João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

A bela exposição do pintor dos cafezais

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

A bela exposição do pintor dos cafezais

João José Leal

“Entre o sonho e o cafezal, entre guerra e paz, entre mártires, ofendidos, músicos, jangadas, pandorgas, nada resiste à mão pintora”.

Os versos da epígrafe acima são parte do belo poema que Carlos Drummond de Andrade escreveu para homenagear o pintor Cândido Portinari, falecido em 1962. Um dos maiores artistas plásticos brasileiros, ao longo de sua carreira, Portinari produziu uma magnífica obra artístico-visual. Suas belíssimas pinturas em telas encontram-se, hoje, penduradas nas paredes de museus e integram as melhores coleções particulares do mundo inteiro.

Muitos também e de grande beleza plástica, foram os seus painéis e murais, grandiosas obras que podem ser vistas nas paredes dos palácios Itamaraty, em Brasília e Capanema, no Rio de Janeiro; da igreja da Pampulha, de Belo Horizonte; da Biblioteca de Washington e de muitos outros prédios abertos à visitação pública.

O imponente mural Guerra e Paz que se encontra na sede da ONU é seguramente uma das obras mais representativas da universalidade da sua obra, não só pela grandiosa dimensão e indiscutível beleza plástica. Mas, principalmente, pelo simbolismo de ser uma obra pertencente ao patrimônio de todos os povos do mundo. Sua obra ganhou o mundo para consagrar Portinari como um artista plástico verdadeiramente universal.

A meu ver, a grandeza da sua obra pictórica decorre do seu compromisso com a temática social. Basta contemplar as pinturas que retratam os trabalhadores dos cafezais, gente humilde se sacrificando de suar a camisa para plantar, colher e carregar sobre a cabeça pesadas sacas de café, ouro negro a fazer a fortuna dos fazendeiros paulistas da época.

Penso que esse conjunto de telas, pintadas num tom marrom-escuro, a cor do café, revela bem a sua preocupação com o social, com o povo sofrido e pode ser considerado como o que há de mais belo na obra portinariana. Para o pintor nascido na pequena Brodosqui, os pintores clássicos só tiveram tintas e pincéis para retratar anjos, santos, igrejas e gente da nobreza.. Porém, mudar era preciso porque “não existe nenhuma grande obra de arte que não tenha ligação com o povo”.

Para quem gosta de arte, vale a pena visitar a exposição “Portinari para Todos”, que está acontecendo em São Paulo. A mostra foge ao tradicional para mergulhar no mundo extraordinário da tecnologia eletrônica, da informática e da comunicação virtual. Ali, belas e monumentais pinturas portinarianas não estão penduradas em paredes. Mas, transformadas em imagens virtuais que se renovam em metamorfose constante, sua monumental obra desfila nas telas de grandiosos painéis ao redor do imenso salão para formar um belíssimo e impactante caleidoscópio de belíssimas figuras e cores.

Portinari disse uma vez que a “pintura que não fala ao coração não é arte”. E eu posso dizer que a beleza de sua majestosa obra pictórica irradia sentimentos que só podem fazer bem ao coração.

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