Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque – Parte IX: Schlösser

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

A indústria têxtil em Brusque – Parte IX: Schlösser

Rosemari Glatz

A família Schlösser é originária de Rothenburg, na Silésia e se dedicava ao ramo têxtil como fabricantes de tecidos de lã. Fazia parte dos chamados “auslandsdeutsche”, assim chamados os imigrantes alemães que estavam estabelecidos em território polonês.

Geograficamente, a família de Gustav Schlösser veio da Polônia, que, naquela época, era província da Rússia. Eles faziam parte de um grupo de tecelões da Silésia que haviam sido atraídos pelo governo russo para iniciar a atividade têxtil em Lodz, Ozorków, Zgierz e adjacências, e estavam lá radicados desde o final do século XVIII. Em 1860, quando Gustav Schlösser (fundador da Gustav Schlösser & Filhos) nasceu, Zgierz tinha uma população de 12.000 habitantes dos quais 1/3 eram alemães.

Um pouco sobre Zgierz, terra natal de Gustav Schlösser
Em 1860 havia, em Zgierz, 116 fabricantes de tecidos de lã e 32 de tecidos de algodão. Existiam cinco fiações de lã e algodão, e várias tinturarias. Nesta época foram instaladas as primeiras tecelagens com teares mecânicos importados da Inglaterra e Bélgica, provocando uma revolução na indústria têxtil.

Zgierz é vizinha de Lodz e, no ano de 1888, as fábricas Scheibler, de Lodz, um gigante no contexto mundial das indústrias têxteis, possuíam 230.953 fusos, 10.954 retorcedeiras e 3.664 teares na fiação de algodão.

Linha cronológica dos Schlösser que emigraram para o Brasil

1885: Gustav Schlösser se casa com Nathalie, da família Starnell. Nathalie nasceu em 1862, em Unikaw, Polônia, e foi batizada em Wielum – Polônia. Seu pai era moleiro, mas faleceu cedo.

Em 1890, seguindo a tradição da família, Gustav Schlösser começa a se aperfeiçoar na área têxtil. Ingressou no grupo especial da tecelagem da Escola Estadual da Indústria na Monarquia Austro-Húngara em Bielsko (Bielitz) – escola técnica têxtil, no Sul da Polônia, que então estava sob o domínio da Áustria. Em 1891, ele se formou técnico têxtil, e então retornou para Zgierz.

1895: Gustav e Nathalie Schlösser decidem emigrar para o Brasil. Eles já tinham quatro filhos, dos quais três deles nasceram em Zgierz e o último nasceu em Lodz. Gustav tomou conhecimento das oportunidades de trabalho por intermédio de um agente que contratava gente especializada, como técnicos e tecelões, para atuar no desenvolvimento da indústria têxtil do vale do Itajaí-Mirim e do Itajaí-Açu.

A chegada dos Schlösser em Brusque
Gustav Schlösser e Nathalie Starnell Schlösser saíram de Lodz, na Polônia, no dia 08/12/1895 e, em Hamburgo, Alemanha, embarcaram no navio “Paraguassu” no dia 19/12/1895.  Chegaram ao Rio de Janeiro no dia 13/01/1896, e a Brusque no dia 02/02/1896. Acompanhavam-no sua esposa Natália e quatro filhos menores.

Após a chegada a Brusque, moraram no bairro Águas Claras. De 1898 a 1902 a família morou na localidade do Cedro (hoje bairro Dom Joaquim), onde Gustav Schlösser foi professor na Escola Evangélica Luterana do Cedro.

Depois se mudaram para o centro de Brusque. Nathalie e Gustav tiveram sete filhos, sendo que três deles, Hugo, Adolph e Carl, nasceram em Zgierz. O filho Robert nasceu em Lodz, e os outros três, Richard, Olga Anna e Otto, nasceram em Brusque.

E assim inicia a história de Gustav Schlösser no Brasil. Um tecelão de Lodz, Polônia, contratado como técnico têxtil na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Dotado de extraordinários conhecimentos de sua arte, Gustav orientava a fabricação de teares de madeira, alguns dos quais funcionaram até o final do século XX.

Em muitas ocasiões difíceis na nova indústria, principalmente no setor técnico, era ele que conseguia contornar e resolver as situações. Gustav trabalhou na Fábrica Renaux durante cerca de 15 anos, quando saiu para fundar a Gustav Schlösser & Filhos.

Continua na próxima semana.

Fonte: Documentos sobre a origem da família fornecidos por Marcus Schlösser à autora.

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