A devoção pela religião católica apostólica romana está presente desde os primeiros dias de Botuverá. Hoje, com uma Igreja Matriz e nove capelas espalhadas pelo município, a cidade é conhecida como a mais católica de Santa Catarina: o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, aponta que 92,8% dos botuveraenses são adeptos.

A história desta tradição é contada nas pesquisas do diretor de Cultura do município, Pedro Luiz Bonomini, que investigou as origens dos templos e também a formação católica da cidade.

Contudo, essa influência religiosa vem muito antes da data de emancipação político-administrativa de Botuverá, em 9 de junho de 1962. De acordo com as pesquisas de Pedro, a bagagem de fé vem desde a colônia, pois os desbravadores das terras onde hoje se encontra o município são originários da Itália e trouxeram consigo o catolicismo.

Inicialmente chamada de Porto Franco, o povoado começou a se formar em 1876. Conforme Pedro, durante as imigrações alguns países se preocupavam com a situação dos emigrados nos países de destino. Era prestado auxílio, com orientação de construir uma escola para instruir as crianças antes mesmo que o próprio templo religioso.

“Era o caso da Alemanha. A Itália não demonstrava nenhum interesse em acompanhar a situação do seu povo que debandara para outros países. Contudo, a fé e a religiosidade de suas origens acompanhou os imigrantes italianos que aqui as cultivaram com o mesmo fervor”, explica.

Pedro detalha que as edificações eram feitas de madeira, abundantes na região. Inclusive, a primeira capelinha de Botuverá foi construída em madeira, onde hoje está localizado o cemitério municipal.

“No início da colonização, não houve nenhum benefício econômico ou social promovido pelo catolicismo ao povo imigrante, pois não havia mais que três visitas anuais ao povoado pelos padres da paróquia vizinha de Brusque. E isso era exclusivamente para celebrações religiosas”, conta.

Ainda sobre as primeiras construções, Pedro explica que a falta de uma olaria e a precariedade das estradas dificultavam realizar obras em alvenaria no local.

Porém, as primeiras edificações com tijolos surgem em 1898, quando foi instalada a primeira olaria no povoado. Dela, teriam surgido os tijolos que formaram a construção da atual Igreja Matriz.

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Formação dos templos

Pedro Bonomini/Arquivo

A força católica movimentou a construção da Igreja Matriz no final do século 19 e a da primeira capela no município, a de Águas Negras, concluída em 1914. Com o aumento da população e chegada de novos imigrantes, surgiram outras capelas: Ribeirão do Ouro, Lageado, Pedras Grandes, Sessenta, Ourinhos, Vargem Grande, Areia Alta e Areia Baixa.

“Com a instalação da paróquia São José de Botuverá em outubro de 1912, a Igreja começou a demonstrar uma participação mais ativa na formação de seu povo, com a implantação de uma Escola Reunida para a educação formal e o ensino religioso através do catecismo”, afirma Pedro.

Pedro reflete sobre os impactos do catolicismo e a participação no desenvolvimento sociorreligioso da cidade. Ele destaca a relação de boa parceria com o poder público municipal, além de apoio em atividades socioculturais, como a tradicional Festa Bergamasca, que é realizada há 29 edições nas dependências da Paróquia.

“O grande benefício do catolicismo na construção de Botuverá, foi sua orientação ao povo para a observância dos seus preceitos de ordem moral e religiosa que preservaram incólume por tanto tempo este povo dos distúrbios e problemas sociais e econômicos, sem criminalidade e insignificantes problemas sociais”, completa.

Sobre as capelas, existem poucos registros documentais. Para contar a história de cada uma, as reportagens se basearam em relatos de membros do clero e da comunidade.

Fundação dos templos de O Município


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