Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Guabiruba e a fé do seu povo: Cruzeiros e Oratórios – parte III

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Guabiruba e a fé do seu povo: Cruzeiros e Oratórios – parte III

Rosemari Glatz

Dando continuidade à série de publicações sobre os cruzeiros e oratórios de Guabiruba, a coluna de hoje é dedicada às questões religiosas associadas ao Morro de São José, que fica entre os bairros Aymoré e Planície Alta. O local é público e o acesso de automóvel pode ser feito via bairro Planície Alta em dias de sol. Pelo bairro Aymoré, o acesso é somente a pé e nas duas entradas há um pórtico.

As calamidades
Segundo escreve Pe. Eder Cláudio Celva no livro: História da Igreja Católica em Guabiruba: cinquentenário da Paróquia (2013), os colonos guabirubenses há muitos anos vinham sofrendo com tempestades e frequentes chuvas de granizo que devastavam as lavouras e que, pelo tamanho e densidade das pedras, chegavam até a matar animais. A verdadeira calamidade aconteceu em 05/10/1962, quando foram dizimadas muitas lavouras, animais domésticos e até animais silvestres foram encontrados mortos.

A tempestade de granizo – que durou apenas 8 minutos -, foi tão violenta que, em alguns lugares, foi suficiente para chegar à quase meio metro de espessura e, mesmo dias após, em algumas partes o gelo ainda era encontrado com facilidade nas grotas. Foi a gota d’água, e o Padre Mathias se compadeceu dos colonos e procurou resolver o caso, apelando ao patrocínio de São José, padroeiro dos trabalhadores.

A primeira cruz
Pe. Mathias falou aos fiéis que era preciso escolher um lugar alto, para proceder com uma bênção a todo o município. Em final de 1962, o padre subiu a montanha com alguns homens do bairro Aymoré, abrindo uma picada a facão. Chegando ao topo, ficaram extasiados com a maravilhosa vista panorâmica. Após descanso, ergueram uma tosca cruz.

O Pe. Mathias então lançou o desafio para que fosse construído um cruzeiro de concreto em substituição ao provisório. A ideia contagiou as pessoas e iniciou-se o mutirão para levar até o local desejado o ferro, cimento, areia e água. No Natal de 1962, a cruz estava pronta, esperando para ser abençoada.

Em 06/01/1963, o povo adentrou a picada em procissão, levando as provisões necessárias. No final do trajeto, houve pausa para descanso e para apreciar a vista espetacular, verdadeira recompensa da natureza depois da íngreme subida. Foi então fincada, no melhor ponto, a cruz em honra de Cristo Rei e, aos pés da cruz, Pe. Mathias fez o sermão e uma alusão ao sacrifício que o povo havia acabado de fazer. Ao terminar, arrancou lágrimas dos presentes quando benzeu o cruzeiro e consagrou o recém-fundado município de Guabiruba à Jesus Cristo e a São José.

O Oratório São José
Ao longo de 1963 o acesso ao morro foi melhorado e iniciada a construção do oratório, a capelinha de São José. Todo o material novamente teve que ser transportado nas costas e até as crianças da escola ajudaram, levando, em sacos, pequenos volumes de areia e tijolos. O oratório foi bento em 07/09/1964 e o lugar onde foi implantada a capelinha recebeu o nome de Morro de São José. Em 2012, a capelinha passou por melhorias e foi construída uma nova cruz, bastante alta, e o primeiro galpão de alvenaria.

Caminhada Ecológica e Religiosa do Morro de São José
A capelinha de São José completou 50 anos em 2014 e, num domingo daquele ano, uma procissão de fiéis subiu até o alto do morro a partir do bairro Aymoré – num percurso de 800 metros, colocando imagens nas pequenas capelinhas de madeira instaladas nas 42 curvas do estreito caminho. O trajeto – que pode ser feito em 45 minutos a pé -, durou cerca de uma hora e meia pois um pároco fez a bênção em cada uma das capelinhas. Atualmente, o caminho é conhecido como local de fé e peregrinação.

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