori, onde foi para Blumenau trabalhar na construção de um prédio no bairro Garcia. Assim como em Brusque, o pedreiro ficava em Blumenau durante a semana e voltava para Nova Trento aos finais de semana.

Posteriormente, trabalhou em uma obra em Itajaí, e colocou os pisos na empresa da Coca-Cola de Antônio Carlos. Ele também construiu o escritório de tijolos à vista da indústria de revestimentos cerâmicos Portobello, em Tijucas.

Com 35 anos de experiência, Vanderli sabe fazer quase todas as funções do ramo: alvenaria, reboco, contrapiso, colocação de piso.

Vanderli é conhecido na região como pedreiro de reboco. Foto: Freepik/Especial

Vanderli é conhecido como pedreiro de reboco e comenta que os mais antigos no ramo sabiam fazer quase todos os serviços, mas atualmente as obras maiores são “fatiadas”: apenas um profissional não tem mais a necessidade de executar todo o projeto, cada contratado possui uma função diferente em uma obra.

Além de Clederson, ele teve mais dois filhos, Mariana, 17 anos, e Arthur, com 14. Clederson, com 29 anos, decidiu seguir os passos do pai na profissão após 15 anos trabalhando como músico profissional. Desde muito jovem, ele aprendeu a tocar baixo e fez disso sua profissão.

Com o cansaço de viajar várias vezes na semana e visando uma profissão mais estável, Clederson encontrou uma oportunidade no ramo de construção civil. Em agosto de 2017, ele conversou com o pai, e decidiu mudar de carreira. Clederson começou como servente de pedreiro logo em seguida, trabalhando com o pai em uma obra no bairro Águas Claras, em Brusque.

Vanderli considera trabalhar com o filho algo bom e gostou de ensinar. “É melhor trabalhar com o filho do que uma pessoa estranha, pois se precisar falar algo é mais tranquilo”.

Clederson trabalhou como servente de pedreiro pelo período de um ano, no bairro Águas Claras. Na sequência, ele trabalhou em uma casa no bairro Dom Joaquim, onde iniciou o aprendizado para se tornar pedreiro, em 2018. Após o término das obras, ele foi trabalhar com o pai na Meia Praia, em Itapema, atuando como pedreiro.

Sobre a velocidade em que passou de uma função para outra, o jovem pedreiro considera ter facilidade com o trabalho, pois sempre viu o pai trabalhar e fazer serviços em casa.

“Eu já sabia como levantava tijolo, tinha noção para que serviam as ferramentas. Para assentar o tijolo eu não tive dificuldade, claro que é preciso de alguém com experiência para tirar dúvidas, mas no geral eu conhecia algo”, comenta Clederson, que ao aprender a profissão com o pai, procura entregar um trabalho mais semelhante possível ao do seu professor.

O pedreiro comenta que, apesar de estar no ramo, sabendo assentar tijolos, fazer reboco, ainda tem funções que não consegue fazer sozinho, como colocar contrapiso. Ele considera uma experiência boa trabalhar com o pai. “Eu sei que ele é muito bom no que faz, e eu sempre respeitei muito”.

Clederson viu na obra uma oportunidade de crescer cada vez mais, com a vontade de ter um negócio próprio. “É claro que precisamos de oportunidade e pessoas de confiança, mas eu acredito que apesar de tudo a tendência é melhorar”, finaliza.


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