Uma jovem vende brigadeiros gourmet na faculdade, de sala em sala, no portão de saída, na hora de almoço no restaurante universitário. Ela dispõe de diferentes sabores e a pequena sobremesa tem feito sucesso entre os clientes. Mas ela quer mais. Para garantir que vai vender sempre, decidiu criar um cartão fidelidade. A cada brigadeiro comprado, o cliente ganha um carimbo e, quando preenche todo o cartão, tem direito a um brigadeiro grátis.

Você já ouviu uma história parecida com essa. O exemplo da vendedora de brigadeiro está longe de ser uma prática isolada. Existem no Brasil programas de fidelidade altamente profissionais, como os de cartões de crédito, de milhas aéreas e até de supermercados e operadoras de telefonia. O mercado da fidelização tem crescido porque o consumidor brasileiro percebeu a necessidade de aproveitar ao máximo cada oferta dos programas de fidelidade, principalmente em tempos de crise.

Dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), que representa o setor de pontos de cartão de crédito e milhas aéreas, mostram aumento de 13,7% no número de novos cadastros aos programas de fidelidade no Brasil de 2017 para 2018 e crescimento de 13,9% no total de milhas emitidas no mesmo período. Só em 2018, mais de 245 bilhões de milhas e pontos no cartão de crédito foram resgatados, representando faturamento de R$ 6,9 bilhões para as empresas do setor. O consumidor está engajado em aproveitar suas milhas.

Muito além das milhas aéreas

E nem só de compras no cartão e de passagens aéreas vive o mercado de fidelização. O brasileiro percebeu nessa prática um investimento que pode significar grande economia. Pesquisa do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Continuada (Ifepec) realizada em 2019 aponta que 92% dos consumidores brasileiros gostariam ou já gostam de participar de programas de fidelidade, principalmente em supermercados, farmácias, grandes magazines e restaurantes.

No ramo farmacêutico, a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) contabiliza mais de 17,77 milhões de cadastros em seu programa de fidelidade. Em um mês, a fidelização movimenta, em média, R$ 248 milhões em todo o Brasil. No setor de varejo, diversos supermercados e grandes magazines apostam em seus próprios programas de fidelidade, além de firmar parcerias com empresas de fidelização já estabelecidas no mercado.

Até as empresas de telefonia têm entrado no setor de fidelização. Operadoras como Vivo, Oi, Claro e Tim mantém seus próprios programas de fidelidade, que oferecem recompensas diversas, como troca por aparelhos novos e bônus para ligações. As empresas de telecomunicações também estabelecem parcerias com programas de fidelidade líderes no mercado, a fim de garantir novos clientes. O consumidor brasileiro reconhece vantagens e tem aderido a tais programas. Quando uma das operadoras lançou seu programa, obteve um milhão de cadastros em nove meses.

Venda de milhas gera renda extra

O mercado de milhagem é um dos mais expressivos e tradicionais e, além dos descontos e trocas de pontos por bilhetes aéreos, o cliente dispõe de outro meio de enfrentar a crise usando pontos acumulados: a venda de milhas. Trata-se de um negócio em expansão, no qual pessoas que têm milhas acumuladas negociam seus pontos online, vendendo-os para clientes que querem viajar por menos, mas não tem milhas suficientes ou não participam de programas de fidelização. Líder do segmento, a MaxMilhas atua desde 2013 e, de lá para cá,  já movimentou mais de 40 bilhões de milhas.

A negociação é intermediada por uma plataforma online, que protege dados do vendedor de milhas e do comprador de bilhetes aéreos, de forma que toda a transação se torna segura. O vendedor escolhe quanto quer pelas milhas e se a oferta for interessante, o comprador aceita a proposta. A plataforma fica responsável por fechar a negociação, emitir as passagens e pagar o valor pedido pelo vendedor em até 20 dias corridos. O resultado é um melhor aproveitamento de milhas acumuladas, retornando em dinheiro vivo para o vendedor. Uma vez que, é válido reforçar, as pessoas já pagaram por essas milhas ao utilizarem seus cartões de crédito ou, até mesmo, fazendo parte de clube de vantagens.