Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Índios na região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte I

Rosemari Glatz

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Índios na região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte I

Rosemari Glatz

Na história do Vale do Itajaí-Mirim e de outras regiões dos Vales do Itajaí, os colonizadores são vistos pelo senso comum e pela literatura local como heróis, que enfrentaram diversas dificuldades. Uma dessas seria a difícil vivência da Colônia em contraste com os nativos que se sentiam ameaçados pela grande exploração dos mesmos, causando enfrentamentos entre ambos, muitas vezes violentos com resultados fatais.

Mas, toda história tem dois lados, a versão do vencedor e a versão do vencido. Sem entrar na questão de juízo de valor, pois não cabe aqui julgar quem foram os “mocinhos” e os “vilões”, mas apenas apresentar fragmentos da história de um determinado ponto, na coluna de hoje e nas das próximas semanas, compartilho com o leitor informações que nos permitem conhecer um pouco sobre os índios Xokleng/Laklãnõ, moradores que os colonizadores europeus encontraram ao chegar às novas terras.

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Índios que habitavam a região
Laklãnõ significa gente ligeira, que conhece todos os caminhos. Pela literatura antropológica, os Xokleng/Laklãnõ eram os índios que habitavam a região de Brusque. Regionalmente, são mais conhecidos como índios “Bugres” e “Botocudos”. A denominação “Botocudos” está associada ao uso de um enfeite labial pelos homens, denominado tembetá, ou “Bugres”, designação que também foi dada pelos brancos, mas com sentido pejorativo. Segundo o autor Wiik (1999, citado por Garrote) a denominação Xokleng foi inventada pelos brancos, sendo também conhecidos como “Bugres”, “Botocudos”, “Aweikoma”, “Xokleng”, “Xokrén”, “Kaigang de Santa Catarina” e “Aweikoma-Kaingang”.

Do que sobreviviam
Os índios Xokleng/Laklãnõ, eram um povo migrante entre o litoral e o planalto. Habitavam florestas que cobriam as encostas das montanhas, os vales litorâneos e as bordas do planalto no Sul do Brasil, vivendo da caça e da coleta. A Floresta Atlântica e os bosques de pinheiros (araucária) forneciam tudo o que necessitavam para sobreviver. Caçavam diferentes tipos de animais e aves, coletavam mel, frutos e raízes silvestres. E tinham o pinhão como um dos principais recursos alimentares. O território que ocupavam não tinha contornos bem definidos. As rotas de perambulação eram frequentadas de acordo com o seu potencial em suprir, através da caça e da coleta, as necessidades alimentares do grupo. Mantinham uma disputa secular com o Guarani e o Kaingang, disputando o controle desse território e recursos.

O território dos Xokleng
Antes do contato com o homem branco, o território tradicional dos Xokleng se estendia do planalto até o litoral, aproximadamente de Porto Alegre até os campos de Curitiba e Guarapuava, no Paraná, e incluía quase todo o centro-leste de Santa Catarina. Os planaltos eram de predominância da araucária, fonte de alimento durante os meses de inverno para o Xokleng/Laklãnõ, e de intrigas e disputas com os Kaingang e Guarani pelo pinhão e pela fauna.

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A organização social
Em relação à organização social, de acordo com Silvio C. dos Santos (1965) os Xokleng estavam divididos em grupos locais formados por contingentes de 50 a 300 indivíduos, aparentados entre si. O casamento era regido por regras e costumes próprios, e em cada grupo dos Xokleng as famílias podiam ser constituídas com base na monogamia (apenas um cônjuge), poliginia (um homem casado simultaneamente com várias mulheres), poliandria (uma mulher casada ao mesmo tempo com vários homens) e no chamado “casamento conjunto no grupo”.

Os Xokleng usavam pinturas corporais que estavam associadas a grupos de nomes e a cinco clãs, e a função dessas pinturas era afastar “os Kupleng” – isto é, o espírito dos mortos.

Continua na próxima semana.45

Fonte:
GARROTE, Martin Stabel. Os Conflitos Étnicos entre Colonos e Índios no Sul de Blumenau/SC: Memórias. IX ANPED SUL: Seminário de pesquisa em educação da região sul, 2012.
SANTOS. Silvio C. dos. Os Xokleng, Hoje. Blumenau em Cadernos. Tomo VII. Nº 2. 1965.
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