Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Índios na Região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte III

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Índios na Região do Vale do Itajaí-Mirim – Parte III

Rosemari Glatz

Os Xokleng/Laklãnõ, também conhecidos como “Bugres” e “Botocudos”, eram os índios que habitavam a região dos Vales do Itajaí quando os colonizadores chegaram.

Eles constituíam um povo que migrava entre o litoral e o planalto catarinense, vivendo da caça e da coleta. Por aquele tempo, o índio era visto como um entrave ao processo de colonização, um inimigo a ser vencido, assim como a floresta.

Este discurso gerou conflitos físicos contra os índios, em sua grande maioria violentos e dizimadores.

Veja também:
Governo Jonas e Ari não cumpriu 41% das promessas de campanha até a metade do mandato

Compra de garrafões se torna alternativa para minimizar efeitos da falta d’água

Opinião do jornal: “Crise hídrica é atestado da incompetência do Samae”

No princípio, os colonos não temiam os índios
Em carta enviada por Julius Blumenau ao seu irmão, Dr. Hermann Blumenau, ele relata um ataque de “bugres” a uma residência localizada próxima à serraria de Sallentien e Gartner, instalado em Pedras Grandes (Ribeirão do Cedro, Brusque).

Na carta, Julius relata que os colonos não levavam a sério os pequenos ataques dos nativos: “[…] Antes aqui riam todos acerca dos bugres, como aqui são chamados, porque raramente apareciam, e quando isto acontecia, era para roubar, não para matar” (BLUMENAU, 1855). Alguns colonos não temiam os nativos, entretanto, um acontecimento singular mudou as concepções de suas seguranças pessoais.

No dia 9/11/1855, oito ou nove nativos realizaram uma emboscada na serraria de Sallentien e Gartner, onde estavam escavando um canal para escoar água da serraria quando foram atacados com flechas. O ataque resultou na morte de dois operários e um ferido: Paul Kellner, que foi um dos 17 primeiros colonos de Blumenau e um dos precursores da Colônia Itajaí-Brusque.

Kellner já era proprietário de engenho de serrar madeiras instalado em Pedras Grandes antes de 4/08/1860, quando o primeiro grupo organizado de colonizadores alemães chegou à Brusque. Os cuidados médicos que lhe dispensou o sábio Fritz Müller e a sua natureza robusta e sólida auxiliaram Kellner a se curar.

As patrulhas de bugreiros e as incursões punitivas
Com o desenvolvimento e a expansão dos primeiros núcleos coloniais, os Xokleng foram sendo envolvidos por frentes pioneiras que, incentivadas pelo Governo local, estavam decididas a ocupar definitivamente suas terras.

E o esforço foi de tal ordem que o Governo Provincial financiou diversas incursões de “bugreiros”, e mesmo os jornais da época chegaram ao máximo de anunciar, com antecipação, incursões punitivas que se faziam contra os silvícolas. As companhias colonizadoras e o próprio Governo iniciaram campanhas no sentido de “afugentar os bugres, sem lhes fazer mal”.

Surgiram os piquetes volantes de “patrulhas de bugreiros”, como eram conhecidos, e as “tropas de pedestres”, que passaram a acudir onde os Xokleng apareciam. Em pouco tempo, iniciou-se o extermínio dessa população. Cada ataque da tribo, que dia a dia via seus territórios ocupados, passou a ser respondido com os ataques inesperados e não menos sanguinários dos “bugreiros”.

Veja também:
Janeiro tem a média de temperatura mais alta dos últimos sete anos em Brusque

Procurando imóveis? Encontre milhares de opções em Brusque e região

Alertablu prevê novos temporais para sexta-feira e sábado em Blumenau

Mas os índios Xokleng somente entram para os anais da história em 1852, quando atacaram a casa do Dr. Blumenau, na colônia por ele criada. A partir dessa data, numerosos relatos passam a registrar as “tropelias” praticadas pelos membros da tribo contra os contingentes migratórios que estavam a fixar-se nos Vales do Itajaí.

Mas nem todos os colonizadores eram favoráveis à violência contra os selvagens. O próprio Dr. Blumenau, por exemplo, mesmo tendo sofrido um ataque à sua casa, condenava, em cartas e relatórios, as batidas sangrentas que quase sempre resultavam no massacre de infelizes índios, principalmente de mulheres e crianças, menos capacitadas para escapar à perseguição através do emaranhado das florestas. Infelizmente, esse era o método em voga aos quais os escrúpulos do filósofo alemão também tiveram que se acomodar.

Continua na próxima semana.

Fonte: BLUMENAU, Julius. Carta, 7 de dezembro de 1855, Colônia Blumenau para Hermann, Alemanha. 2 folhas. Ataque de índios.

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo