José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Extremos

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

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José Francisco dos Santos

No dia dos professores, muitas mensagens que circularam nas redes sociais traziam a imagem da paquistanesa Malala Yousafzai, a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, e que se tornou um símbolo da luta pelo direito à Educação. A ONU, inclusive, instituiu o dia 10 de novembro como o “Dia de Malala”, e ela é reverenciada como heroína no Paquistão e em muitos lugares do mundo, que sofrem problemas parecidos. A menina foi baleada pelos radicais do Taleban, por defender em seu blog o direito das meninas à educação. O Taleban é um grupo político/religioso do Paquistão, que já governou aquele país e para quem as mulheres não têm direito à educação formal, além de muitas outras restrições, como o uso da burca, entre outras. Malala não apenas reforça o coro mundial contra a discriminação das mulheres em muitos países, mas nos dá um recado direto.

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Aqui o acesso à escola por parte de crianças de ambos os sexos não é apenas um direito, mas um dever legal. Com certeza, Malala adoraria morar aqui e poder usufruir dessa sagrada oportunidade. Mas para muitos dos nossos meninos e meninas, de todas as idades, isso não tem muita importância. Para eles, a educação parece ser uma obrigação e um fardo, do qual muitos se desfariam, se pudessem, sem o menor pudor ou constrangimento. Nas universidades, o descompromisso e o desinteresse com o próprio aprendizado estão ficando cada vez mais evidentes. Não desconheço as falhas do nosso sistema educacional, mas é muito eloquente essa disparidade cultural, porque estamos dando importância cada vez maior ao que é fútil, e jogando no lixo o tempo e a oportunidade de aprender, enquanto há quem esteja arriscando a pele por essa possibilidade. Nossa cultura parece caminhar em sentido oposto à luta de Malala.

Lembro-me de um artigo da psicóloga Rosely Sayão, de um tempo atrás, que dá um exemplo típico dessa futilização cultural. Muitas mães estão vestindo suas filhinhas de mini “piriguetes” e levando-as a “baladinhas”. A colunista pergunta-se “Enlouquecemos ou o quê?” No momento em que temos a oportunidade de repensar nosso sistema educacional, a figura de Malala nos ajuda a fazer esse contraponto. Devemos divulgar mais a história dessa menina, como a de muitas crianças que vivem em condições precárias em países com inúmeras restrições de direitos, ou em lugares totalmente inadequados, como os campos de refugiados existentes pelo mundo afora. Talvez elas nos ajudem a valorizar um pouco mais as oportunidades que temos. Se vivemos numa época de bonança, comparada a períodos anteriores, não precisamos nos perder no consumismo e na futilidade. Que a nossa incrível capacidade de nos sentirmos insatisfeitos, não importa o que tenhamos, não nos impeça de usufruir com alegria e responsabilidade os bens e direitos pelos quais muitos estão dando a vida pelo mundo afora.

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