João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas praianas, cobertura milionária

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas praianas, cobertura milionária

João José Leal

 

Os dois condôminos do Alvorada do Atlântico estão conversando no saguão do prédio. Mais extrovertido e falante, João Carlos parece saber de tudo que ocorre em BCamboriú. Então, disse ao outro, Vilson Vieira, que fala pouco e escuta pacientemente: 

– Soube que a cobertura do Dubai’s Tower foi vendida por 25 milhões de reais. Foi comprada pelo Luciano. Para a construtora, isso dá Ibope e ajuda a vender as outras unidades.

– O Luciano Hang, da Havan? Perguntou Vilson.

– Não, claro que não. O Hang só se preocupa com a construção de novas lojas. Já tem mais de 160 lojas. Ele é esperto. Veste aquela fantasia verde-amarelo de papagaio patriota e se posta nas redes sociais a fazer um comercial esperto das suas lojas. Resultado, economiza despesa com garoto-propaganda da Globo, que custa caro e ainda fica bem na foto com presidente Bolsonaro.

– Alguém me disse que a meta do Luciano é chegar logo a 200 lojas. Vai comprar muita briga com prefeitos, vereadores, com Ibama e institutos ambientais. Vai se incomodar muito com a burocracia. Não basta aquele maluco, um tal de Olavo de Carvalho, chamá-lo de papagaio e de palhaço. Pior, acusou o Luciano de ser um dos responsáveis pela crise brasileira. O homem se acha tão poderoso que chamou Bolsonaro e os generais do governo de covardes. E, ainda, ameaçou derrubar Bolsonaro da presidência.

– Quem é esse Olavo de Carvalho? Nunca ouvi falar desse nome.

– Vive nos Estados Unidos. É o guru, o conselheiro político do presidente Bolsonaro e dos seus filhos, também. Lá da América, o Olavo fala uma porção de absurdos e palavrões, diz  que o Brasil não tem jeito e que a única alternativa é um golpe de Estado. E a família presidencial fica toda entusiasmada. Agora, parece que a coisa vai azedar entre eles. Quero ver se o Capitão engole a pecha de frouxo. 

– Olha só. Parece que o Luciano gostou de ser chamado de papagaio palhaço pelo desbocado “professor Olavo”. Até gravou um vídeo dizendo que o professor tem razão e que é preciso ajudá-lo na sua cruzada ideológica. Na verdade, o Luciano só pensa na sua rede de lojas. Não se importa com o que dizem dele. Até o Lula o chamou de “Zé Louro” e ele diz que podem falar à vontade que ele não está nem aí. Com 200 lojas espalhadas por este Brasil a fora, parece que ele quer, mesmo, ser conhecido como o Rei da Liberdade. 

– Como, Rei da Liberdade?

– Ora, serão 200 estátuas da liberdade na frente de cada loja. Não sei por que ele foi copiar o modelo da estátua de Nova Iorque. É verdade que o brasileiro gosta de liberdade. Mas, quem é que não gosta? Todos os povos gostam de liberdade. Para mim, essa estátua não tem nada a ver com o nosso país, nem com Brusque, a sede da empresa dele.  

Vilson, já meio entediado, perguntou antes que o amigo falante continuasse a falar sobre o louro empresário brusquense:

– Se não foi o Hang, então, quem é esse Luciano, que tem tanto dinheiro? 

– Ora, me disseram que foi o Luciano Huck, que tem dinheiro que não acaba mais. 

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