Nos 50 mil metros quadrados de área construída às margens da rodovia Ivo Silveira, em Brusque, a ZM S.A. planeja dentro de dois a três anos estar completamente inserida dentro do conceito da Indústria 4.0.

A nova planta da fábrica de componentes automotivos foi pensada, exclusivamente, para entrar nesta nova revolução industrial e, assim, se manter dentro de um mercado cada vez mais competitivo.

O parque fabril foi desenhado para o conceito da Indústria 4.0, em que todas as máquinas conversam entre si. Pouco a pouco, os equipamentos serão transferidos da antiga planta, no bairro Steffen, e dispostos no novo espaço de uma forma em que facilite a comunicação e, consequentemente, os resultados.

“Cada equipamento que for entrando aqui já vai ser adequado a essa realidade. Vai receber toda a parte de hardware necessário para que possa coletar todas as informações possíveis de si e também enviar para o sistema, possibilitando uma tomada de decisões com a menor intervenção humana possível”, diz o superintendente da ZM, Alexandre Zen.

Toda a fábrica será conectada via wireless e fibra óptica, garantindo a conversação de todo o conjunto. Além do planejamento do layout do novo parque fabril, o superintendente explica que a ZM também trabalha no desenvolvimento de sistemas que integrarão as máquinas ao conceito de Indústria 4.0.

ZM planeja dentro de dois a três anos estar completamente inserida dentro do conceito da Indústria 4.0 | Foto: ZM/Divulgação

Muitos dos equipamentos utilizados pela fábrica foram comprados antes que pudesse se pensar em uma nova revolução industrial, por isso, precisam de intervenções para se tornarem mais autônomos e atuarem em conjunto com as máquinas mais modernas.

Esse tipo de modificação não segue um padrão. Não se tem um modelo pronto. É aí que está o desafio. Cada indústria precisa descobrir quais são suas necessidades e saber usar a tecnologia a seu favor, uma vez que as máquinas têm configurações diferentes porque atuam em processos diferentes e bem específicos.

“Precisaremos parametrizar o que queremos de cada equipamento de forma individual. Esse tipo de programação para tornar a máquina inteligente não vem de fábrica, não se compra uma máquina com todos os parâmetros de inteligência artificial. Precisa saber integrar ao sistema da sua empresa”.

Não tem uma receita, um livro pronto. Tem que adequar o teu processo em cada etapa de produção, em cada investimento, em cada transferência para cá

Para isso, a ZM desenvolve o seu sistema próprio de Indústria 4.0. O setor de Tecnologia da Informação (TI) já trabalha com base nas necessidades da empresa, ou seja, está desenvolvendo sistemas com capacidade de leitura dos dados que serão gerados por cada equipamento.

A ideia, de acordo com Zen, é que cada máquina que entre no novo parque fabril seja configurada para se conectar junto ao sistema de gerenciamento de controle da empresa e, assim, gerar dados de produção em tempo real.

“Nossas máquinas terão essa capacidade de leitura em relação ao que estão produzindo, quantas peças estão sendo produzidas, o que se produz de peça boa, de peça ruim. É necessário que se faça esse investimento. Essa planta está sendo preparada para isso”.

Mudança a longo prazo

Toda essa mudança precisa de tempo e planejamento. Atualmente, já funcionam na nova planta da ZM o setor de vendas e expedição. A área de montagem de componentes também mudou-se para o local recentemente. Já a parte de produção propriamente dita, com as máquinas pesadas, passa por um processo de mudança mais lento. “Não tem uma receita, um livro pronto. Tem que adequar o teu processo em cada etapa de produção, em cada investimento, em cada transferência para cá”, destaca Zen.

“Não é fazer o telhado em um galpão e colocar as máquinas dentro, a parte de infraestrutura, de comunicação entre as máquinas é a parte mais delicada do processo e precisa desse investimento todo”, completa.

A expectativa é que dentro dos próximos 24 meses, as máquinas sejam transferidas para o novo parque fabril e adaptadas a essa nova realidade da Indústria 4.0, o que vai gerar informações mais precisas e, consequentemente, um planejamento mais proveitoso para os próximos investimentos.

Empresa já desenvolve sistemas com capacidade de leitura dos dados que serão gerados por cada equipamento | Foto: ZM/Divulgação

“A ZM exporta muito para vários países, só amplia seus produtos na cadeia automotiva. Quanto mais produtos, mais equipamentos e quanto mais equipamentos, mais a necessidade de tornar o ser humano menos decisivo em cada processo. Se você realiza sua fábrica dentro de uma realidade 4.0 vai ter mais dados confiáveis, feedback de seu equipamento de produção de uma forma mais precisa e esses dados podem dar um planejamento melhor a ser executado”.

Para Zen, a Indústria 4.0 é um caminho sem volta. A empresa que não se adequar à nova realidade, com o tempo, será esquecida no mercado.

“Se a ZM não se adequar a isso e o concorrente se adequar, vamos ficar obsoletos, não competitivos. É no chão de fábrica que vai acontecer a grande mudança, não pelo equipamento, que vai continuar muito parecido com o que é hoje, mas com o que aquele equipamento é capaz de receber e me dar informação e como eu posso usar essas informações a meu favor. Esse é o grande ponto da 4.0”.


Você está lendo: Em ritmo de transição


Leia também: 
– Introdução
– Indústria interligada: a era do 4.0
– O novo chão de fábrica
– DNA catarinense na Indústria 4.0
– A revolução está ao alcance
– O futuro é agora