Dando continuidade à série que visa retratar um pouco da história das principais colônias alemãs fundadas em Santa Catarina, o tema de hoje aborda a primeira colônia alemã do Estado: a Colônia de São Pedro de Alcântara, fundada na cabeceira do rio Maruim e às margens da Estrada de Lages. A ideia de colonizar o território vinha desde 1793, mas se tornou realidade apenas em 1º de março de 1829.

Como vieram os primeiros imigrantes alemães para o Estado de Santa Catarina

Os imigrantes alemães que fundaram a Colônia de São Pedro de Alcântara saíram da Europa para o Rio de Janeiro com o navio “Joanna Jacobos”. Da Capital do Império foram transportados até o porto do Desterro (atual Florianópolis) em dois navios, sendo que em 7 de novembro de 1828 aportou o brigue Luiza, com 276 pessoas e, em 12 de novembro do mesmo ano arribou o bergatim Marquês de Viana, com 359 pessoas. Foram, no total, 635 pessoas sendo que 523 eram provenientes de Bremen e os 112 restantes eram indivíduos liberados da chamada “Legião Alemã”, corpo de tropa mercenário, que havia sido dissolvido no Rio de Janeiro, aos quais se acrescentou ainda soldados do 27º Batalhão de Caçadores da Província. Chegando em Santa Catarina, os imigrantes transportados pelo Marquês de Viana ficaram alojados nos quarteis do Desterro, enquanto os que vieram com o Luiza, por estarem doentes, foram hospedados na “Armação da Lagoinha”, onde receberam amparo médico e assistência.

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Os primeiros tempos da Colônia

O dia 1º de março de 1829 marca a fundação da colônia São Pedro de Alcântara, pois foi quando os primeiros colonos chegaram no lugar. As coisas não foram fáceis. Em abril e novembro de 1830, temporais de granizo arrasador dizimaram as lavouras e, se não bastassem os eventos da natureza, em 15.12.1830 foi editada a lei que cortou qualquer despesa com a colonização estrangeira. Outros problemas também foram obstáculos ao desenvolvimento da colônia, como a introdução de ex-soldados (que não eram agricultores), a falta de área agricultável para expansão, o relevo acidentado, adicionado à tropicalidade acentuada que a tornava imprópria para os cultivos agrícolas a que os imigrantes estavam acostumados. Em função das dificuldades enfrentadas, desde a sua fundação muitos imigrantes se deslocaram para outras áreas.

igreja sao pedro de alcantra nova pintura

São Pedro de Alcântara: colônia-mãe de outros núcleos coloniais

Contingências históricas fizeram com que a Colônia São Pedro de Alcântara fosse a colônia-mãe de outras comunidades alemãs no Estado. Forneceu material humano para o desenvolvimento de diferentes núcleos e também para a fundação de novos núcleos. Muitos colonos migraram para o vale do rio Itajaí, para o vale do Rio Araranguá e, ainda antes de 1850, alguns se fixaram nas povoações de Belchior e Pocinho, às margens do rio Itajaí-Açu. Mais tarde, se fixaram no vale do Armazém (rio Tubarão) e no século XX fundaram Forquilhinha, no sul catarinense. Passados 188 anos (1828-2016), os descendentes dos imigrantes alemães saídos de lavouras e pequenas vilas da região do rio Mosela venceram em São Pedro de Alcântara. Com coragem aliada a fé, os descendentes dos imigrantes alemães, sempre muito resistentes, fizeram da antiga colônia um lugar muito agradável e hoje estampam, em seu semblante, a alegria do vencedor.

Fonte de Pesquisa: PIAZZA, Walter Fernando. A Colonização de Santa Catarina. 3ª edição. Florianópolis: Editora Lunardelli, 1994.

Fragmentos da História da Colonização Alemã em Santa Catarina: Parte III

No próximo Blog, vamos conhecer um pouco mais sobre a Colônia São Paulo de Blumenau (atual Blumenau), fundada em 1850. Até lá!