O peptídeo semelhante ao glucagon-1, GLP-1, é um hormônio produzido pelo intestino que tem entre outras funções o papel de aumentar a liberação de insulina, diminuir o açúcar no sangue e o apetite. Este hormônio ficou conhecido nos últimos anos com o descobrimento de medicamentos que imitam seu efeito, entre eles Ozempic e o Mounjaro. Esta categoria farmacêutica é também conhecida como agonistas do GLP-1. 

Quando bem indicados estes medicamentos são muito úteis no controle do Diabetes Mellitus tipo 2 e na obesidade, sendo necessária a prescrição e o acompanhamento médico. 

Após evidências de estudos experimentais em ratos mostrando que agonistas do GLP-1 podem diminuir o risco do desenvolvimento da doença de Parkinson já foram publicados alguns estudos clínicos de fase 3 que mostram um efeito protetor contra a doença. 

Sabemos que existe algum nível de resistência à insulina no cérebro dos pacientes parkinsonianos, isto faz com que o metabolismo da glicose, a principal fonte de energia neuronal, esteja diminuído principalmente a nível dos núcleos produtores de dopamina.

A diminuição do metabolismo da glicose leva a estresse oxidativo que provoca ainda mais dano neuronal. 

O GLP-1 e seus análogos conseguem atravessar a chamada barreira hematoencefálica e tem um efeito anti-inflamatório e anti-oxidativo a nível cerebral, além de melhorar o funcionamento das mitocôndrias que são as responsáveis pelo metabolismo celular. 

Um artigo publicado em abril de 2024 no NEJM comparou a evolução da Doença de Parkinson recentemente adquirida em 156 pacientes. 

A metade que recebeu o agonista GLP-1, Lixisenatide tiveram uma menor progressão da doença após 12 meses de tratamento quando comparados ao grupo que tomou placebo. 

Outro estudo mais recente, publicado no Lancet em fevereiro deste ano, mostrou que o agonista GLP-1 Exenatide foi bem tolerado num grupo de 194 pacientes parkinsonianos, porém sem benefícios clínicos. 

Novos estudos de fase 3, com número maior de pacientes e o uso de outros agonistas são necessários para esclarecer a hipótese inicial de que seriam capazes de modificar a evolução natural da Doença de Parkinson. 

É conhecido que a grande maioria das doenças crônicas, incluindo as neurodegenerativas, tem um componente inflamatório. Daí a necessidade de adotarmos hábitos alimentares e de vida que diminuam os fenómenos inflamatórios em nosso corpo. 

Nas últimas décadas, vários estudos têm demonstrado o efeito benéfico do consumo de algumas gramas de aveia por dia, sim pode ser aquela que faz parte da granola matinal.  

Os marcadores inflamatórios cardiovasculares dos consumidores de aveia diminuem de forma significativa,  Isso se deve principalmente à presença da Avenantramida, um composto fenólico presente na aveia com propriedades anti-inflamatórias intestinais e sistêmicas. 

A aveia não contém glúten entre suas proteínas e apesar de ser um alimento com muitas propriedades nutricionais não é muito valorizado pelo homem. 95% da produção mundial de aveia é destinada ao consumo animal. 

A grande maioria da população não tem acesso ao uso dos agonistas do GLP-1, medicamentos muito caros, mas o uso de alimentos ricos em fibras, como a aveia, pode aumentar os níveis do GLP-1 a nível intestinal. Muitas vezes o remédio está no prato de comida, os probióticos, as frutas vermelhas e a cúrcuma também têm potencial de aumentar o GLP-1. 

Adendo: Um estudo recente analisando dados de 480 mil pessoas, acompanhadas por 13 anos, conclui que o hábito de utilizar a bicicleta como meio de transporte pode reduzir o risco de demência em 19% e de Doença de Alzheimer em 22 %. 

É decepcionante que, numa cidade quase plana como Brusque, não se invista em ciclovias e as poucas ciclofaixas estejam abandonadas e atualmente ocupadas pelas motos elétricas. 

É necessário estimular o uso da bicicleta como meio de transporte e como exercício físico, ao meio e longo prazo além de ter uma população mais saudável, a cidade vai diminuir muito seus gastos com saúde pública.