“A prova estava tão impossível de responder, que precisei parar, comer um pedaço de bolo, dormir uns 10 minutos, para responder novamente.”. “ Dormi no meio da prova, Profe. E quando vi o tema da redação, tive vontade de chorar”. “Tinham questões com assuntos que nunca vi na vida”. “Estava, muito, muito difícil”. “No fim, as letras já estavam embaralhadas, não entendia nem o que estava lendo”. “Usei o chutômetro geral”. “Dá muito sono fazer essa prova”.

Alguma dessas falas foi familiar a você durante as duas últimas semanas?

E que tal esta manchete do Jornal O Globo:

Diretor de filme citado no Enem diz que não saberia a resposta da questão ‘Chutaria a letra E’, brincou Renato Terra, que dirigiu o documentário ‘Uma noite em 67’

Parece piada ou um show de comédia, mas são algumas percepções sobre o Exame Nacional do Ensino Médio.

Viver de perto o Enem retoma uma discussão antiga sobre a educação, que é necessária, e que não se finda. Sabe-se que os desafios no Brasil geram um debate amplo e complexo. A crise educacional que se vive no país e vem se agravando nos últimos anos, envolve professores, estudantes, coordenação, direção, mercado de faculdades, e o próprio MEC. Além, é claro, de questões sociais e antropológicas.

Mas, em uma tentativa de abrandar os corações aflitos de pais de jovens que estão passando por essa confusão na educação, o ponto desta reflexão é exatamente o que o Enem não avalia. Com suas questões extensas, difíceis de interpretar, cansativas, o que se pode afirmar é que a prova não avalia o verdadeiro potencial do seu filho.

Para esse tipo de avaliação, a vida se encarrega. As experiências, as relações, e os desafios irão colocar em xeque o aprendizado que foi transmitido, e fazer emergir as competências que cada um tem em si. E, isso, certamente não será transmitido por meio da escola, tão somente. É um trabalho em conjunto. Além da própria genética, a educação em casa, por meio de bons exemplos, atenção, afeto, irão contribuir para o desenvolvimento de um adulto sadio, com seus reais talentos potencializados.

Então, queridos pais e professores, acolham os jovens que passaram por esse processo. Profes, façam o melhor em sala de aula para que os conteúdos sejam absorvidos. Pais, não façam críticas duras se seu filho não teve o melhor resultado. E, celebre muito se ele conseguiu ingressar na universidade, e no curso que gostaria.  Porém, acima de tudo, proporcionem uma educação para a vida, e não somente para o Enem. E estudantes, sabe-se que o Enem dá sono. É chato. É difícil. Mas, nesse momento da vida, infelizmente, enquanto não apontam uma solução melhor, o Enem se faz necessário. É uma etapa. Exerça a disciplina, persistência e dedicação. Essas competências serão importantes ao longo de toda a vida.

 


Clicia Helena Zimmermann
– professora, consultora e especialista em mapeamento de ciclos