A curiosidade de Renate Cristiane Vanelli, de 28 anos, fez ela subir degrau a degrau até chegar no ponto mais visado de sua profissão: a função de pilotista. Com 17 anos ingressou no setor têxtil por meio do convite de uma amiga, que já trabalhava na área.

Os primeiros trabalhos dela foram como manual e aos poucos a empresa RC Conti deu oportunidade de Renate crescer na carreira. No início costurava peças menores e após seis anos, passou a costurar pijamas. Há três anos ela foi promovida para a pilotagem. “Sempre fui bem curiosa em querer aprender as coisas e conforme me deram oportunidade, eu aprendi. Aprendi tudo no trabalho, nunca fiz um curso profissionalizante na área”.

A função de pilotista é muito importante para o setor de costura. São essas profissionais que fazem a peça piloto, que servirá de modelo para a produção. “Tem que estar dentro do que o cliente pede, cada detalhe é levado em conta. Se a peça piloto não for perfeita, já dá para imaginar como será a produção”.

Assim que descobri que estava grávida, pensei em sair do trabalho depois de ganhar o bebê, mas agora não quero mais. Eu gosto muito do que faço e não me imagino sem costurar

Renate Cristiane Vanelli

Por isso, o trabalho de pilotista exige muita paciência e perfeição. A produção diária dessas profissionais é menor do que as demais costureiras. Porém, o trabalho é feito com atenção redobrada. Renate conta que uma peça piloto leva, em média, de uma a uma hora e meia para ficar pronta, enquanto que a mesma peça na produção pode ser confeccionada em até 15 minutos. “O mais difícil para mim foi ter paciência, pois na produção somos acostumadas a trabalhar rápido. Mas como pilotista não adianta trabalhar rápido, porque não dá certo”, diz.

Grávida de três meses, em pouco tempo Renate terá que deixar a função para se dedicar ao bebê que está a caminho. Porém, a intenção é voltar após a licença-maternidade. “Assim que descobri que estava grávida, pensei em sair do trabalho depois de ganhar o bebê, mas agora não quero mais. Eu gosto muito do que faço e não me imagino sem costurar”, revela.

O marido de Renate possui uma empresa de tingimento, por isso, ela também já teve a oportunidade de trabalhar com ele. Entretanto, o amor pela máquina de costura sempre falou mais alto. “Eu não me imagino fazendo outra coisa”.

A curiosidade da pilotista pretende levá-la ainda mais longe na profissão: ela pretende fazer um curso de pilotagem para se aperfeiçoar ainda mais e entender como começa todo o processo de confecção da peça.


Um passo à frente

Marlete Brand Floriani já passou por todos os setores da área da costura, agora está na função de modelista – que traça o molde da peça que, posteriormente será repassada para a pilotista. Aos 49 anos e aposentada, ela ainda não largou a profissão. Além de trabalhar no período da manhã na Hiato, durante a tarde, em casa, a costureira aproveita seu talento para confeccionar peças para a família e alguns clientes particulares.

Mesmo aposentada, Marlete Brand Floriani não pretende parar de costurar / Foto: Miriany Farias

A história de Marlete na costura começou aos 14 anos, quando foi trabalhar de auxiliar de costureira. Anos depois, ao ir para uma nova empresa, fez um curso no Sesi e se tornou costureira. Porém, nesta época era chamada de coringa, pois não trabalhava somente em uma máquina de costura, mas sim fazia de tudo um pouco e foi onde aprendeu ainda mais.

Durante este período, passou por várias funções na costura, inclusive na pilotagem. Tempos mais tarde, Marlete foi convidada a trabalhar na modelagem. “Eu trabalho agora mais com o computador, onde faço o molde das peças que em seguida vai para a talhação para cortar o tecido”, explica.

Para ser modelista, Marlete avalia que o ideal é ter sido costureira antes ou pelo menos saber costurar, para ter noção do que é possível fazer na peça. “O estilista faz o desenho, mas na prática, muitas vezes, tem que alterar o que é feito, devido às medidas. No desenho tudo é possível, mas na prática nem sempre é assim. E quando se é costureira é mais fácil saber o que dará certo ou não”.

Há sete anos, como forma de ajudar na renda da família, Marlete comprou algumas máquinas para costurar em casa. É nesse período dentro de casa que ela se realiza ainda mais. “As pessoas me pedem peças que desejam, que não encontram em lojas, então eu desenvolvo do começo ao fim”.

Aposentada desde os 44 anos, a costureira não tem previsão para se aposentar definitivamente. “Não consigo ficar parada. É algo que eu gosto de fazer e que me deixa realizada. Então até quando eu tiver forças e saúde, farei isso”, garante.