Jade Baraldo fala próximos passos na carreira e comenta dificuldades como artista independente

Cantora brusquense lançou em março seu terceiro videoclipe e pretende lançar álbum de estreia ainda este ano

Jade Baraldo fala próximos passos na carreira e comenta dificuldades como artista independente

Cantora brusquense lançou em março seu terceiro videoclipe e pretende lançar álbum de estreia ainda este ano

Quase um ano depois do sucesso com “Brasa”, a cantora brusquense Jade Baraldo lançou, no fim de março, seu terceiro single e videoclipe, a música “Nem o Mar (Pôde Levar)”. Aos 19 anos, ela está produzindo – de forma independente – seu álbum de estreia, que deve ser lançado ainda este ano.

Sem contrato com gravadora, a cantora e seu produtor, Damien Seth, são os responsáveis pela produção e divulgação dos trabalhos. A principal dificuldade que encontra, por ter optado pela produção independente, é a gravação de produtos audiovisuais – sobre a produção de “Nem o Mar”, Jade conta que até sua mãe colaborou nas gravações.

“É muito caro. Quem trabalha com audiovisual está acostumado com valores muito altos, e também é difícil encontrar alguém que realmente abrace o seu projeto”, diz. “Mas agora já foi editado, lançado, e tá aí”, ri. O clipe tem mais de 715 mil visualizações no YouTube.

Desde que iniciou sua carreira, Jade lançou três singles, que estão disponíveis em plataformas de streaming, como Deezer e Spotify. “Isso é muito tranquilo, qualquer pessoa consegue colocar música lá. O mais difícil é promover, lançar em audiovisual.”

Na última sexta-feira, 13, Jade lançou no Spotify o “A Dream EP”, pequeno álbum com quatro músicas – versões em voz e piano de seus dois primeiros singles, “Brasa” e “Vou Passar”, e dois covers. A atmosfera mágica do EP inclui uma versão de “A Dream Is A Wish Your Heart Makes”, da trilha sonora da animação Cinderela (1950).

“A Dream EP” foi lançado no Spotify na última sexta-feira, 13. | Foto: Jade Baraldo/Reprodução

O próximo passo na carreira é o lançamento de um novo single e também de seu álbum de estreia, que deve ser disponibilizado entre julho e agosto deste ano. A cantora já tem shows marcados em Goiânia e Fortaleza e, após o lançamento do álbum, pretende sair em turnê – que, segundo ela, “com certeza vai passar por Brusque”.

“Eu devo ir para Florianópolis ou Blumenau primeiro, que são cidades que têm mais público, por serem maiores. Mas com certeza vou a Brusque e, se não pela turnê, vou para ver meus amigos e minha família.”

Personalidade forte
Com um estilo que é muito próprio, Jade se identifica e se denomina uma artista pop. Mas ela também tem muitas influências na música popular brasileira. Influências essas que, aliás, vêm de casa: os pais da cantora tiveram um duo voz e violão – o pai violonista, a mãe, cantora – que tocava Brasil afora.

Foi por causa desse viés musical dos pais que Jade saiu de Brusque ainda bebê, com poucos meses. Os pais tiveram uma oportunidade de ir para o Rio de Janeiro, e a família se mudou para lá, onde Jade morou até os sete anos. “Minha mãe falou ‘tchau e beijo’ pra família e se mandou pro Rio com meu pai para fazer música. A família não gostou muito, ela largou a faculdade, mas aí nós fomos para lá.”

Ela conta que, algumas vezes, acompanhava os pais quando tocavam em bares. Como a música sempre fez parte de sua vida, Jade nem mesmo se lembra quando começou a cantar. “Sinceramente, não me lembro! Eu era muito pequenininha, escutava meus pais ensaiando em casa e, por isso, sempre tive muitas influências na música. E de música boa mesmo.”

O gosto musical de Jade, ela diz, é muito parecido com o da mãe, que gosta de “pop alternativo e rock”. Já o pai lhe apresentou a MPB. “Eu gosto muito da Lady Gaga, acho que ela é incrível. Elis Regina também, é uma das vozes mais maravilhosas que já se teve no mundo. Tem tanta gente… Gosto também da Amy Winehouse. Meus ícones são pessoas com personalidades fortes, elas me representam.”

Com a separação dos pais, Jade voltou com a mãe para Santa Catarina, onde morou por dez anos, antes de voltar para o Rio de Janeiro, em 2016. Em Brusque, ela cantava nas praças e fazia vídeos cantando covers de cantoras como Lana Del Rey.

A personalidade forte da cantora transparece muito em seu trabalho, seja nas letras ou nos vídeos. “Eu venho de uma cidade que não é muito grande, todo mundo se conhece. Mas nem por isso tenho medo do que vão falar, do que vão pensar de mim. Sempre gostei de encarar as pessoas, fazer com que pensem duas vezes”, diz.

Para Jade, isso é, inclusive, uma questão importante quando se é artista. “O trabalho do artista não é apenas fazer música – ou qualquer outra forma de arte – de boa qualidade, mas também chamar a atenção. Se o artista não chamar a atenção, ninguém nunca vai conhecer seu trabalho.”

Outro aspecto que transparece no trabalho de Jade é sua relação com seu corpo e a própria sensualidade. A cantora explora muito essa questão em suas letras ousadas – o refrão de “Brasa”, seu primeiro single, é um exemplo, em que ela canta com malícia os versos “Vadia, louca, depravada” – e em seus videoclipes, que possuem uma linguagem estética característica, visto que a própria Jade está diretamente envolvida em diversas etapas da produção, como figurino, maquiagem e até mesmo na direção das cenas.

“Isso nunca foi programado, é uma coisa minha, essa questão da sensualidade. Como já tinha isso comigo, eu quis lutar com as armas que eu tinha”, diz. “Mas minha relação com meu corpo é ótima, acho que estou na minha melhor fase.”

A cantora pontua que muitos artistas, tanto homens quanto mulheres, também mostram seus corpos e exploram sua sexualidade em seus trabalhos – e nem por isso são lembrados apenas por essa questão. “Se eu quiser ser sensual hoje, mas amanhã quiser criar uma personagem mais ‘machinho’, e daí? Quem me conhece sabe quem eu sou, e eu só transpareço isso”, afirma.

Produção independente
Para Jade, ter se mudado para o Rio de Janeiro em 2016, aos 17 anos, abriu muitas portas em sua carreira. “Morar numa cidade grande, onde a cultura musical acontece… Facilita muito as coisas”, diz.

Depois de participar do reality show musical The Voice Brasil, da Rede Globo, em 2016, Jade acredita que muito em sua visão profissional mudou e aumentou. “O programa expande horizontes. Não é que ele te proporciona coisas, é só um estágio – e muitos artistas, infelizmente, não percebem isso”, diz. Para ela, o programa permitiu fazer amigos, formar uma “panelinha” de artistas, músicos, produtores.

Após deixar o programa, em que chegou a ser semifinalista, Jade foi em busca de produtores que topassem produzir algo num teor mais pop e trap, uma vertente do eletrônico. “Um amigo me indicou o Damien [Seth, do Studio Contra, no Rio de Janeiro], que hoje é meu produtor e fez as três músicas que eu lancei. Na época ele morava em Santa Teresa, e foi lá que a gente começou a fazer ‘Brasa’.”

Cena do clipe de “Brasa”, em que Jade participou da direção e foi responsável pela montagem, edição, maquiagem e figurino. | Foto: Reprodução

Essa música, primeiro single lançado pela cantora, foi composta enquanto ela ainda estava no programa. Com a música já produzida, a gravadora com quem Jade estava negociando não quis lançar a música como single de estreia. “Foi aí que eu dei um basta e decidi seguir como artista independente, tomando minhas próprias decisões. Mas é um caminho duro.”

“Tive que me desvencilhar de várias coisas para conseguir meu espaço”, afirma. “Hoje, estou produzindo com Scoop Deville [produtor americano, nome por trás dos rappers Kendrick Lamar, Snoop Dogg e 50 Cent], preparando colaborações com muitos artistas bons aqui do Brasil. Tem muita coisa acontecendo, e nada disso tem a ver com o programa.”

A cantora lamenta a falta de incentivo aos artistas, em boa parte muito por parte das cidades – grandes e pequenas -, que não investem em programação cultural e que permitem que esse âmbito decaia cada vez mais. “Muitas pessoas ainda pensam que cantar não é um trabalho. Mas música é muito importante, é algo que a gente precisa, uma necessidade humana”, afirma. “É como precisar de contato com a natureza depois de ficar muito cansado ou estressado com o trabalho. É instintivo.”

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