Em 06.09.1859, Francisco Carlos de Araújo Brusque, por ato do Imperador, foi nomeado Presidente da Província de Santa Catarina, vindo a substituir João José Coutinho. Naquele tempo, Araújo Brusque era deputado da Assembleia Geral Legislativa pela Província do Rio Grande do Sul. Acompanhado da família, chegou a 20 de outubro de 1859, a bordo do vapor “Princesa de Joinville”. Desembarcaram no trapiche da Alfândega de Desterro, de onde seguiram para o Palácio. Tomou posse da administração catarinense no início da tarde do dia 21, com as formalidades de costume. Os festejos de recepção envolvendo as forças políticas duraram até meia noite.

A árvore genealógica de Araújo Brusque revela ascendência de alta fidalguia. Seu avô, Nicolau Bruscchi, era um nobre de Florença (região da Toscana, Itália) que se instalou em Portugal por volta de 1762. Conquistou a confiança do rei e foi nomeado Mordomo-mor do Paço. Nicolau se casou em Lisboa com Ana Joaquina Vieira de Aguiar e Almada, que pertencia a alta nobreza lusitana. O nome de Nicolau Bruscchi foi inscrito nos registros da fidalguia portuguesa, com direito de transmitir a todos os seus descendentes os privilégios decorrentes.

Em 1808, a transferência da Família Real portuguesa para o Brasil fez com que a família Bruscchi se separasse. Nicolau, o pai, permaneceu em Portugal, com a esposa e os filhos José Luís e Maria Amália, administrando os bens da Família Real. Dois filhos, João e Francisco Vicente, militares, acompanharam a Real Família no seu êxodo para o Brasil. João Bruscchi acabou retornando à Portugal e Francisco Vicente ficou no Brasil, incorporado ao Exército do Vice-Reinado. Em janeiro de 1818, Vicente Bruscchi foi promovido a Tenente Coronel de Milícias e, na Capitania de São Pedro do Rio Grande, casou com Delfina Carlota de Araújo Ribeiro, filha do Comendador José Antônio de Araújo Ribeiro, de nobre ascendência lusitana.

Francisco Carlos de Araújo Bruscchi, filho de Vicente e Delfina, nasceu em Porto Alegre no dia 24.05.1822. Diplomou-se na Faculdade de Direito de São Paulo em 1845 e depois voltou à terra natal, onde se filiou ao Partido Liberal. Casou-se com Cecília Amália de Azevedo, com quem teve 7 filhos. Foi eleito deputado à Assembleia Provincial em 1849, 1854 e 1856. Fez as campanhas do Sul e obteve a medalha de mérito militar de ouro, com honras de coronel. Como deputado à Assembleia Geral, figurou pela sua Província de 1856 a 1859 e pela Província do Amazonas, de 1863 a 1866. De 1873 a 1875 voltou ao Parlamento ainda pela Província do Amazonas. Ocupou as Presidências das Províncias de Santa Catarina (1859-1861) e do Pará (1861). Foi Ministro da Marinha e interino da Guerra. Retirou-se da política em 1875, passando a exercer a advocacia. Possuía os títulos de Oficialato da Rosa, o Hábito de Cristo e a Grão-Cruz do Leão Neerlandês.Brasão de Brusque

Curta foi a passagem de Araújo Brusque por Santa Catarina (de 21.10.1859 a 17.04.1861), mas na sua gestão, além da Colônia Itajahy (Brusque) também foram instaladas as Colônias de Teresópolis e Angelina, todas em 1860. Acompanhou pessoalmente os primeiros imigrantes à Colônia Itajahy, e em sua homenagem a cidade recebeu seu nome. A 20 de março de 1861, atendendo a apelos do Imperador, Araújo Brusque concordou em assumir a Presidência da Província do Grão-Pará e em 22.04.1861, acompanhado da família, deixou Santa Catarina.Centro de Brusque, entre 1929 e 1931.

Uma curiosidade: a família Brusque utilizou o sobrenome Bruscchi até 1846-1847, quando passou a assinar a forma abrasileirada do nome. Isso talvez explique, em partes, a forma como chamamos nossa cidade, com o som de “x” ao invés de “s”…