Entrevista: Comandante da PM avalia segurança pública em Brusque

Comandante do 18º BPM diz que lutará por melhor estrutura para a PM de Brusque

Entrevista: Comandante da PM avalia segurança pública em Brusque

Comandante do 18º BPM diz que lutará por melhor estrutura para a PM de Brusque

O comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiros, é o primeiro entrevistado da série de entrevistas que o jornal Município Dia a Dia realizará com os responsáveis pelo Polícia Militar em Brusque, Guabiruba e Botuverá. Gomes diz que pretende aproximar a PM da população como forma de combater a criminalidade.
Qual a avaliação que o senhor faz da segurança pública em Brusque?
Coronel Gomes: Desde que cheguei em Brusque, em 1993, houve uma mudança. Na época a população era de 50 mil, hoje, mais que dobrou. É outra realidade para a Polícia Militar, tínhamos mais policiais proporcionalmente ao tamanho da população, que era bem menor. Hoje, Brusque está mais rica e com progresso vieram coisas boas, como as empresas e mais empregos. Mas, como toda cidade que cresce, vieram os problemas. Atualmente, temos que trabalhar o dobro para conseguir suprir a demanda. Claro que em alguns aspectos melhorou muito, e o Fundo Municipal de Apoio à Polícia Militar, criado em 1995, foi muito importante para isso. A estrutura atual é muito melhor.

Quais são os principais desafios à frente da PM da cidade?
Coronel Gomes: Tem três pontos que vou trabalhar para realizar. O primeiro ponto é a valorização do nosso policial que trabalha na rua. Vamos tentar conseguir melhor armamento, mais estrutura para que ele se sinta motivado a trabalhar. Sobre a obra no prédio da Central de Operações Policias Militares (Copom), o que algumas pessoas não sabem é que não procuramos a ajuda do estado, porque precisamos acabar o prédio logo, para poder receber as câmeras do programa Bem-te-vi, que devem chegar até o final do ano e precisam de um local adequado. Não procurei ajuda porque é um valor pequeno e acredito que a iniciativa privada poderia ajudar, pois as indústrias e comércios serão os maiores beneficiados com isso. Fora o Copom, também vamos trabalhar para conseguir melhor armamento, frota, fardamento e o que for necessário. O segundo ponto é estreitar o relacionamento com a sociedade. Nós já temos um bom relacionamento com a Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias (IGP), Corpo de Bombeiros, e a própria prefeitura. Queremos estreitar o relacionamento não só com a sociedade organizada, mas também com a comunidade de modo geral. É importante que a sociedade conheça a nossa realidade para saber que não é só a Polícia Militar, é todo um sistema. Se alguma parte deste sistema não funciona, prejudica o trabalho de todos. Para conseguir mudar a realidade também temos um programa que vai direto às escolas para acompanhar os estudantes, temos o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) e a Transitolândia. Uma sociedade que não respeita e confia na sua polícia, está fadada ao insucesso. O terceiro ponto é a busca por uma melhora no efetivo. É uma luta histórica e não é fácil porque depende dos nosso gestores e dos nossos políticos. Na nossa região, todos os municípios têm carência no efetivo. Vamos mostrar aos gestores que nós temos necessidade de mais efetivo. Se não houver um reforço, pode haver um colapso na polícia. É uma luta difícil em que precisamos da ajuda da sociedade. Dos cinco municípios atendidos pelo nosso batalhão, eu diria que o mais carente é Ilhota em primeiro e Gaspar em segundo. Mas todos têm as suas carências.
Como o comando está fazendo para lidar com a falta de efetivo?
Coronel Gomes: Felizmente, em junho vieram 15 novos policiais para o batalhão. Inicialmente, eles seriam distribuídos entre os municípios do 18º Batalhão, mas uma ordem do comando-geral fez com que todos ficassem na sede do batalhão. Eles estão trabalhando no ostensivo a pé e nas barreiras móveis. A principal característica do ostensivo é que os policiais em cada estabelecimentos. Esse contato é muito importante. As barreiras não são só blitze, elas também a parte criminal. Os policiais do ostensivo a pé saem da viatura e fazem o policiamento na comunidade. Nós vamos permanecer com essas medidas até o final do ano, pelo menos. Antes, fazíamos o ostensivo a pé no Centro, hoje, já temos no Águas Claras e estamos intensificando. Queremos levar para outros bairros também. Não é o suficiente, mas já é um começo. Não vamos conseguir resolver tudo de uma vez, tem que resolver aos poucos. Essas ações não são o suficiente, mas são um primeiro passo. É importante que a comunidade registre as ocorrências, por menores que elas sejam, porque o nosso trabalho é todo feito em cima de estatísticas. Se aquele bairro não tem ocorrências, então eu vou mandar a guarnição para o outro. O bairro Águas Claras foi escolhido por um cronograma, ele não é o que tem mais ocorrências. O primeiro é o Centro disparado, seguido pelo Santa Terezinha.

O senhor considera que a legislação atual beneficia o criminoso?
Coronel Gomes: A nossa legislação é da década de 1940, é muito fraca. Ela não gera a falta de interesse em praticar um crime no infrator, pelo contrário. As brechas da lei fazem com que ele volte às ruas. A legislação gera a impunidade que todos tanto falam. Os presídios estão cheios, o que prova que o trabalho da polícia está sendo feito. O número de vagas precisa ser ampliado, para que inclusive autores de crimes menores fiquem presos. A legislação precisa mudar, e quem muda é o Congresso Nacional, por isso é importante votar corretamente.

 

 

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