Formalização é o desafio do setor vestuário em Brusque

Cerca de 21% das formalizações correspondem a facções e confecções, no entanto, ainda existem muitas empresas atuando na informalidade da cidade

Formalização é o desafio do setor vestuário em Brusque

Cerca de 21% das formalizações correspondem a facções e confecções, no entanto, ainda existem muitas empresas atuando na informalidade da cidade

Aos poucos, o setor de vestuário de Brusque tem saído da informalidade. Facções e confecções do município estão apostando na regularização como forma de se garantir no mercado e ampliar os lucros. Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mensalmente, cerca de 21% das formalizações realizadas por meio da Sala do Empreendedor são deste segmento.

“Hoje, atendemos uma médica de 120 microempreendedores individuais (MEI) por mês. Desses, 21% são facções que querem se regularizar. E quando falo de facções não é somente aquilo que envolve costura, mas empresas voltadas para talhação e empacotamento também estão se regularizando”, afirma o diretor da secretaria, Celso Schwartz.

De acordo com ele, as facilidades para se tornar um microempreendedor individual aliadas a cobrança do próprio mercado são os principais motivos para o crescente número de facções e confecções formalizadas. “Estamos percebendo que as pessoas estão querendo melhorar de vida, os fabricantes estão exigindo nota fiscal, e além disso, passam a ter amparo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que não acontece quando atuam na informalidade. Brusque tem essa característica. O comércio atacadista está quase todo formado em cima desta estrutura, por isso, a formalização é importante”, destaca.

No entanto, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Vestuário de Brusque e Guabiruba (Sintrivest), Marli Leandro, afirma que o município ainda é conhecido por ter muitas empresas atuando na informalidade. “Ainda temos a fama da informalidade, principalmente nas facções e confecções que são pequenos núcleos que acabam se formando. Ainda temos muitos casos assim. Isso não é legal para a empresa que vai encaminhar serviço pra ela, como também para as pessoas que trabalham desta forma porque acabam não tendo benefícios”, diz.

A presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Brusque, Guabiruba, Botuverá e Nova Trento (Sindivest), Rita Cassia Conti, ressalta que o setor é muito importante para a economia da região, principalmente devido à alta empregabilidade. “Nós não conseguimos automatizar muitas realidades da nossa produção, por isso, existe um alto índice de empregabilidade neste setor. Se colocarmos o vestuário e o têxtil juntos, eles somam mais de 65% da economia da região, por isso, precisamos estar mais profissionalizados”, diz.

Ela ressalta que a formalização é um dos primeiros passos para que os empresários não sintam tanto os efeitos da concorrência estrangeira. “Precisamos nos profissionalizar, ter produtos diferenciados para fazer frente a produtos asiáticos. E não temos como qualificar essa mão de obra, se a empresa não está legalizada”.
Marli destaca ainda que hoje, as facções são muito exigidas, principalmente as que prestam serviços para os grandes magazines. “Existe a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) que fiscaliza as empresas que trabalham para os grandes magazines. Essas empresas precisam fornecer trabalho somente para empresas que estão legalizadas, que tenham seus trabalhadores registrados”.

A presidente do Sindivest também ressalta que na informalidade, as empresas, muitas vezes, deixam de lucrar. “Tem facções que não têm trabalho, reclamam da crise, e outras que estão legalizadas e não dão conta do serviço, então podemos ampliar isso, ter uma economia mais saudável neste sentido, vai ter encargos, sim, isso é a economia brasileira, mas temos que lutar no sentido de diminuir essa carga tributária e fazer com que o mercado seja bom para todos”.

Rita afirma que a formalização do setor será uma das principais ações do sindicato ao longo deste ano. “Queremos aumentar este índice de formalização dessas pequenas empresas. Isso está no nosso planejamento, montar um banco de dados, buscar essas pequenas confecções e facções e trazê-las para a formalidade”, diz.

Seis anos formalizada

Há 20 anos, Cecília Rezini, 42 anos, começou a costurar em casa. O negócio prosperou e há nove anos ela decidiu investir em algo maior. Nascia, então, a Rafanini Confecções. Por três anos ela atuou com a empresa na informalidade, mas há seis anos procurou se regularizar. Apesar da burocracia, a formalização valeu a pena, já que o trabalho na confecção não para. “Tem o lado ruim que é a burocracia, os impostos. Para tudo preciso tirar nota fiscal, gasto em torno de R$ 1 mil todo mês com impostos, mas tenho bastante serviço”, diz.

A sua empresa está localizada em uma pequena sala nos fundos de casa, no bairro Souza Cruz. Lá, ela emprega mais seis costureiras, todas com registro na carteira de trabalho. “Trabalhamos por turnos. Umas fazem das 5h às 13h30, outras das 13h30 às 22h. Dou opção de horário para elas porque elas têm família e fica melhor assim”, afirma.

A facção produz moda feminina para as grandes magazines. “Produzimos em larga escala. 1,5 mil, 2 mil peças, que confeccionamos em cinco, seis dias, dependendo do modelo. A empresa fornece o molde e nós executamos. Nossa produção vai para lojas como a Havan, Marisa, Pernambucanas”, conta.

A Rafanini é uma das empresas fiscalizadas pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). “Produzir para as grandes magazines exige selo de qualidade, que é de responsabilidade da Abvtex. Eles fiscalizam todas as questões, inclusive trabalho escravo, alvarás e carga horária. Essas empresas não contratam se não tiver o selo da Abvtex”, destaca Cecília.

Segundo ela, a principal dificuldade hoje está na mão de obra. “Está complicado conseguir costureira. Temos muito serviço, mas não temos mão de obra. Estou há quase três anos tentando contratar, e está muito difícil, ninguém mais está aceitando trabalhar por muito tempo”.

Sindivest tem aproximadamente 600 empresas filiadas
Sintrivest conta com mais de 5 mil trabalhadores sindicalizados e 1.169 empresas cadastradas
Cerca de 21% das formalizações na Prefeitura de Brusque são de facções e confecções
Setor têxtil e de vestuário corresponde a 65% da economia regional

 

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