Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Estranho comportamento

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Estranho comportamento

Pe. Adilson José Colombi

Confesso que já vivi várias Copas do Mundo em minha vida. Sempre foi um momento de muita agitação, correria para comprar algum objeto referente ao evento, ruas sendo enfeitadas, rostos e até cabelos pintados de verde amarelos, carros circulando com bandeirinha expostas, janelas com algum símbolo exposto, lojas e vitrines enfeitadas com algo que lembrasse o acontecimento futebolístico, etc., etc.. Nesta Copa, não consegui perceber muita coisa acontecendo. Inclusive em nossa cidade. Não sei se estou defasado ou está ocorrendo isso mesmo.

As pesquisas de opinião pública também dão o mesmo resultado pelo Brasil afora. Foi o que revelou uma pesquisa, desenvolvida pelo jornal “Folha de S. Paulo” (07 e 08/06) que mostra a desmotivação dos brasileiros (as) com a Copa do Mundo. Segundo o levantamento, 53% dos torcedores em potencial da seleção afirmam não estar com qualquer interesse pela Copa na Rússia. Sem dúvida, é um comportamento bastante estranho, se comparado com outras Copas já vividas. Mais da metade dos brasileiros (as) parecem alheios ao acontecimento.

Bem que, sobretudo, os programas das TVs abertas fazem um esforço enorme para vender esse produto porque estão muito interessadas nele. Pois, investiram enormes somas em dinheiro e um batalhão de funcionários em ação, mas parece, ao menos por enquanto, que não há muito retorno. Os apelos são muitos, mas… O que será que está acontecendo? Muitos especulam sobre o assunto. Posso eu, também, então, tentar! O prezado leitor e estimada leitora certamente também já fizeram o mesmo.

Será que começa a frutificar a pregação feita, principalmente, nas Universidades que o futebol é o grande meio de “alienação” do povo brasileiro? De fato, tal pregação foi sempre incrementada, particularmente em tempos de Copa Mundial de futebol. Muitos inclusive tentavam ligar certas derrotas ou vitórias ao sucesso ou não da seleção nacional, já que sempre coincidiu com o ano das eleições. Todavia, segundo consta, os fatos ou a realidade das eleições não corroboraram essa tese. Será que, agora com maior força da comunicação via redes sociais está dando certo? Ficamos no aguardo da confirmação ou não da tese, dessa vez, após as próximas eleições.

Por falar em eleições, parece que o mesmo desinteresse ocorre também no âmbito da campanha eleitoral. Verdade que o calendário eleitoral veda a propaganda, neste estágio do cronograma, mas que já está na praça ninguém duvida. Todavia, o desinteresse do eleitor (a) como o do torcedor (a) não há muita diferença. Penso que até no percentual da população brasileira. Creio que as duas variáveis, futebol e eleições, se ressentem do clima reinante no humor do brasileiro e da brasileira. As causas foram e são: a situação econômica reinante, o descrédito na política e nos políticos, responsáveis por boa parte da corrupção descoberta que trouxe tanto sofrimento e decepção ao povo, os escândalos nos esportes, principalmente, na CBF com seus dirigentes quase todos presos… Certamente, tudo isso calou bem fundo no espírito do brasileiro (a) e agora está aflorando num comportamento que, aparentemente, parece estranho.

Ou será que o brasileiro (a) amadureceu e começa a se servir de outros critérios para eleger suas prioridades de vida; a ponderar com mais profundidade o que é essencial e o que é acidental no programa e planejamento da vida; a refletir mais a respeito das escolhas a fazer em sua existência do dia a dia. O que seria, sem dúvida, um grande ganho para a sua vida e, com toda a certeza, para toda a nação brasileira. Sobretudo, se for aplicado nas próximas eleições de outubro. Seria um grande avanço no comportamento que trará enormes benefícios para o bem comum do país.

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