Grupo é detido por soltar rojões nas casas de adversários políticos, em Guabiruba

Cinco suspeitos, ligados ao PP, são acusados de atingirem residências durante a madrugada

Grupo é detido por soltar rojões nas casas de adversários políticos, em Guabiruba

Cinco suspeitos, ligados ao PP, são acusados de atingirem residências durante a madrugada

Alguns moradores de Guabiruba viveram momentos de apreensão durante a madrugada de ontem. Por volta da meia-noite, cinco homens saíram em um Jetta branco em direção a casas supostamente de adversários políticos, em vários bairros, e soltaram rojões. Os suspeitos seriam integrantes do Partido Progressista (PP), que elegeu o prefeito Matias Kohler e o vice Valmir Zirke no domingo, 2.

Os moradores das residências atingidas foram acordados com as explosões, sem saberem do que se tratava. Alguns dos atingidos ligaram para a Polícia Militar, que realizou rondas e abordou o veículo com os suspeitos na rua Expedicionário Carlos Fischer, no bairro Imigrantes. O motorista de 29 anos foi preso em flagrante por dirigir embriagado, após realização do teste do bafômetro.

Rojão solto na grama explode e respinga lama nas paredes da casa de Ingo Junior e Rubia Fischer / Foto: Divulgação
Rojão solto na grama explode e respinga lama nas paredes da casa de Ingo Junior e Rubia Fischer / Foto: Divulgação

Todos os suspeitos foram encaminhados para a Delegacia de Polícia Civil de Brusque. Os quatro passageiros serão investigados por perturbação do sossego e o motorista, que havia sido preso, foi liberado após pagamento de fiança.

O casal Ingo Valdir Fischer e Rubia Cristina Kormann Fischer estão entre as vítimas. Rubia conta que eles dormiam quando ouviram o barulho. As filhas de 11 e 12 anos começaram a chorar, com medo. Ao abrirem a janela, viram a fumaça saindo da grama, onde havia caído o artefato. As paredes da casa também estavam sujas, devido à lama que respingou. “Foi um susto tremendo. Só ficamos sabendo o que havia acontecido pela manhã, pelas redes sociais, e então registramos um boletim de ocorrência”, conta.

Em um dos BOs na delegacia, Débora Koehler, representante do PMDB Jovem de Guabiruba, conta que escutou um estouro perto de sua casa e, ao abrir a porta, viu que a varanda estava danificada. Somente pela manhã soube que outras casas também haviam sido atingidas pelos rojões.

Outro homem também relatou à Polícia Civil que estava indo descansar quando o rojão foi solto no pátio de casa. Antes da explosão, ouviu ainda alguém ofendê-lo com palavras de baixo calão. Assim que aconteceu a explosão, o homem correu para fora de casa e viu um carro branco sair do local. O pai dele, um idoso e cadeirante, que mora ao lado, levou um grande susto.

O ex-prefeito Orides Kormann, do PMDB, que perdeu a eleição no domingo, também foi uma das vítimas e registrou um BO. Ele conta que acordou com o barulho e a neta, uma criança, começou a chorar. “Foi uma atitude maluca. Na hora não imaginei que fosse algo político, só ouvi o barulho e o carro saindo a todo vapor”, lembra.

Segundo Kormann, pelo menos dez casas foram alvos dos suspeitos, pelo que conversou com conhecidos. “Eu gosto de foguete, mas que se solte durante o dia, para cima, e não de madrugada quando todos estão dormindo e ainda no pátio das pessoas”, reclama.

Rojão solto na grama explode e respinga lama nas paredes da casa de Ingo Junior e Rubia Fischer / Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Prefeito repudia ação

O prefeito do Guabiruba, Matias Kohler, afirma que jamais soltou ou soltará foguetes, porque, além de causar incômodos, pode ser entendido como provocação. Ele conta que durante o discurso da vitória no domingo, 2, orientou e “quase implorou” para que as pessoas comemorassem de forma respeitosa. “Estou decepcionado com o que aconteceu. Infelizmente, um grupo muito pequeno jogou uma imagem muito ruim em cima de todo processo eleitoral”, lamenta.

Com a vitória nas eleições, Kohler afirma que seu grupo política fez a comemoração, mas de uma maneira sadia, com carreata, e cumprimentando, respeitosamente, inclusive os adversários políticos. “Todos têm o direito de fazer a comemoração, mas jamais com ofensas ou atitudes, e menos ainda com esse tipo de agressão que não soma em nada para o processo democrático”.

Kohler diz que soube quem seriam os envolvidos e que o nome de seu filho estaria envolvido. “Conversei com ele ao meio-dia e perguntei onde ele estava ontem (terça-feira) à noite. Ele disse que estava no churrasco, de onde essas pessoas saíram. Inclusive, ele saiu em outro carro também, mas assim que percebeu o que pretendiam fazer, voltou para casa por volta das 23h”, afirma o prefeito.

Kohler ressalta que viu publicações nas redes sociais da participação do filho e, ainda, acusações de que ele mesmo teria orientado o rapaz a causar transtornos. “Lamento essa informação equivocada, mas também vou averiguar o que foi denunciado quanto a isso para tomar as providências, mas de uma forma tranquila. Não quero polemizar, não é hora de colocar mais lenha na fogueira. Agora tem que corrigir o erro”, afirma.

Desculpas publicamente

Os envolvidos no caso ainda estão sob investigação da Polícia Civil e não tiveram os nomes divulgados. Porém, na tarde de ontem, um dos suspeitos, Diego Xefa, fez uma publicação no Facebook, comentando o caso.

“Como já fiz ontem pra algumas pessoas, venho por aqui também pedir desculpas pelas atitudes de ontem. Sei que vão falar, julgar, meter os pés pela boca. Sei que errei. Me arrependo muito de ter feito essas bobagens desnecessárias. Então, desculpas”.

O prefeito de Guabiruba diz que o pedido de desculpas de Xefa não justifica o que aconteceu e serve apenas como uma forma de minimizar a ação. Kohler afirma que os responsáveis deverão responder pelos atos. “Não vou proteger, nem amparar, e não vou defender ninguém, pois nossa orientação sempre foi de respeito ao adversário”, garante.

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