Ex-PM de Guabiruba é condenado por administrar empresa de segurança durante o expediente

Waldrigues atualmente está aposentado e nega ilegalidades

Ex-PM de Guabiruba é condenado por administrar empresa de segurança durante o expediente

Waldrigues atualmente está aposentado e nega ilegalidades

A juíza Iolanda Volkmann, da Vara da Fazenda de Brusque, condenou Carlos Roberto Correa Waldrigues, ex-sargento da Polícia Militar em Guabiruba, por improbidade administrativa e por infringir o Estatuto da PM ao administrar empresa de segurança durante o expediente militar.

A sentença da juíza foi publicada no dia 11 deste mês. Da decisão, cabe recurso. O veredito determina que ele pague três vezes o valor da remuneração bruta que recebia em fevereiro de 2015.

A magistrada também determinou que ele fique proibido de contratar com o poder público por três anos.

Histórico
A ação começou em 2015, quando Waldrigues era sargento lotado no pelotão da polícia em Guabiruba, vinculado ao 18º Batalhão de Polícia Militar. Uma sindicância interna apurou os indícios de ilegalidades e ele foi denunciado ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC).

A apuração do Ministério Público e da sindicância do batalhão incluiu escutas telefônicas. Waldrigues foi considerado como o administrador da IBW Monitoramento, que oficialmente estava no nome da mulher e da filha dele.

O MP-SC apontou que Waldrigues era o chefe de fato na IBW. As escutas telefônicas demonstraram, no entendimento da juíza, que o ex-PM é quem comandava as escalas de trabalho e detinha conhecimento do funcionamento da empresa.

A IBW prestava serviço para vários estabelecimentos do município. Os clientes foram chamados a prestar depoimento em juízo.

Dois deles afirmaram que lidavam somente com a esposa de Waldrigues. Já os demais disseram que o contato era direto com o ex-policial.

A sindicância interna, que embasou a denúncia do MP-SC, também apontou que Waldrigues atuava pela empresa durante o seu serviço como policial. Nove colegas dele da PM foram ouvidos, sendo que oito confirmaram que ele tratava da IBW durante o expediente.

“Referidos policiais teriam informado, ainda, que o réu, mesmo quando em horário de trabalho, costumava passar a noite nos estabelecimentos que haviam contratado os serviços da empresa da sua família, para conversar com os seguranças e realizar pagamentos, e, mesmo quando não estava em serviço, realizava ligações frequentes à Polícia Militar para que fossem realizadas rondas nos locais onde seus seguranças trabalhavam (embora não houvesse motivo real que justificasse esse deslocamento)”, sustenta o Ministério Público.

Segundo o processo, esses atos aconteceram quando ele ainda era PM, por isso ele foi denunciado. Pelo estatuto da corporação, o policial militar não pode ser sócio em empresa.

Waldrigues se aposentou em julho de 2017 como 3º sargento da PM, de acordo com Portal da Transparência do estado.

Defesa
Waldrigues negou todas as irregularidades em juízo. Ele reiterou que quem administrava a IBW era a mulher, não ele. Admitiu saber da proibição por ser policial.

Ele falou que algumas vezes foi buscar e realizar pagamentos, mas só quando a esposa não podia. O ex-policial militar negou que fizesse pagamentos e recebimentos em horário de serviço e fardado.

Disse também que como é muito conhecido em Guabiruba, muitas pessoas ligavam para ele, para pedir que a PM fosse realizar rondas, quando ele estava de folga. Negou que ligasse constantemente para que fossem aos locais das empresas clientes da IBW.

A defesa de Waldrigues ainda pediu a nulidade das escutas telefônicas, sob argumento de que são viciadas e prejudicaram ele no processo. 

Nesta quinta-feira, 20, pela manhã, a reportagem tentou contato com o advogado Ricardo José de Souza, que defende Waldrigues, diretamente no celular, mas as ligações foram para a caixa postal.

Também foi feito contato com ele no escritório, mas Souza não estava. Não foi possível entrar em contato diretamente com Waldrigues.

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