HIV: mais de mil pacientes fazem acompanhamento em Brusque; confira detalhes

Maioria deste número é de homens que se autodeclaram heterossexuais

HIV: mais de mil pacientes fazem acompanhamento em Brusque; confira detalhes

Maioria deste número é de homens que se autodeclaram heterossexuais

O Serviço de Atenção Especializada (SAE) da Secretaria de Saúde de Brusque atende 1094 pacientes diagnosticados com HIV/Aids. Segundo a farmacêutica Camila Gilli, mais de 90% deste número são moradores do município.

“Somos referência de Botuverá e Guabiruba, mas o paciente HIV pode escolher em que cidade quer ser acompanhado. Então, temos pacientes de Blumenau, Camboriú, Balneário Camboriú, Itapema e até Curitiba”, detalha.

Deste total, a maioria dos pacientes ainda é de homens e 82% deles se auto declaram heterossexuais, sendo 60% deles casados. Em relação à faixa etária, o maior grupo concentra-se dos 18 aos 29 anos.

“Temos observado nos últimos anos cada vez mais jovens diagnosticados, com menos de 25 anos de idade. Por exemplo, em 2021, dos 68 casos de HIV, 18 foram menores de 25”, aponta Camila.

De acordo com a farmacêutica, uma grande preocupação no combate ao HIV é que muitas pessoas ainda sentem vergonha de buscar pelo exame.

“Acham que por estar em relações estáveis e ‘conhecerem’ o parceiro, não precisam de testagem com rotina. Os testes para infecções sexualmente transmissíveis deveriam ser de rotina anual em toda a população sexualmente ativa”, conta.

Bárbara Barros/Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul

Em muitos dos casos, somente um parceiro faz o teste e, ao estar “não reagente” ao vírus, acredita que o companheiro também esteja.

“Muitas vezes isso não acontece. O ideal seria que todas as pessoas fizessem o teste e que os parceiros conversassem sobre exames e uso de preservativos com mais naturalidade. Se optarem por não se protegerem, têm que estar cientes que suas ações e com quem se relacionam, se eventualmente com terceiros, podem afetar a vida de outra pessoa”, comenta.

Outra questão, segundo Camila, é que muitos pacientes ainda demoram a ser diagnosticados. Ou mesmo diagnosticados, muitos relutam em buscar acompanhamento médico.

“Por preconceito, medo, vergonha. Uma hora ou outra a conta desse atraso chega e o paciente acaba caindo no hospital ou vindo para o serviço com várias doenças associadas. Aí o prognóstico desse diagnóstico é mais complicado”, completa. Camila aponta que, dos casos diagnosticados de HIV no ano passado, 25 já eram Aids. Ou seja, a doença provocada pelo vírus.

A farmacêutica ressalta que todo paciente tem direito ao tratamento e, se segui-lo corretamente, consegue se tornar indetectável. Segundo o Ministério da Saúde, 92% das pessoas em tratamento já atingiram o estágio de estarem indetectáveis no Brasil. Assim, sendo indetectável, a pessoa não transmite o vírus e consegue manter a qualidade de vida sem manifestar os sintomas da Aids.

Número de diagnósticos

Conforme registros do SAE em Brusque, desde 1984 foram 1242 testes feitos que positivaram para HIV no município. Neste ano, foram registrados 23 diagnósticos positivos até 2 de maio.

 

Óbitos registrados

O SAE de Brusque registra 393 óbitos de pessoas com HIV desde 1996. De 2018 até 2022 foram 44 mortes.

Apesar dos dados, Camila ressalta que o paciente diagnosticado que tem boa adesão e acompanhamento no serviço dificilmente morrerá em decorrência do HIV. Por exemplo, em 2020 foram apenas duas mortes cuja causa na declaração de óbito foi HIV/Aids.

A farmacêutica aponta que, nos últimos anos, as causas de mortalidade dos pacientes acompanhados pelo SAE é praticamente a mesma da população em geral.

“Com o advento da terapia cada vez mais potente e com menos efeitos colaterais, e os exames cada vez mais fáceis de serem acessados e mais sensíveis, o diagnóstico que antes era burocrático e demorado começou a ser precoce, o que é ótimo pro paciente, pois dessa forma, ele inicia seu tratamento e acompanhamento antes de desenvolver morbidades decorrentes de sua baixa imunidade”, diz.

Prevenção ao HIV

Para prevenir a transmissão do vírus, o Ministério da Saúde promove a ‘mandala da prevenção’. Camila explica que são estratégias de prevenção contra o HIV.

Ministério da Saúde/Divulgação

O uso do preservativo, masculino ou feminino, em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), do HIV/Aids e das hepatites virais B e C.

“Sabemos que cada pessoa tem hábitos e estilos de vida diferentes. Portanto, cada um deve escolher a melhor maneira de se proteger. Temos, por exemplo, a facilidade de testagem em todas as Unidades de Saúde para ampliar o acesso ao diagnóstico”, conta.

PEP e o PrEP

Outro meio de evitar a transmissão, é o uso da PEP, que é Profilaxia Pós-Exposição ao HIV. O meio é usado caso a pessoa sofra ou um acidente com material perfurocortante, uma violência sexual ou mesmo uma relação sexual sem ou com rompimento do preservativo.

Neste caso, a pessoa tem até 72 horas após a possível exposição para procurar atendimento médico e iniciar a profilaxia com a PEP. Em Brusque, esse primeiro atendimento, feito com teste somado a consulta médica, pode ser realizado em todas as Unidades Básicas de Saúde e no SAE. Caso for à noite no plantão noturno ou no final de semana, é preciso buscar os hospitais Dom Joaquim e Azambuja.

“Posteriormente, o paciente vem na farmácia do SAE com a receita para retirar a terapia profilática. Temos distribuição de preservativos, lubrificantes, preservativos para adolescentes – com diâmetro menor-, e preservativos femininos para toda a população em todos os serviços de saúde da rede municipal”, detalha.

Já a PrEP é um tipo de profilaxia pré-exposição. Camila explica que é como se fosse um “anticoncepcional” para não pegar o HIV.

“Você toma uma medicação todos os dias e pode dispensar o preservativo. Porém, ela só protege contra o HIV, por isso esse paciente faz testes de Infecção Sexualmente Transmissível de rotina, faz consulta médica para avaliar possíveis infecções e tem acompanhamento criterioso pela equipe SAE”, conta.

Para ter acesso o PrEP, o paciente precisa passar por uma avaliação com orientação do SAE. Também, deve fazer testes para ISTs, passar em consulta médica e, então, retirar o medicamento. Tudo de forma gratuita. “Geralmente o paciente leva quatro meses de tratamento, então ele retorna para esse acompanhamento a cada quatro meses”, completa.

Atendimento no SAE

Além de HIV, o SAE também acompanha pacientes com hepatites B e C e tuberculose. Já com relação à sífilis, os casos atendidos são de portadores de HIV que também têm essa IST.

Atualmente, a rede pública de Saúde brusquense descentraliza os diagnósticos. Ou seja, para realizar o teste, a pessoa pode se dirigir a qualquer Unidade de Saúde no horário de funcionamento: das 8h às 12h e das 13h às 17h.

Caso o mesmo dê positivo, o paciente será direcionado ao SAE para mais exames de confirmação, que verificam a carga viral, e continuar o acompanhamento pelo serviço.

“Temos psicólogos, enfermeiros, médico, assistente social e a farmácia no serviço, que oferecem cuidado integral ao paciente acompanhado pelo SAE. No serviço, também ofertamos a testagem, em livre demanda, sem precisar de agendamento”, finaliza Camila.

O SAE fica localizado na rua do Centenário, número 126, no Centro. O atendimento ocorre das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30. O telefone é (47) 3110-1018.


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