Governador Raimundo Colombo fala sobre as demandas da região junto ao governo do estado

"A crise política paralisou o país", afirma Colombo

Governador Raimundo Colombo fala sobre as demandas da região junto ao governo do estado

"A crise política paralisou o país", afirma Colombo

O governador Raimundo Colombo esteve em Brusque ontem à tarde para falar sobre a atuação do governo em 2016, assim como informar os prognósticos para o próximo ano.

Na entrevista, Colombo também respondeu perguntas sobre os principais entraves relacionados ao governo neste ano, como o atraso de repasses básicos aos municípios, a falta de uma reforma na escola João Boos em Guabiruba e os rumores sobre pedágio na rodovia Antônio Heil, o qual ele garantiu que não acontecerá durante sua gestão.

“Não tenho nenhum preconceito contra pedágio”, afirmou Colombo. Ele contou que, enquanto prefeito de Lages, conseguiu aprovar um pedágio na BR-116, o que, na sua visão, deu outra cara à rodovia.

“Ela estava abandonada, parecia filme de velho oeste. Todo mundo foi contra o pedágio. Eu disse que era a favor, e hoje ela está revitalizada”, afirma.

No entanto, reafirmou que não irá conceder a Antônio Heil à iniciativa privada. “Não farei isso até o final do governo, isso é assunto que outro governo tem que estudar”.

Outro grande gargalo da região, a obra da barragem de contenção de cheias em Botuverá, segundo o governador, deve andar, de agora em diante. Tinha um problema de licenciamento ambiental, a licença está para sair a qualquer momento”.

Para o governador, 2016 foi o ano mais difícil de sua carreira no serviço público. Segundo ele, “a crise política paralisou o país”. “Quem vai ampliar um negócio, comprar um apartamento, trocar de carro? Para tudo, é um desafio muito grande”, diz.

Colombo também destacou o déficit da previdência estadual, que foi de R$ 3,5 bilhões no ano passado. Em 2016, baixou para R$ 3,1 bilhões, por conta de alterações que foram promovidas na lei, com apoio da Assembleia Legislativa.

O governador também atribui o ano difícil ao crescimento da dívida pública do estado, que recentemente foi renegociada. “Pegamos três, pagamos nove e estamos devendo oito bilhões. Nenhum agiota no mundo teria coragem de cobrar isso de alguém”.

Para 2017, os prognósticos do governo do estado não são os melhores.  “Estamos conseguindo terminar o ano com muita dificuldade, mas conseguimos equilibrar. Para 2017, não da pra ser otimista, tem que ser realista. Será um ano muito duro. O crescimento vai se dar no segundo semestre, se resolvermos o problema político”, afirmou Colombo.


Repasses para os municípios

Colombo foi questionado a respeito dos repasses atrasados do governo do estado aos municípios, os quais foram registrados durante todo o ano, inclusive servindo como justificativa para deficiências em alguns serviços públicos.

O governador reconheceu parte da dívida, mas disse que a maior parte é de recursos que o governo federal deveria repassar, mas não o está fazendo.

“É dinheiro que vem do SUS, o governo federal deve para nós muito dinheiro em saúde, está devendo R$ 50 milhões”, afirma.

Ele disse que se reuniu com o ministro da Saúde, meses atrás, o qual informou a impossibilidade de pagamento integral, e foram acertados pagamentos em quatro parcelas, totalizando apenas R$ 20 milhões.

Portanto, o problema está longe de ser resolvido. Colombo reconheceu que, por problemas internos, o governo atrasou repasses da farmácia básica. Afirma, porém, que já foi feito acordo com as prefeituras para que os valores sejam quitados.

“Tivemos um problema que ficamos seis meses sem pagar os municípios, a gente reconhece, mas já estamos regularizando e isso não vai mais acontecer”.


Escola João Boos

Semana passada, estudantes protestaram contra a situação do educandário, cuja reforma é prometida há mais de três anos pelo governo, e até agora nada. O governador pediu desculpas pelo transtorno.

“O projeto de Guabiruba eu devo reconhecer e pedir desculpas. Ele atrasou, houve uma falha nossa, houve um excesso de burocracia. E a gente errou, temos que reconhecer”, disse o governo, o qual informou que o projeto está pronto e o governo do estado tem dinheiro para fazê-la, o que deve acontecer a partir de fevereiro de 2017.


Obras e infraestrutura

Colombo informou que o governo não irá investir em novas pavimentações e abertura de vias no momento, por falta de recursos, a não ser que se tratem de situações emergenciais. Descartou, por ora, investimento estadual nas vias que ligam Brusque a Camboriú e Guabiruba a Blumenau.

No entanto, lideranças locais cobraram do governador atenção para a ideia de implantar uma terceira pista na rodovia que liga Brusque a São João Batista, uma reivindicação antiga e que já foi incluída mais de uma vez entre as prioridades do orçamento regionalizado.

O secretário regional Ewaldo Ristow Filho, o deputado estadual Serafim Venzon e o prefeito Bóca Cunha fizeram apelo para que seja elaborado, pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), um projeto de terceira pista. O governador ficou de “estudar o projeto” e disse que a “terceira pista é uma coisa essencial”.

O prefeito Bóca Cunha também cobrou do governo agilidade na liberação, pelo Badesc, dos R$ 4 milhões pedidos pela prefeitura para continuar o prolongamento da avenida Beira Rio, no sentido Santa Terezinha.

O governador garantiu, porém, os recursos do estado para as obras na rua Bulcão Viana. Segundo ele, está sendo feita medição na obra, já iniciada pela prefeitura, e que o pagamento será feito assim que essa medição for concluída.


Dinheiro para Udesc

O governador se manifestou a respeito da proposta, que surgiu na Assembleia Legislativa, de aumentar repasses para a Udesc, a Universidade Estadual de Santa Catarina, o que descartou completamente.

“Ontem me mostraram a lista de quanto recebem alguns servidores da Udesc, 35, 37, 50 mil por mês, é brincadeira”, disse o governador, “e aí pedem mais dinheiro pra gente. Vamos dar para as pessoas mais pobres, atender a saúde, onde as pessoas estão sofrendo, não vamos aumentar o percentual da Udesc, de jeito nenhum”.


PEC do Teto de Gastos 

Colombo é favorável à PEC 55, a chamada PEC do Teto de Gastos, em votação no Senado. Ele diz que a limitação dos gastos do poder público e primordial para recuperar o país. Disse, ainda, que não é em pouco tempo que o efeito vai ser sentido, já que a economia tem crescido pouco.

“Haverá um saldo que servirá para corrigir a despesa pública, que está absolutamente exagerada, em todos os poderes. Sou plenamente a favor, vai ser uma coisa muito boa para o país. Ninguém está acreditando no país e ninguém está investindo, precisamos emitir sinais de responsabilidade”, afirma o governador.


Segurança pública

Durante a entrevista, o governador prometeu que em 2017 serão contratados novos policiais militares aprovados em concurso público, decisão que classifica como “fazer uma loucura”, do ponto de vista financeiro. No entanto, ele avalia que isso é necessário, porque a população está assustada. “Não tem como não enxergar que o problema está se agravando”.

Colombo também relatou dificuldades em ampliar as vagas para menores infratores no estado, que estão esgotadas. Ele avalia que se trata de um custo muito caro para cada menor atendido, inviável atualmente, dentro do orçamento do governo.


Afastamento de Renan

Sem ser provocado, o governador Raimundo Colombo teceu comentários a respeito da decisão do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), de afastar da cadeira o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB).

Para ele, o Supremo criou uma crise institucional desnecessária. “Não quero defender ele, nem entrar no mérito. O processo está há sete anos parado, vai terminar o mandato daqui uma semana, aí afasta por liminar o presidente do Congresso Nacional?”, discursa o governador.

“Que República de bananas é essa. Espera o dia primeiro de fevereiro, ajuda o Brasil a passar a crise. Por que incendiar? Por que tacar fogo? Falta um pouquinho de bom senso”, continuou.

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