Essas mulheres que assombram, permeadas de humor e tristeza, como se fossem alteridades secretas imiscuindo-se entre nós, que por certo temos medo. Sua beleza se encontra nas rugas, no sangue e no riso. Olham-nos com grandes expressões interrogativas, e nosso primeiro impulso é fugir, confrontados que somos com nossa própria humanidade.
Com uma estética fora do padrão convencional, as criaturas de Deivid Hodecker trazem outra beleza que não está no bonito e singelo, mas encontra-se na aflição e fragilidade. Ousam, com uma honestidade quase decorativa afrontar a ilusão do trivial. Deparamos com verdades inevitáveis: solidão, feiura, desespero.
Forçados que somos a encarar a morte, não negamos a vida. Em seus traços que beiram ao caricatural, disseca-se a carne para encontrar a plenitude da linha. E então vem a cor, que não é tímida, ao contrário, enxagua, vivifica, transcende.
Cada desenho-pintura é uma experiência, um alavancar de possibilidades, que vão do frio ao calor, ultrapassando continentes etéreos, marcando o inefável desejo de busca. Completamente capturados, emergimos em dimensões impensadas, turistas de nossa própria história.
A abertura da exposição acontece hoje, às 20h, na Assevim. O acervo permanece para visitação até 26 de maio, das 14h às 22h.
Deivid Hodecker
Brusquense, desde criança desenha e pinta. Já no colegial seus desenhos tiveram destaque, o que o motivou a estudar desenho com Márcia Cardeal e depois pintura a óleo com Márcia Dutra. Aos 19 anos começou a cursar Design Gráfico na Univali, o que motivou seu aprofundamento em técnicas e materiais artísticos e com a história da arte.
Participando do grupo de arte contemporânea G13, sempre traz um trabalho original e inovador onde sua marca registrada são desenhos, pinturas ou em arte digital de personagens com padrões estéticos que fogem ao convencional, prevalecendo o exagerado e o bucólico, com subjetividades aparentes que falam de tristeza, aflição, desilusão e morte.
Na mostra Adoráveis Criaturas os títulos falam por si: Coração Enterrado, Me despindo do quando, Tudo sempre passa, Vestida de mim, entre outros. Hodecker também realiza trabalhos para as empresas Guilhermina de Paula, Voortrekker, e mantém sua marca de estampas com clientes exigentes e de bom gosto.
Entre uma hora e outra, Hodecker divide seu tempo no trabalho, e estudos em seu ateliê. Em 2013, estudou História da Arte, com a professora Vânia Gevaerd, no Museu Azambuja.