Eu Morta ft. Enterrada
Esta e uma história verídica. Aconteceu com um amigo de um amig… Não. Aconteceu comigo semana passada.
Sexta-feira de sol. Acordei um ano antes do horário da aula, como sempre, pra dar tempo de enrolar.
Tudo para ser uma sexta-feira normal, tomei café, comi qualquer coisa da geladeira, fiquei tweetando qualquer m*rda até chegar a hora do diabo me tirar de casa.
Fui na aula bem lindamente. Me enchi de alegria ao lembrar que as aulas de sexta são quase todas português e literatura. Estava feliz.
Ultima aula avacalhou. Não lembro a matéria, nem o assunto. Só lembro de ter começado com dor de cabeça de repente vinte minutos antes de acabar a aula.
Daí em diante, meus filhos, só fui cada vez mais pro fundo do poço. Minha visão do lado direito tava numa coreografia totalmente psicodélica. O moço do lado que pegou minha caneta emprestada teve que me chamar três vezes e depois ajuntar a caneta do chão pra mim.
Eu não via nada. Tentava avisar pra Dona Minha Mãe no celular que ela já podia ligar pra funerária e pra floricultura pra eles me esperarem já prontos em Brusque quando eu chegasse e não conseguia formar frases. Eu pensava no que eu queria dizer, mas não conseguia me expressar. Falei coisas do tipo “eu chegar casa” ou “não tô formar palavras”.
COISA DO DIABO!
Encontrei uma amiga da minha irmã – ela me encontrou, para ser mais exata -, vi uma imagem dela dançando e adivinhei quem era.
Rezando pra não morrer nem na rua nem em qualquer lugar que não fosse minha casa, cheguei na casa do meu tio e pedi peloamordedeus por um remédio que aliviasse minha dívida no purgatório.
Como todos os dias, fui jogar UNO com meu primo. Eu não entendia as ligações de cores e números, errava a conta quando tinha que pegar mais de uma carta, na minha vez só comprava cartas por ser a ação mais simples.
Depois do almoço eu combinei comigo que não ia me avacalhar vomitando no meio da rua. “Só dez minutos, aguenta só dez minutos”.
Cheguei em casa por um milagre após atravessar as ruas como uma criança de zona rural. Deitei no sofá, segurei na mão de Deus e minha oferta para acabar com o sofrimento estava chegando a “eu prometo que passo um mês no convento depilando as irmãs”.
Finalmente consegui dormir. Uma hora depois meu santificado avô chegou de carro cercado de anjos tocando violinos e arpas, borrifando aromatizadores e purpurinando meus passos, para me levar pra casa. Para deixar claro, a idéia antes de minha saúde tirar férias era eu ir de ônibus.
Pra sempre, dormi eternamente até o fim dos tempos.
Acordei sábado achando que estava renovada. Fui beber de noite e PÁ. Só podes estar de BRINKS com a minha cara, né?! – diz meu estômago. Fui bem fofuxa pra casa aprender a não inventar moda.
Dycas: Como dizem as santas pessoas que me acolheram num momento assim, o que eu tive foi enxaqueca. E essa é problema apenas do fígado, facilmente melhorado com uma dose grande (uns 6 tubinhos) de Epocler. Que a anta aqui só tomou um por ser horrivelmente nojento.
Aplausos para meu organismo, por favor.