Estudo indica como a Covid-19 chegou e se disseminou pelo Brasil

Pesquisa conduzida pela USP, em parceria com a Universidade de Oxford indica a origem do Covid-19 no Brasil

Estudo indica como a Covid-19 chegou e se disseminou pelo Brasil

Pesquisa conduzida pela USP, em parceria com a Universidade de Oxford indica a origem do Covid-19 no Brasil

Um estudo do ajudou a rastrear e entender como a Covid-19 chegou e se disseminou no Brasil. A produção é do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Oxford, ao lado de profissionais de diversas unidades e instituições.

Hoje, o país contabiliza mais de 100 mil óbitos e 3 milhões de casos confirmados. Os pesquisadores buscaram compreender como se deu a disseminação da doença dentro do território nacional.

O artigo científico, publicado em 23 de julho na revista Science, foi intitulado “Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil” (em tradução livre: “Evolução e disseminação epidêmica da SARS-CoV-2 no Brasil”).

De acordo com a análise, a transmissão do coronavírus se deu por meio de três cepas diferentes do SARS-CoV-2, que foram oriundas da Europa. Para tal, o estudo analisou o sequenciamento de 427 novos genomas dentro de um conjunto de dados geograficamente representativos, coletados entre março e abril.

O estudo indica que “a transmissão orientada pela comunidade já estava estabelecida no Brasil no início de março, sugerindo que as restrições internacionais de viagens iniciadas após esse período teriam um impacto limitado”, diz o estudo, publicado na revista Science.

Os países com origem dos casos mais importados foram a Itália (26%) e os Estados Unidos (28%).

Entre as três cepas diferentes encontradas no país, o chamado “Clado 1” circulou predominantemente no estado de São Paulo. O “Clado 2” foi difundido em 16 estados do país, enquanto o “Clado 3” se concentrou no Ceará, dentro de um conjunto global com características típicas da Europa.

O termo clado significa que as três linhagens tiveram um ancestral comum, o coronavírus original. “A mobilidade afeta a transmissão global e local do SARS-CoV-2 e demonstra como a combinação de dados genômicos e de mobilidade pode complementar as abordagens tradicionais de vigilância adotadas pelos órgãos responsáveis”, explica Nelson Gaburo, gerente geral do DB Molecular, um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa.

Intervenções não farmacêuticas

Após chegar ao Brasil, o vírus passou a circular entre a população. Isso ocorreu mesmo com a adoção de medidas como o isolamento social, chamadas pelo estudo de intervenções não farmacêuticas (INFs).

“Descobrimos que o número estimado de importações internacionais diminuiu concomitantemente com o declínio no número de passageiros internacionais viajando para o Brasil. Por outro lado, apesar da queda no número de passageiros que viajam em voos nacionais, detectamos aumento nos eventos de movimentação de linhagens de vírus entre as regiões brasileiras pelo menos até o início de abril de 2020”, explica a pesquisa.

Os dados obtidos pelo estudo sugerem que as INFs reduziram a disseminação do vírus entre os estados. No entanto, a mobilidade dentro e entre estados continuou acontecendo. Por exemplo, o comprimento médio da rota percorrida pelos passageiros do transporte aéreo aumentou 25%. Este resultado se deu mesmo com a redução no volume de voos disponíveis no país.

A pesquisa identificou que os voos com distâncias inferiores a 1 mil km/s tiveram redução de 8,8 vezes. Enquanto as viagens com mais de 2 mil diminuíram apenas 4 vezes.

“Essas descobertas enfatizam os papéis da mobilidade dentro e entre estados como um fator-chave da disseminação local e inter-regional do vírus”, explica Gaburo. As conurbações urbanas altamente povoadas e bem conectadas na região sudeste se tornaram a principal fonte de exportação do vírus dentro do país.

Sugestão do estudo

O estudo sugere que, embora as intervenções tenham, inicialmente, reduzido a disseminação do coronavírus, a continuidade dos casos indica a necessidade de impedir a transmissão futura.

Seja com triagem diagnóstica, rastreamento de contatos, quarentena de novos casos e coordenação social e física do distanciamento em todo o país.

“Com o recente relaxamento das INFs no Brasil e em outros lugares, é necessária uma vigilância molecular, imunológica e genômica contínua para decisões baseadas em dados em tempo real”, completa Gaburo.


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