Ano Novo: Feliz 2022
Como sempre, em matéria de estatística oficial, as autoridades de Balneário Camboriú erraram feio ao anunciar dois milhões de veranistas, vindos de longe ou de perto para a espetacular virada 2021/2022. O número de 600 mil veranistas, segundo a PM, ficou longe da exagerada previsão oficial. Mesmo assim, como em outros verões, não se pode […]
Como sempre, em matéria de estatística oficial, as autoridades de Balneário Camboriú erraram feio ao anunciar dois milhões de veranistas, vindos de longe ou de perto para a espetacular virada 2021/2022. O número de 600 mil veranistas, segundo a PM, ficou longe da exagerada previsão oficial. Mesmo assim, como em outros verões, não se pode negar que uma multidão ocupou parte da agora alargada praia central da Dubai brasileira.
O último dia do ano de 2021 amanheceu como a querer estragar a festa. Embrumado e chuvoso, assim permaneceu até as cinco da tarde. Então, o tempo atendeu às profanas preces dos veranistas. Para a alegria dessa gente disposta ao prazer lúdico e à ociosidade sem hora para acabar, o sol amigo brilhou em meio a um céu azulado. E uma procissão, que só terminaria nos últimos minutos do ano, rumou para ocupar parte praia, do Pontal Norte à Barra Sul.
Vista de cima, a praia semelhava a um acampamento de refugiados. Não de gente sofrida fugindo de uma guerra ou de uma calamidade da natureza, mas de milhares de nativos e turistas, essas aves de arribação vindas dos cantos mais distantes deste festivo país. Ali estavam a curtir suas férias e, certamente, a fugir por alguns dias das suas labutas e dos seus problemas cotidianos.
Era uma selva de barracas, ombrelones, cadeiras e de caixas térmicas abarrotadas de cerveja, a bebida preferida porque na praia cachaça não fica bem. Espumante, cada vez mais popular, também não poderia faltar para o brinde ao último suspiro do ano a terminar e aos primeiros momentos da euforia por um novo tempo a ser vivenciado. Afinal, festa de final de ano é euforia movida a bebida alcóolica até o ano seguinte.
Finalmente, o tão esperado momento da virada, esse átimo temporal que marca o final de um ano acabado e que, no mesmo instante, anuncia o começo de um novo tempo a ser vivido. Em coro, milhares de vozes ecoaram pela praia inteira para a contagem regressiva do Novo Ano. Abraços e votos de paz, felicidade e saúde, ficaram para depois. Os tradicionais votos de um Feliz 2022 ficaram por conta da Grande Roda. Afinal, publicidade é a alma do negócio.
Então, os milhares de olhos se voltaram para o show pirotécnico que logo se desenhou, a fogo e a cores, acima das ondas que lentamente deslizavam em direção à areia da praia. Houve falha na sincronização. No Pontal Norte, o show atrasou mais de 10 minutos. Mas, ninguém notou e todos aplaudiram. E, nesse momento mágico, as cucas já inebriadas pelo efeito euforizante do álcool se encheram de ilusão e fantasia, diante do pipocar do foguetório que projetou uma multicolorida e luminosa chuva a flutuar por breves instantes na infinita escuridão do grande e infinito ciclorama oceânico que contorna a orla da praia.
Por 20 minutos, a esperança de dias de paz, a utopia de uma vida de felicidade e sonhos infinitos povoaram as milhares de mentes daquela gente, veranistas pé-na-areia. Enquanto isso, do alto das sacadas e janelas envidraçadas, a elite praiana certamente só desejou continuar sua boa vida de conforto e bem-estar social.