Inverno 2025: frio e geada?
O inverno começou na última sexta-feira. Cumprindo a prescrição do catecismo astronômico, exatamente às 23h42. E, não deixou de mostrar serviço. Desde o dia chuvoso desta última segunda-feira, estamos enfrentando as noites e os dias mais frios deste ano. Ontem, já tivemos uma gélida manhã, daquelas em que a gente conta dez vezes e repete mais ou duas para sentir coragem de sair debaixo das cobertas.
Tudo por conta de uma massa de ar polar, que veio de longe, muito longe, das lonjuras do Polo Sul, nas asas geladas e velozes do seu mensageiro do frio, o vento sul, que os gaúchos chamam de minuano. Em Brusque — neste vale tranquilo, entre os montes e o rio escondida — nem sempre nos chega esse vento austral do frio. Mas, na madrugada e manhã de ontem passou voando; assobiando nas frestas das janelas; zunindo nas gretas dos telhados; balançando árvores e fazendo tremer as folhas amarelas até despencarem dos seus ramos para completar o trabalho iniciado pela sua estação-irmã, o outono.
Segundo a meteorologia, hoje será ainda mais frio, com possibilidade até de geada. Acho difícil. Parece-me que este fenômeno climático já foi mais comum em nossa região. Digo isso porque Schnéeburg registrou que, em agosto de 1862, os brusquenses foram castigados com temperaturas tão baixas que, por alguns dias seguidos, o território da Colônia teria ficado coberto de geada. Toda a lavoura foi destruída pelo frio intenso.
Num momento em que a vida colonial estava apenas começando, os brusquenses perderam a sua pequena fonte de alimentação e de renda. Foi uma tragédia para os infelizes colonos que viviam do trabalho agrícola.
Dos meus tempos de guri em Tijucas, a lembrança que guardo é de invernos com geada. Já, dos meus cinquenta invernos em Brusque, lembro-me vagamente de algumas poucas manhãs de geada no quintal da minha casa.
Pessoalmente, não tenho preferência por uma estação do ano. Só não gosto, é claro, das temperaturas extremas. Na verdade, penso que ninguém gosta de muito calor, daquele de nos deixar indolentes, apáticos ou de frio de tremer e bater queixos.
A verdade é que a virtude e o bem nunca estão nos extremos. Assim como na política, o extremismo tem sido nocivo à vida social, também as temperaturas extremas não são agradáveis e não fazem bem a ninguém.