Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque – Parte II

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A indústria têxtil em Brusque – Parte II

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Conhecida como “Berço da Fiação Catarinense”, a transição da Brusque Colonial para a Brusque Industrial teve como fator decisivo o trabalho dos tecelões poloneses. Conhecidos como “auslandsdeutsche”, eram assim chamados pois eram alemães que estavam estabelecidos em território polonês quando imigraram para o Brasil.

Os alemães tecelões e a indústria têxtil na região de Lodz
O início da atividade fabril em Brusque deve-se a um pequeno grupo de pessoas vindas da região de Lodz.

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Os “tecelões de Lodz” foram os responsáveis pelo treinamento inicial da mão de obra orientada, até então, para o trabalho na lavoura. Esses imigrantes, geograficamente provenientes da Polônia, que era então província da Rússia, eram, na verdade, tecelões da Silésia e da Saxônia, radicados na Polônia desde o século XVIII, atraídos pelo governo russo para iniciar, na região, a atividade têxtil.

Em decorrência disso, em Lodz, Ozorkow, Zgierz e adjacências, a indústria têxtil do algodão desenvolveu-se acentuadamente. Com a adaptação dos teares manuais para engrenagens mecânicas, depois de 1853 os tecidos de Lodz entraram sempre mais em concorrência com a produção de Moscou, o que motivou, a partir de 1875, um movimento oposicionista contra as minorias alemãs.

O pan-eslavismo, que foi um movimento político e sociocultural do século XIX, estava em alta naquele tempo; o que era de origem alemã era olhado de esguelha, no império dos czares.

As autoridades russas, por si impotentes contra a minoria alemã que era laboriosa e industrialmente ativa, conceberam o plano de contrapor-lhes os judeus, processo que surtiu o efeito desejado.

Com as manobras da praxe comercial, recomendada por Aschkenasim, a situação dos alemães da região de Lodz foi piorando de maneira tal, levando-as a emigrar a partir de 1880.

Guabiruba: a terra do tecelão
Em agosto de 1869 algumas famílias polacas já haviam se estabelecido em Brusque, o que, anos depois, rendeu à cidade o título de “Berço da Imigração Polonesa no Brasil”.

Mas os que efetivamente contribuíram para a industrialização do Vale do Itajaí-Mirim foram os que chegaram aqui entre 1889 e 1896. A maioria desses imigrantes foi instalada no interior de Brusque que, por aquele tempo, ainda englobava as cidades de Botuverá, Guabiruba, Presidente Nereu e Vidal Ramos, sendo que Guabiruba é considerada oficialmente “A terra do tecelão”.

De acordo com Dirschnabel (2019), muitos tecelões de Lodz se instalaram na linha Sternthal, conhecida como Guabiruba Norte Alta, atual Sibéria e Russland, no bairro Aymoré, em Guabiruba. Dentre eles, encontramos as famílias Jackowsky, Petermann, Tiezmann, Kreibisch, Haacke, Schaffel, Franz e Schlösser.

Estes imigrantes estavam habituados ao trabalho na indústria e não se adaptaram bem ao trabalho na roça. Passaram a tecer em suas próprias casas, em teares simples de madeira, construídos pelos próprios tecelões.

Descendentes diretos do imigrante polonês Thomaz Oziemowski ainda são encontrados na Rua Gruenerwinkel, em Guabiruba. As famílias Hartke, Wilke e Jescke, também mestres na arte da tecelagem, se instalaram em outras regiões de Brusque.

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O início da indústria têxtil em Brusque
Querendo transformar o caráter artesanal e doméstico de seu trabalho, os tecelões procuraram empreendedores bem-sucedidos para que constituíssem uma fábrica.

A primeira tentativa foi uma iniciativa do alemão João Bauer que havia se estabelecido com a família na região de Guabiruba e depois mudou para Brusque onde, em 1890, fez a primeira experiência de indústria de fiação e tecelagem, porém a iniciativa não prosperou. Em 1892, Carlos Renaux inaugurou a fábrica de tecidos que viria a consolidar a indústria têxtil no Vale do Itajaí-Mirim.

Continua na próxima semana.

Fonte: DIRSCHNABEL, Roque Luiz. Advogado e escritor, reside em Guabiruba. É pesquisador da história de Guabiruba.

 

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