A linguagem da propaganda é, por definição, irracional.
Aliás, ela pressupõe que seu público alvo é fundamentalmente irracional quando
toma decisões. Dessa forma, seu modo de apresentar o tema a que se refere é
sempre emotivo e apelativo. Um argumento inteligente vai na direção contrária.
Procura esclarecer os componentes de uma dada situação, permitindo que o tema
seja discutido pelas vias da razão. Em ano eleitoral, não é difícil imaginar
com que tipo de linguagem seremos bombardeados.

Na semana passada, vi pela primeira vez a propaganda do
governo federal sobre a copa do mundo. Já havia lido a entrevista do ministro
Gilberto Carvalho acerca dessa estratégia. Segundo ele, o governo estava sendo
bombardeado de críticas (infundadas?) acerca das obras da copa e era hora de
mostrar à nação todos os benefícios do evento. Por isso o governo iria gastar
mais alguns milhões em propaganda para prestar esse relevante serviço. Ou seja,
ao invés de responder racionalmente aos argumentos contrários, o governo apela
para a irracionalidade do eleitor, através de imagens apelativas e de uma
trilha sonora relaxante. Assim, fica “comprovado” que não há nenhum problema
com a realização da copa.

Os políticos sabem que, para a imensa massa da população, uma
propagandazinha bem produzida (e cara!) garante os números favoráveis ao
governo. O mesmo vale para o programa Mais Médicos e para a Petrobrás. Basta
ver as respectivas propagandas. Não há nenhuma resposta ao escândalo
trabalhista dos médicos cubanos nem sobre a péssima administração da estatal.
Na propaganda tudo é grande, belo e bom. O que há de errado é intriga de
opositores e da imprensa.

Na vida real, porém, vivemos talvez no pior governo dos
últimos tempos. O governo Dilma não é apenas incapaz de resolver os problemas
crônicos do país, mas ainda consegue, com rapidez espantosa, desmantelar o que
já é bom e funciona. A economia agoniza e as empresas padecem sob uma
burocracia insana, como bem mostrou o editorial deste jornal na última sexta.
Nem o IBGE tem escapado das investidas dessa péssima administração.

Em Santa Catarina não é diferente. O pífio governo de
Raimundo Colombo é um dos mais decepcionantes em décadas, mas segue forte para
a reeleição com grande apoio partidário (registre-se a heroica resistência do
PMDB de Brusque).

Eles não se preocupam com críticas e fatos. Não é necessário
responder a nada. Basta um bom marqueteiro, pois a propaganda resolve todos os
problemas. Não seria melhor, então, trocar os políticos pelos publicitários?