ilustração eduardaPreciso, com urgência, falar sobre expectativas.

Não sei se vocês já pararam pra pensar sobre o quanto este é um assunto complicado. A maioria de nós está tão acostumada com elas que nem para mais pra prestar atenção. Elas estão sempre ali, quer queira, quer não!

A expectativa deve ser um bicho meio mutante, pois ela consegue focar e trabalhar ao mesmo tempo com dois opostos. Eu e o Outro.

Deixe-me explicar melhor. Quando crio expectativas a respeito de alguém, eu espero que a pessoa corresponda, caso contrário, fico chateada com a pessoa, como se ela tivesse más intenções comigo, não é mesmo? Exemplo clássico de um namoro novo: eu conheço uma pessoa que parece incrível, culta, divertida, tudo a ver comigo. É tão boa gente, certamente é fiel. Mesmo que a pessoa não prometa nada, minha expectativa me leva a crer que essa pessoa será fiel, correto? Se ela me trair minha reação primeira é ficar decepcionada – com ela.

Mas como posso me decepcionar com a OUTRA pessoa, se quem criou as expectativas fui EU?

Estou sempre exercitando minhas noções de respeito e empatia, e sei bem que conviver é gerar e nutrir expectativas – e sempre que isso acontece, é certeza de confusão!

Vejam bem, se essa bichinha é algo que EU crio a respeito do outro, ela não tem nenhuma ligação lógica com o outro. Quem associa as duas coisas sou eu. A expectativa é toda minha, e é no mínimo irracional querer cobra-la de alguém que não se envolveu em sua criação. Não posso esperar que o outro supra ou entenda, pois ela é tão somente minha quanto meu próprio corpo.

O mesmo vale para as expectativas que o outro cria sobre mim: eu não tenho nada a ver com elas.

A moral de toda essa confusão é que o mesmo vale para sentimentos, minha gente! Querer que alguém entenda ou retribua de forma idêntica sentimentos (e expectativas!), que são meus, é quase como pedir que a população de todo estado de Santa Catarina consiga morar em Brusque sem que haja superlotação.

Por isso me volto ao respeito. Ele é nossa tábua de salvação em meio ao tsunami de maus entendidos que é a vida em convivência. Na dúvida, respeite que o outro é OUTRO, diferente de mim, e que suas ações, tal como as minhas, são únicas e dignas de quê? Respeito.

 

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Eduarda Paz Padoin – psicóloga