Marcio Gums, 53 anos, cresceu vendo o pai, Genésio Gums, o famoso Mão de Onça, negociando carros de forma autônoma. Com o exemplo tão próximo, naturalmente ele se interessou pela função.

Dos 13 aos 23 anos, a negociação acontecia em paralelo ao seu trabalho em fábrica. Aos 23 anos, Marcio decidiu se dedicar exclusivamente à venda de veículos. E, em 1983, vendeu sua primeira moto, uma RX 125cc da Yamaha, de forma oficial. “Ela tinha dois anos de uso, foi ali que eu comecei a negociar de verdade, e estou até hoje”, diz.

Dali em diante, ele não parou mais. Vendia uma moto, comprava outra, vendia. De repente, já conseguiu comprar duas motos, depois, estava negociando com três. “O lucrozinho que dava eu sempre investia no negócio”, conta.

Marcio Gums é o proprietário da NM Automóveis | Foto: Bárbara Sales

Em outubro de 1989, em parceria com Nelson Bonomini e o pai, Marcio abriu a NM Automóveis. No começo, a pequena loja ficava no bairro Aymoré e revendia somente motos. Algum tempo depois, a loja foi para onde hoje está o supermercado Archer e, em 1995, foi construída a sede própria, na rua Brusque, onde permanece até hoje.

A partir do ano 2000, a loja deixou de vender motos e focou somente nos automóveis.

“Nos anos 90, vendíamos muitas motos. Tinham poucas revendas, então vinha muita gente de fora comprar com a gente. Teve um ano que chegamos a vender mais de mil motos. Era muita coisa”, diz.

Atualmente, a NM Automóveis conta com um estoque que gira em torno de 70 automóveis de todos os tipos. A média de venda fica em torno de 25 a 30 carros por mês, a maioria, seminovos.

“Hoje o pessoal procura mais os seminovos. Um carro de cinco, seis anos é metade do preço de um novo, então facilita a compra”, diz.

De acordo com ele, os guabirubenses estão preferindo comprar veículos completos e que não ultrapassem muito os R$ 30 mil. “Temos carros de todos os preços, R$ 70, R$ 80, R$ 100 mil, depende do que o cliente quer”.

Em quase 30 anos de loja, Marcio praticamente acompanhou a evolução dos veículos. No começo, as estrelas da revenda eram o Fusca, o Corcel, o Passat, depois veio o Gol chaleira e assim foi até chegar os SUVs e os carros mais modernos que são o sonho de consumo de muitos motoristas.

Adaptação ao mercado
Ao longo dos anos, o mercado automotivo mudou muito e passou por altos e baixos. Se há pelo menos cinco anos, o crédito era facilitado e adquirir um carro já não era tarefa das mais difíceis, hoje, está tudo mais rigoroso, segundo Marcio.

A maioria das compras são feitas por financiamento bancário, o que, na visão do empresário, acaba reduzindo as vendas. “Já houve épocas melhores. Hoje, o crédito bancário está muito difícil e tira metade das vendas. De 10 cadastros que enviamos, apenas três ou quatro são aprovados”, conta.

Por isso, em épocas de crédito reduzido, a empresa precisa se adaptar. Entretanto, como é genuinamente familiar, Gums diz que a NM Automóveis não sentiu tanto as mudanças do mercado.

“Eu e meus três filhos tocamos a loja e tem também mais um funcionário que está comigo há 25 anos, que já é como se fosse filho. A despesa não é tão alta, não pagamos aluguel, quando fica ruim, aperta o cinto um pouco e fica mais fácil de se manter”.

O empresário lembra com saudosismo do início da loja, quando as negociações eram feitas com financiamento próprio e até notas promissórias. “O pessoal pagava tudo certinho, era bonito de negociar. Hoje está bem mais difícil”.

Gums afirma que negociar carros é sua paixão e quando não está na loja, sente muita falta. “Conheço muita gente em Guabiruba, tenho clientes fiéis e gosto muito do que faço, sempre gostei. Nem sonhava que chegaria nesse ponto, sonhava em ter alguma coisa na vida, porque sempre trabalhei certinho, na honestidade, sempre planejado, sem dar um passo maior do que a perna. Devagar e sempre”.