Entrevista com Serafim Venzon – “O empresário é castigado pelo poder público”

Candidato do PSDB defende que governo facilite a vida do empresariado, além de reforma na gestão do SUS

Entrevista com Serafim Venzon – “O empresário é castigado pelo poder público”

Candidato do PSDB defende que governo facilite a vida do empresariado, além de reforma na gestão do SUS

O Município Dia a Dia inicia hoje uma série de entrevistas com os candidatos a deputado federal e estadual de Brusque. Em ordem definida por sorteio, o deputado estadual Serafim Venzon (PSDB), que concorre à reeleição, abre a série. Eleito para dois mandatos (2006 e 2010) Venzon busca o terceiro consecutivo na Assembleia Legislativa.

Município Dia a Dia: Com que propostas o candidato começa essa campanha?

Serafim Venzon: Eu começo com a Saúde, que seguramente é a maior queixa de todos os brusquenses. A Saúde é responsável por mais de 60% das reclamações no serviço público. Precisamos mudar a gestão do SUS. O erro está no governo, que entende que sem injetar mais recurso pode encontrar uma solução. A mudança é urgente, nos critérios de liberação de recursos e no credenciamento de hospitais para alta complexidade. O [hospital] Azambuja, por exemplo, tem capacidade para fazer cirurgias de câncer, só que pelo SUS não pode fazer. Hoje o SUS usa o critério da alta complexidade para pagar pouco, para dizer não. O SUS hoje só paga 20% do custo dos procedimentos. Muitos hospitais chegam a reter honorarios médicos, por falta de recursos.
Na Educação, eu sou autor de um projeto que está na Assembleia, para que o aluno que faz a faculdade pague somente depois de termina-lá. Um modelo de financiamento que existe para várias coisas, mas não para ensino superior. O governo banca a mensalidade no aluno, e ele paga depois que terminar.
Na Assistência Social, quero ver funcionando o FIA municipal (Fundo da Infancia e Adolescência), que já tem no estado. Mas tem que ter um gestor daqui, e as entidades daqui que devem dizer onde devem ser aplicados os recursos. O estado tem mais de R$ 100 milhões para esse fundo, que nós não estamos usando.

MDD: E na economia?
Venzon: Hoje o empresário é castigado pelo poder público, tudo é dificultado. O empreendedor que começa seu negócio é desestimulado, é judiado. O que muda a qualidade de vida não é o investimento do governo, que é importante, mas o que muda é o desenvolvimento econômico, com investimentos de empresários. As ações governamentais devem beneficiar os empresários, diminuir a burocracia e os entraves.

MDD: A atuação de um deputado estadual é limitada, no quesito liberação de recursos. Como driblar a burocracia e garantir investimentos na região?
Venzon: Teria de haver o envolvimento do governador. O SUS, por exemplo, no papel é uma maravilha. O problema é que os burocratas de plantão criaram uma forma de colocar leis que parecem benefícios mas que são dificultadoras do acesso. O que o deputado tem que fazer? Pressionar o Governo Federal. O sistema de saúde está tão ruim que nem o governador consegue mandar. O secretário de Saúde, então, não manda nada, é office boy, porque não consegue liberar nenhum tipo de recurso. A lei tem que mudar. O ministro da Saúde é o maior inimigo do nosso sistema. Eu e outros deputados, com aproximidade que teremos com Aécio Neves, se eleito, vamos mudar isso, temos ideias práticas.

MDD: E se Aécio não for eleito, sem essa aproximação, como fica a busca por mudança?
Venzon: Vamos continuar insistindo, e muito. As pessoas precisam saber que se está assim, é porque alguém orquestrou para deixar mal. Existe um modelo de gestão que pode ser mudada, mas em que haver a vontade política do principal gestor. Se apertar o governador, ainda assim não muda. Tem que mudar lá em cima.

MDD: O que o deputado Serafim Venzon pode fazer de diferente, que não foi feito até agora, se eleito para um próximo mandato?
Venzon: Compreendo que a qualidade de vida da minha cidade depende de um conjunto de fatores. Como deputado daqui, sempre dou uma puxadinha pra minha aldeia, o que é normal, mas também tenho que ter a noção de que o meu compromisso é com o desenvolvimento de Santa Catarina. O contexto é que para que Brusque vá bem, tem que se investir, por exemplo, no Oeste, porque, senão, há migração que causa desequilibrio social. Outra coisa que temos que questionar mais é a tributação que é imposta pelo governo. Os hospitais por exemplo, estão sem dinheiro e pagam muito imposto.

MDD: Se pudesse eleger apenas uma área como prioridade, na busca por recursos para Brusque e região, o que apontaria?
Venzon: Incentivo à iniciativa empresarial. Se incentivar o empresário, ele melhora a atividade econômica, gera emprego, há salário, e o povo fica contente. Se for uma só, é essa.

PERFIL

Antonio Serafim Venzon nasceu em Botuverá em 1953. Filho de agricultores, trabalhou com a família na lavoura. Foi eleito vereador em Brusque e atuou entre 1989 e 1992. Em 1993 e 1994 foi vice-prefeito de Brusque. Posteriormente, foi eleito deputado federal, cargo no qual permaneceu por 10 anos. Na eleição de 2006 foi eleito deputado estadual, sendo reeleito em 2010, cargo no qual permanece até hoje.

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