Ele é super criticável. Comete injustiças históricas. Privilegia nomes menos importantes e esnoba outros fundamentais, dizem os críticos. Eles estão errados? Não. Mas uma coisa é inevitável: a noite da festa dos novos membros do Rock & Roll Hall of Fame é sempre digna de atenção. Seja pelas apresentações (ou falta delas), seja pelos discursos.

Quem não se apresentou? Janet Jackson (que foi apresentada por Janelle Monae). Aparentemente, foi um protesto relativo ao documentário Leaving Neverland, aquele sobre Michael Jackson, veiculado pela mesma HBO que mostrou o evento. Mas foi e fez um discurso, homenageando a família. Ok, né?

A figura feminina mais representativa da noite, porém, foi outra. Stevie Nicks agora tem dois “espaços” no Hall da Fama. Já tinha sido incluída como membro do Fleetwood Mac e, agora, ganhou um lugar solo. Mais que merecido. Que venha o reconhecimento para mais e mais mulheres, podemos pedir? Aliás, esse foi um pedido de Janet Jackson, para não cometer injustiças…

E por falar nisso, a noite corrigiu uma injustiça histórica: depois de quatro indicações, finalmente o The Zombies foi incluído no Hall da Fama. Foram quase 30 anos de espera. A banda parecia estar muito, muito feliz – e tiveram o privilégio de poder fazer discursos individuais, o que a cerimônia costuma evitar, depois de vários episódios de discursos longos demais.

David Byrne (nome que eu não consigo ler ou dizer sem tentar emular o sotaque de seu protegido Tom Zé, sorry) fez a apresentação de outra banda que já foi indicada anteriormente e que só agora ganhou um lugar na “galeria”, o Radiohead. Que também não se apresentou… mas por um motivo bem mais prosaico: Thom Yorke, Jonny Greenwood e Colin Greenwood não compareceram. Pena.

Já o The Cure, às vésperas do lançamento de um disco inédito, cumpriu todos os requisitos e fez uma apresentação digna da banda. Foram apresentados por Trent Reznor, que destacou o enorme impacto que a banda de Robert Smith causou na cena rock. Merecido.

Teve ainda o mais recente arroz de festa, Brian May, apresentando o Def Leppard.

E, escolha pessoal minha, com licença, o melhor da noite: Roxy Music (sem Brian Eno, infelizmente), uma banda que precisa ser resgatada para as novas gerações, com urgência. Entre as músicas que apresentaram, estavam as mais do que clássicas Avalon e More Than This. De derreter corações nostálgicos.

 

O encerramento da noite, aquele momento irresistível que junta um monte de conhecidos no palco, foi primoroso: uma versão de All The Young Dudes, de David Bowie, que já teve várias regravações, todas muito audíveis.