Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque – Parte III

Rosemari Glatz

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A indústria têxtil em Brusque – Parte III

Rosemari Glatz

Carlos Renaux, emigrado da Alemanha em 1882, depois de uma rápida passagem por Blumenau, em 1884 se estabeleceu em Brusque.

O jovem negociante adotou e fez adotar no comércio das vendas da pequena praça, princípios até então desconhecidos. Ele acabou com o sistema de troca entre colonos e vendeiros, único então em uso, adotando para grande parte de suas transações a base da moeda corrente.

A venda de Carlos Renaux foi aumentando cada vez mais a afluência da freguesia, de sorte que, em poucos anos, já havia conseguido os recursos que o habilitaram a estudar a proposta submetida pelos “tecelões de Lodz” que aqui chegaram a partir de 1889: fundar uma fábrica de tecidos.

1892: Surge a Fábrica de Tecidos Renaux
Se a venda por si não dispunha de bastante capital, em compensação seu proprietário gozava do crédito pessoal que tinha de negociantes ricos, e assim, em 1892, Carlos Renaux instalou, sob sua firma individual, uma pequena fábrica de tecidos.

Eram seus sócios Paul Hoepcke, irmão de Karl Hoepcke, o fundador da conhecida firma comercial, e August Klapoth. Um e outro retiraram-se, mais tarde, da empresa.

Na estrada dos Pomeranos (atual Primeiro de Maio), Renaux adquiriu um terreno, o mesmo onde hoje ainda se encontra a antiga fábrica. Não demorou a compra de 30 teares usados e antiquados, na Inglaterra, metrópole da indústria têxtil, os quais foram embarcados num vapor para serem transportados para o Brasil.

O início difícil
A princípio, tudo parecia falhar. A chegada das máquinas a Itajaí coincidiu com a revolta contra Floriano Peixoto, ficando paralisada toda a vida econômica e os serviços de transportes do país.

Os teares, que naquele momento já se achavam no caminho de Itajaí para Brusque, ficaram algum tempo abandonados no campo, ao ar livre, expostos às inclemências da chuva e do sol.

Mal estavam montadas as máquinas, quando surgiram as dificuldades do início, com maior evidência. Não eram somente os problemas puramente técnicos que criavam dificuldades. Havia falta de operários práticos, na colônia.

Os tecelões de Lodz tiveram que fazer um esforço especial para encaminhar para o trabalho na tecelagem os homens acostumados aos trabalhos da lavoura. O maquinário era incompleto, certos processos maquinais tinham que ser substituídos de maneira primitiva, por operações manuais. Os fios vinham tingidos da Europa. A importação representava já por si um ônus bastante gravoso para o custo dos produtos.

Os primeiros tecidos
No início a Fábrica de Tecidos Renaux produzia somente artigos simples, de acordo com as instalações imperfeitas. Eram os chamados “suíços” que compreendiam o algodão xadrez vermelho e branco e os riscados para camisas e calças para homens, destinados ao consumo das colônias.

Essa espécie de fabricados também era, talvez, a única que poderia ser vendida, na praça, com alguma probabilidade de êxito. Os colonos não podiam deixar de comprá-la, e, em comparação à concorrência estrangeira, o artigo fabricado na praça levava vantagem tanto pelo gosto do comprador, como pela utilidade prática do tecido, particularidades estas que os fabricantes do lugar conheciam melhor do que os do estrangeiro.

Como, porém, os produtos têxteis produzidos em Brusque não podiam concorrer com os preços baixos do artigo estrangeiro, Renaux muitas vezes precisou mandar vender seus tecidos nas próprias zonas rurais por empregados que iam com suas carroças de lote em lote, oferecendo-os a preços compensadores aos colonos que desconheciam os preços do mercado.

Devido às dificuldades de venda, frequentemente a fábrica ficava parada, às vezes, durante semanas, o que dificultava a conservação de uma turma de operários experimentados.

Continua na próxima semana.

Fonte: BUGGENHAGEN, E. A. von. História Econômica no Município de Brusque e a obra do Cônsul Carlos Renaux. [SI]. Brusque, 1941. Não publicado.

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